Eu já imaginava que chegaria atrasada no meu primeiro dia na escola, mas, mesmo assim, durante o trajeto de ônibus, fiquei super nervosa porque parecia que nunca chegava à UFC. Ainda teria que pegar outro ônibus, que para em frente à escola. Para completar, demorei alguns minutos para conseguir entrar, pois não achava a entrada. Um sufoco! Mas, ao chegar, senti até um alívio ao perceber que não era só eu que havia chegado um pouco mais tarde.
Logo ao entrar, achei a área externa até que com um bom espaço e imaginei que as salas também seriam assim. Mas, ao entrar, tive uma quebra de expectativa instantânea, pois nem consegui entrar de uma vez — a sala era tão pequena que havia uma mochila e uma cadeira em frente à porta, impedindo a passagem. Sem falar nas cadeiras e mesas minúsculas. Depois, a professora explicou que, pela manhã, a sala é usada pelo Infantil IV, por isso havia essa mistura entre móveis adequados e outros bem pequenos.
Assim que cheguei, notei a Larisse ajudando um garoto com TEA, o Theo. Ao observar a atividade dele, logo percebi que era totalmente diferente da dos demais alunos. Enquanto todos faziam uma lista de palavras com a letra "J", ele estava pintando o número sete (não ironicamente). Quando a Larisse tentou incentivar um pouco da sua autonomia, pedindo que fizesse uma parte da atividade sozinho, ele ficou um pouco agitado e disse que "não sabia", pedindo ajuda para que segurassem sua mão na hora de escrever.
A turma também estava aprendendo a letra cursiva, o que me fez pensar: "O que será de mim como professora?", pois minha letra cursiva é horrível e acho que até já desaprendi a escrevê-la. Outro ponto que notei foi a obrigatoriedade de escrever a agenda. Entendo que sim, é necessário para que as crianças compreendam a rotina e saibam o que farão ao longo do dia. Mas fico pensando: será que é realmente necessário escrever tudo? Por que não apenas a atividade de casa? Em alguns casos, vi crianças que quase não participaram da atividade de classe e mal tiveram recreio, porque precisavam terminar de copiar a agenda.
Uma situação um pouco chata aconteceu durante o recreio: um dos alunos aparentemente fez xixi na roupa e estava constantemente acusando outros colegas de terem feito isso com ele. Isso é totalmente compreensível, afinal, ele provavelmente estava com vergonha da situação. Ao meu ver, a professora poderia ter conversado com ele em particular para tentar entender o ocorrido, mas, em vez disso, perguntou sobre o assunto na frente de toda a turma, o que o envergonhou ainda mais.
Por fim, a última atividade foi a leitura do livro A Casa dos Animais. Foi uma leitura bem divertida. A professora deu espaço para os alunos fazerem comentários e observações, como o Vicente, que sempre destaca o Rio Grande do Sul por ser gaúcho e ter se mudado para o Ceará. Para encerrar este relatório, deixo aqui uma frase inspiradora dele:
"Quando eu me aposentar, vou morar nos Estados Unidos."
— Vicente, 7 anos.
(Se você está ansioso, Vicente, imagine então eu!)
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