quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

PRÊMIO "MELHORES DO SEMESTRE" (Didaticx 17 final)

Neste texto, uso a letra "i" como recurso de linguagem neutra.

Último didaticx, última aula.

Na roda de sentimentos, costumo perguntar:

— Qual o seu sentimento no início do semestre, na primeira aula, e qual o seu sentimento agora, no final do semestre, na última aula?

E você, leitori? Qual o seu sentimento ao ler o primeiro didaticx? E qual o seu sentimento agora ao ler o último?

No início, eu me sentia empolgado. Agora me sinto ao mesmo tempo cansado e realizado numa espécie de saudade aliviada.

Esse tempo de quatro meses, 16 ou 17 aulas, é a medida exata para um envolvimento intenso como é para mim ensinar. Se fosse mais tempo, eu ficaria muito esgotado. O recesso ou as férias, de um mês ou dois, é tudo que preciso para voltar com disposição renovada.

*

Depois da roda de sentimentos, geralmente ensino e cantamos juntos uma canção que compus em 1995 e que sempre sinto atual ao final de cada semestre...

HORA DE DORMIR

Já é hora de dormir
e eu vou cantar
pro amor que eu encontrei
sem procurar.
Pois a vida é mesmo assim,
é o que é:
trouxe você(s)
de presente para mim.

Se quiser ouvir a melodia, está neste link: https://drive.google.com/file/d/1iOQjN1pkq1bFMewLppekgG37R63zngOI/view?usp=sharing

Mis alunis são amores que a vida traz de presente para mim sem que eu procure especificamente por cada umi delis.

*

À semelhança do memorial (que descrevi no Didaticx 07), peço para is alunis escreverem uma memória do semestre. A solicitação é mais ou menos assim...

Escrever um memorial de pelo menos 6000 palavras do semestre e enviar arquivo .doc, .odt ou .rtf para o e-mail eduardoARROBApatio.com.br com o assunto "Memorial TURMA TAL" até DATA TAL, (valendo TANTOS pontos); 2) Trazer uma cópia impressa do memorial para a aula do dia TAL, valendo TANTOS pontos. O memorial deve ter quatro partes: 1) Uma narrativa reflexiva sobre este semestre na sua vida como um todo (família, trabalho, vida social, saúde, etc.); 2) Uma narrativa reflexiva sobre o seu semestre acadêmico (ambiente da universidade, disciplinas que cursou, coisas que aprendeu, desenvolvimento de preparação profissional, etc.); 3) Uma narrativa reflexiva sobre esta disciplina de Didática (expectativas iniciais, esperanças, resistências, relação com o professor e com colegas, coisas que queria aprender e o que conseguiu aprender de cada uma delas, metodologia da disciplina, dimensões da didática (humana, técnica e política) na disciplina, elementos do planejamento que conseguiu aprender eficientemente, compreensão a respeito das tendências pedagógicas, etc.); 4) Reflexão imaginativa sobre o seu futuro pessoal, acadêmico e profissional (como concluirá o curso, se pretende ser/continuar professor, que pessoa quer se tornar, como quer transformar o mundo, etc.)

Assim como os memoriais, também levo alguns dias lendo os textos dis alunis das várias turmas. É muito emocionante e instrutivo ver o semestre pelo olhar de cem pessoas diferentes. A ótica dis alunis me inspira a fazer alterações constantes no planejamento de semestre para semestre.

E o momento da leitura coletiva é também emocionante, com as pessoas se reconhecendo ou se surpreendendo com os relatos alheios.

*

E então chegamos ao grande momento, minha atividade preferida: o Prêmio Melhores do Semestre.

A história de como tive essa ideia é interessante e bastante representativa de meu processo criativo didático...

Em 2016, fui convidado pela minha companheira Lilu, professora do Departamento de Arquitetura, Urbanismo e Design, para presenciar uma cerimônia de premiação que algumis alunis faziam ao final de cada semestre. Numa ampla sala de aula, com a presença de estudantes e professoris, algumas categorias de premiação e as pessoas que estavam concorrendo eram apresentadas. Havia categorias mais sérias, como a melhor aula do semestre, e mais engraçadas, como o maior mico do semestre. Foi muito divertido, mas percebi alguma frustração nas pessoas concorrentes que não ganharam alguns prêmios sérios. Fiquei então com um questionamento: como premiar todas as pessoas para que todas saíssem satisfeitas da festa?

Alguns meses depois, Paulo (de quem já falei no Didaticx 07) convidou Lilu, eu, Elcimar e Luiz Botelho para darmos juntos uma disciplina chamado Espaços-tempos e Composição Humana, com uma turma mista de estudantes da graduação e da pós-graduação. Foi uma experiência incrível! Além do planejamento coletivo de cinco professoris, tínhamos também muitas atividades planejadas e executadas pelis alunis. 

Numa dessas atividades, caminhávamos ao som de uma música. Cada pessoa tinha uma caneta na mão e uma folha tamanho A4 fixada nas costas. Fazíamos pequenas paradas na caminhada ritmada para escrevermos, nas costas umis dis outris, características ou qualidades que percebíamos naquela pessoa. Ao final da música, cada pessoa retirava o papel das costas e lia as qualidades que outras pessoas haviam apontado.

Pronto! Foi só juntar uma coisa com a outra: o prêmio com suas categorias e a escrita de qualidades alheias. Ficou mais ou menos assim...

Em círculo, sentadas, cada pessoa, inclusive eu, escreve seu nome no topo de uma folha de papel. Ao  meu sinal, as folhas são passadas para a pessoa à direita. Elas escrevem, abaixo do nome da pessoa original, uma frase começando com "O(a) melhor" ou "O(a) mais", acrescentando uma característica que percebe como mais destacada naquela pessoa, que aquela pessoa tem mais do que qualquer outra pessoa na sala. Por exemplo, "A mais participativa" ou "O melhor sorriso". O processo se repete até que a folha fique vizinha à pessoa original. Recolho então todas as folhas e peço que as pessoas se levantem, caminhem um pouco pela sala e se sentem num local diferente daquele em que estavam sentadas: isso para que as pessoas não identifiquem tão facilmente quem escreveu o quê em suas folhas. Entrego então para cada pessoa a sua folha e peço que escolha um dos melhores/mais em sua folha para compartilhar com o grupo, destacando a frase de alguma maneira: sublinhando, circulando ou colorindo. Esse é o prêmio que aquela pessoa irá receber. Ela é a melhor da turma naquela categoria que ela mesma escolheu. Quando todas as pessoas escolheram, peço que passem a folha para a pessoa à sua direita, certificando-se de que essa pessoa identificou a escolha que foi feita. Pra finalizar, pego a folha que me foi dada, me levanto e faço um anúncio cerimonioso do prêmio: "E agora, para receber o prêmio de pessoa mais simpática da turma, eu chamo..." A pessoa premiada se levanta, recebe a folha e faz um breve discurso de agradecimento em aproximadamente 30 segundos. Em seguida, ela apresenta o próximo prêmio, chamando a pessoa seguinte. E assim vai até que a última pessoa apresenta o meu prêmio e me chama.

Só de lembrar dessa atividade, já fico feliz. É uma grande alegria ver cada pessoa se sentindo reconhecida por suas qualidades.

Depois disso, só fotos e abraços de despedida. E, às vezes, uns salgadinhos.

Semestre encerrado, missão cumprida.

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E você? Como costuma concluir seus semestres ou seus anos letivos?

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O que compartilhei com você nessas 17 semanas corresponde aproximadamente ao que vinha acontecendo em sala de aula antes da pandemia, com variações de turma para turma e de semestre para semestre. 

Durante o ensino remoto, fiz planejamentos bem diferentes a cada semestre que não convém contar agora. Fica para uma outra oportunidade.

De vez em quando, nesses quase 30 anos como professor, a estrutura de meus planejamentos perde o sentido para mim e para is alunis. Então é preciso mudar estruturalmente o que venho fazendo. Nesses momentos de crise, recorro sempre à memória das aulas da Luiza de Teodoro e às entrevistas em que ela deixou registrada sua forma de pensar e sentir a educação. Caso queira saber um pouco mais da Luiza, tem algumas fotos e textos neste link: https://drive.google.com/drive/folders/11jG8Ug1CaPCeCEDZS5hg79J3UEwQLu2n?usp=sharing. Luiza não foi apenas a pessoa que me fez querer ser professor em 1991, mas é a luz que continua me inspirando, dia após dia, a ter uma melhor convivência com mis alunis e com as matérias que ensino. Luiza é uma amiga sempre presente, agora espiritualmente presente. Grato, Luiza, por estar sempre por perto.

Agradeço também a você, que acompanhou toda essa série. Escrever é mais fácil quando se sabe que tem gente querida que irá ler. Se você perdeu algum episódio, pode encontrar todos neste link: https://didaticari.blogspot.com/search/label/Didaticx

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Semestre que vem, que começa em meados de março de 2022, estou com esperança de voltar à sala de aula. Se a pandemia permitir, até presencialmente. Talvez, apenas talvez, eu faça um diário durante esse novo semestre. Então fique de olho no Didaticário (https://didaticari.blogspot.com.br/) a partir de meados de março.

Fique bem. Fique em paz.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

TEMPOS DAS AULAS, ESPAÇOS DA SALA (Didaticx 16)

Neste texto, uso a letra "i" como recurso de linguagem neutra.

Sou meio obcecado com horários. Não vou entrar nos detalhes psicanalíticos disso, mas se uma pessoa marca comigo às 8h, eu conto que ela estará presente nesse horário. Já tive muitas frustrações com isso e acabei desenvolvendo uma maneira de esperar sem esperar: apareço no horário, mas já preparado para fazer alguma outra coisa enquanto as outras pessoas não chegam.

Quando comecei a ensinar em escola, em 1993, não tive problemas em relação ao horário de cada aula. Quando eu chegava na sala, is alunis já estavam lá, sentadinhos. Se alguém chegasse atrasado, era uma situação que a coordenação tinha que resolver, não eu. O meu problema era encontrar um tempo para realizar com is alunis aquilo que eu gostaria já que, como contei no didaticx anterior, eu tinha de seguir um livro didático e dar conteúdo suficiente para que mis alunis fizessem uma prova bimestral elaborada por outri professori. A solução que encontrei nos dois anos que ensinei em escola foi acelerar o trabalho com o conteúdo do livro didático para que, a cada bimestre, me sobrasse uma aula em que eu fizesse algo mais interessante com is alunis.

Já o espaço da sala de aula era um tanto mais complicado. Eu tinha sessenta alunis em cada turma e o tamanho da sala era apenas suficiente para cabê-lis. Não havia folga para reordenar carteiras em outro formato. Quando muito, eu fazia alguma atividade em duplas.

Em 1999, quando passei a ensinar em universidades, a autonomia era maior. Mesmo tendo que respeitar a ementa das disciplinas, eu tinha liberdade de definir o conteúdo e realizava minhas próprias avaliações. Toda aula era uma oportunidade de fazer o que eu quisesse. O espaço também era mais amplo. Dava pra realizar atividades em círculo ou em grupos com mais facilidade. Havia até a possibilidade de eu dar aulas fora da sala de aula, pelos outros espaços da universidade, embora eu não fizesse isso com frequência.

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Tudo mudou em 2014 quando, após alguns anos sem dar aulas, peguei algumas turmas de Didática em horário noturno. O horário das aulas deveria ser de 18h às 22h. Ou até 21h40, considerando uma hora-aula de 50 minutos, com um intervalo de 20 minutos após as duas primeiras aulas. Não levou muito tempo para eu descobrir que esse horário não funcionava. Is alunis, a maioria trabalhadores, terminava seu expediente às 18h, então só chegava à universidade lá pelas 18h30 ou 19h. E muitos moravam bem distante da universidade, alguns até em outras cidades, precisando pegar um último ônibus não muito tarde. Sem contar o cansaço do dia. 

Acabei optando por fazer a aula noturna das 18h30 às 21h (às vezes 21h15) sem intervalo. Começo pontualmente às 18h30, desde que tenha pelo menos duas pessoas. A primeira parte da aula, que já contei para vocês, focada nos sentimentos, é também um tempo para que as demais pessoas possam chegar. Quando começo a principal atividade da aula, por volta de 19h, já temos bastante gente, embora algumas vezes a sala só fique cheia mesmo lá pelas 19h30.

Em relação ao semestre como um todo, faço algo parecido. As primeiras quatro semanas de aula são mais tranquilas para dar tempo das pessoas fazerem ajuste de matrícula. Depois o ritmo se acelera e volta a ralentar no último mês para que a disciplina não entre para a conta do estresse de final de semestre.

Durante um certo tempo de minha vida como professor, achei que is alunis tinham obrigação de vir a todas as aulas, chegar no início e ficar até o final. Essa é a única coisa de que sinto saudades quando penso no tempo em que dava aulas em escolas. Mas a realidade da educação superior noturna se impôs à minha obsessão por horários. Atualmente, a minha expectativa é que is alunis cheguem atrasadis e faltem todas as aulas que têm direito: quatro por semestre.

É uma expectativa sem mágoa, baseada na empatia pela situação dis alunis. Um dos principais recursos que criei para lidar com essa situação foi uma planilha para cada turma, aquela planilha de que também falei no didaticx passado: https://docs.google.com/spreadsheets/d/1MaTY_rbPNX42mLaJRzhDk2O_RNt73Mk9auRXdNI9Y40/edit?usp=sharing. Se quiser dar uma olhada, apenas ocultei as colunas em que aparecem os nomes dis alunis para preservar a privacidade delis. 

Na planilha, tenho uma aba para cada aula, indicando o que foi feito naquele dia num formato de plano de aula: objetivo, conteúdo, metodologia e avaliação. Assim, i aluni que falta ou chega atrasado tem sempre uma forma de se informar a respeito do que acontece em sala de aula. 

Outro recurso foi a ficha de observação, de que falei no Didaticx 04, e que você pode encontrar neste link: https://drive.google.com/file/d/1KWGWV7FZI2CYQW3Bs3s2v18VScdEIqye/view?usp=sharing. Uso a ficha na parte final de cada aula quando todis is alunis já estão presentes. Então ela é uma forma de garantir que todas as pessoas que vieram à aula, independente da hora em que chegaram, terão a oportunidade de estudar o assunto. E mesmo que i aluni falte quatro aulas durante o semestre, ele preencherá e refletirá sobre o conteúdo durante muitas e muitas aulas.

A planilha e a ficha de observação são os dois maiores exemplos dessa minha adaptação a essa realidade, mas o tempo todo estou com essis alunis que faltam e chegam atrasadis em mente. É para essas pessoas reais, concretas, que planejo minhas aulas, e não para o estudante profissional que fui em meus tempos de faculdade.

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Essa questão do tempo tem implicações também sobre o espaço. Como muitas pessoas chegam atrasadas, propor atividades fora da sala de aula pode fazer com que alguém chegue em sala, não encontre ninguém e ache que não está tendo aula. Então, quando faço alguma atividade externa, geralmente é perto da sala para que is alunis possam ver com facilidade. E tem também a questão do tempo de deslocamento para sair da sala e voltar para a sala, que é crítica considerando a diminuição que já foi feita no tempo de aula.

Existe uma questão importante na interseção entre tempo e espaço que é a concentração. Leva um tempo para is alunis se concentrarem na aula. Com o trabalho sobre os sentimentos, tenho obtido sucesso na concentração inicial. Então evito interrupções como o intervalo ou deslocamentos para outro espaço, que pediriam um esforço de reconcentração.

As salas da universidade geralmente são espaçosas e me permitem fazer um grande círculo, um trabalho em pequenos grupos e até dançar. Mas de vez em quando me aparece uma sala à moda dos tempos de colégio. Então eu preciso trocar a academia intelectual pela academia braçal e, antes da aula, tirar carteiras da sala. Eu tinha uma turma em que precisava tirar catorze carteiras toda aula, e trazê-las de volta ao final. Tudo isso para ter espaço para is alunis circularem em sala de aula.

Mesmo que não precise tirar carteiras de sala, gosto de chegar em sala de aula com 15 minutos de antecedência para reorganizar o espaço, preparando-o para as atividades que planejei para aquele dia. E, se nenhuma pessoa chegou ainda, ou se as pessoas são caladas como eu, geralmente sento, fecho os olhos e relaxo um pouco antes de começar a animação da aula.

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Às vezes, fico pensando como seria se minhas condições de trabalho fossem outras: salas e outros espaços ainda mais amplos e equipados, natureza em vez de estacionamentos, máximo de 15 estudantes por professor, estudantes sem disciplinas obrigatórias, podendo escolher o que estudar, disciplinas de tempos diferentes (uma semana, um mês, dois meses, um semestre, um ano)... São meus delírios de uma "universidade livre". Talvez eu conte isso pra você em mais detalhes num outro momento.

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E você? Como organiza os tempos e os espaços de suas aulas?

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Semana que vem, será nosso último didaticx, nossa última "aula". Compartilharei duas atividades de que gosto muito, uma delas o "Prêmio dos melhores do semestre".

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

TÁ LEGAL, MAS E NA HORA DE DAR NOTA? (Didaticx 15)

Neste texto, uso a letra "i" como recurso de linguagem neutra.

O Didaticx está chegando na reta final. Este é o antepenúltimo episódio. Daqui a duas semanas, contarei para vocês duas atividades emocionantes que faço no último dia de aula. E semana que vem, compartilharei minha visão sobre a organização dos espaços e dos tempos, meio que uma síntese da lógica por trás de todas as atividades que tenho relatado.

Hoje quero compartilhar as maneiras que tenho encontrado de estabelecer as notas que is alunis receberão durante a disciplina. São basicamente duas maneiras: uma que vinha usando no ensino presencial e outra que passei a usar no ensino remoto. Mas antes precisamos voltar um pouquinho no tempo...

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Quando comecei a dar aulas, eu tinha duas turmas de História de 8ª série (hoje 9º ano). O colégio particular tinha sete turmas de 8ª série no total, com mais três professoris de História. O que acontecia? A cada um dos quatro bimestres, umi de nós professoris elaborava a prova para TODAS as turmas. Das quatro provas que mis alunis faziam durante o ano, três eram elaboradas por outris professoris. Talvez você já saiba as implicações disso, mas vou arriscar ser repetitivo...

Podemos compreender a avaliação como uma forma de valorar processos qualitativamente e quantitativamente. Quando o resultado de tal avaliação tem o poder de definir a aprovação ou a reprovação de estudantes, ela tende a se tornar definidora das atividades que são propostas. Corre-se o risco de só se realizar ou enfatizar atividades que serão avaliadas. Lembre do que acontecia com os vestibulares e do que acontece com o ENEM: praticamente todas as atividades didáticas dos três anos do ensino médio são feitas com o propósito de aprovação no exame seletivo.

Isso também acontece com as avaliações internas da escola. Is alunis mesmo perguntam:

— Professor, isso aí vai cair na prova?

Porque se for cair na prova, merece atenção. Se não for cair na prova, deixa pra lá.

Como mis alunis de 8ª série seriam avaliados com provas feitas por outris professoris, minha autonomia sobre o que ensinar estava reduzida. Todis is professoris eram incentivadis a ensinar a mesma coisa, seguindo o livro didático. 

A gente viveu tantos anos assim como aluni que pode até achar que não há nenhum mal nisso, que deve ser assim mesmo. Mas basta você dar aulas em outros ambientes mais informais ou então em universidades públicas para perceber que pode ser diferente. Na universidade, ainda temos que registrar a frequência dis alunis (precisam de pelo menos 75% para passar) e precisamos dar de uma a três notas por semestre, mas temos bem mais liberdade para definir a maneira de fazer isso.

Então como faço?

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A primeira maneira, que eu fazia presencialmente até o início da pandemia, tem alguma inspiração na minha querida mestra e amiga Luiza de Teodoro. Certa vez, numa entrevista, ela disse:

"(...) no 1° grau, [eu] dava nota a tudo, já que tinha que dar a nota. Era uma maneira de desmoralizar e ao mesmo tempo moralizar a nota. Assim: se o menino fazia o dever de casa, pelo fato de ter feito, ele se atribuía uma nota, e pelo fato de não ter feito, injustificadamente, ele próprio sabia que era uma outra nota, menor, ou pelo menos não tinha aquela".

Geralmente atribuo duas notas por semestre. E cada nota é a soma da realização de pequenas tarefas. Por exemplo, a partir das atividades que já contei para vocês aqui no Didaticx... Trazer e preencher a ficha de observação pode valer 0,5 ponto ou 1 ponto. Escrever o memorial e me enviar por e-mail pode valer 2 pontos. Trazer o memorial impresso pode valer 1 ponto. Trazer 3 cartazes A4, cada um indicando o que a pessoa gostaria de aprender na disciplina, pode valer 1 ponto. Realizar, gravar e transcrever uma pequena entrevista com umi professori pode valer 2 pontos. E assim por diante.

Em todos os casos, não faço distinção entre uma tarefa mais bem feita ou menos bem feita. A pontuação é ganha por ter tentado e conseguido fazer a tarefa da maneira que foi possível.

As tarefas também não têm a intenção de verificar o aprendizado dis alunis. Geralmente as tarefas são trazer ou produzir algum recurso que será utilizado em sala de aula. As tarefas não são para mostrar que se fez mas para serem úteis às atividades que acontecem em sala de aula. Muitos dos materiais que utilizamos na aula são produzidos e trazidos pelis alunis por meio dessas tarefas.

Todas as tarefas solicitadas, bem como todas as atividades realizadas, estão registradas numa planilha específica para cada turma. Dessa forma, is alunis podem acompanhar suas notas na medida em que vão sendo somados os pontos das tarefas. Se você quiser dar uma olhada numa dessas planilhas, é só acessar este link: https://docs.google.com/spreadsheets/d/1MaTY_rbPNX42mLaJRzhDk2O_RNt73Mk9auRXdNI9Y40/edit?usp=sharing. Apenas ocultei as colunas em que aparecem os nomes dis alunis para preservar a privacidade delis.

Na universidade, e em algumas escolas, existe uma espécie de prova final para quem não passou por média. Assim diz o Guia do Estudante da UFC: "No sistema semestral, a aprovação por média ocorre quando o aluno obtém nota igual ou superior a 7,0. Caso tenha conseguido mais que 4,0 e menos que 7,0, tem o direito de submeter-se à Avaliação Final (AF), cuja nota somada à média das APs deve resultar numa média igual ou superior a 5,0 para aprovação." Imagine o seguinte caso: a pessoa tem média 6,0 e vai para AF. Ela tira 4 na AF. 4 + 6 = 10. 10 ÷ 2 = 5. A pessoa tinha média 6,0 e não passou. Agora tem média 5,0 e passou. É possível levar isso a sério?

Então, se uma pessoa de uma das minhas turmas tirou entre 5,0 e 6,9, ofereço a ela duas possibilidades: 1) repetir automaticamente essa nota no AF para que ela seja aprovada com essa nota; 2) fazer uma AF.

A pessoa que teve média entre 4,0 e 4,9 precisará fazer AF.

Geralmente, tenho de 1 a 3 pessoas por turma que fazem AF.

E como é minha AF? Uma adaptação da ficha de observação. Só que, em vez de refletir sobre a aula que acabamos de ter, a pessoa deve refletir sobre uma aula ficcional. Geralmente pego um livro do Harry Potter (já que é uma leitura do agrado dis alunis) e escolho um trecho em que é narrada uma aula na escola de magia de Hogwarts. Um exemplo das questões após a leitura do trecho escolhido...

1. Quais as definições original e contemporânea de Didática? (1,0 ponto)

2. Quais as dimensões da Didática, como se caracterizam e como se manifestaram na aula do Prof. Hagrid? (3,0 pontos) 

3. Escreva o possível plano da aula do Prof. Hagrid, incluindo objetivos, conteúdo, metodologia e avaliações. (4,0 pontos)

4. A prática pedagógica do Prof. Hagrid, revelada na aula, se aproxima mais de qual tendência pedagógica? Justifique sua resposta. (2,0 pontos)

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Agora a segunda maneira de dar notas. Quando estávamos fazendo a transição para o ensino remoto em 2020, eu não quis manter o sistema de tarefas. A situação de muitis alunis e suas famílias era crítica: doenças físicas e mentais (ansiedade, depressão), desemprego, internet lenta, aparelhos eletrônicos defasados... E eu não queria colocar mais nenhum peso nessa situação.

Optei então por um formulário de autoavaliação a ser preenchido no final do semestre. Segue o texto de abertura do formulário que tenho usado durante o ensino remoto.

Se você está acessando este formulário, considere-se um(a) vencedor(a). :)

Temos tido muitas perdas nos últimos meses: de pessoas queridas, de emprego, de renda, de saúde física, mental e emocional, muitas vezes até de esperança. Então, se você chegou até aqui, está de parabéns por estar superando todos esses desafios. Claro que não estamos conseguindo isso facilmente, nem de maneira perfeita, nem da maneira que gostaríamos. Mas não sejamos muito duros com nós mesmos. Reconheçamos que estamos fazendo o melhor que podemos, mesmo que esse melhor pareça pouco se comparado ao que poderíamos fazer em tempos pré-pandemia.

Com esse espírito, procure fazer a autoavaliação que se segue, que é qualitativa e também quantitativa, que servirá para você refletir sobre seus aprendizados e também para atender à obrigatoriedade de uma nota para o seu histórico.

O último formulário que apliquei, antes do encerramento de meu contrato como professor substituto da UFC, tinha as seguintes perguntas:

O que você aprendeu na sua vida como um todo desde maio de 2021?

Desde maio de 2021, o que você aprendeu na UFC, incluindo o que aprendeu nas outras disciplinas que está fazendo neste semestre?

O que você tem aprendido especificamente na disciplina de Didática, incluindo os conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais?

Baseada(o) nas suas três respostas acima, escolha uma das três opções abaixo...

1) Meu desempenho na disciplina de Didática foi satisfatório e penso que devo ser aprovada(o) por média. (Se escolher esta opção, você atribuirá uma nota de 7 a 10 para si mesma(o) na sequência deste formulário.)

2) Tenho dúvidas se aprendi o que deveria aprender na disciplina de Didática e gostaria de fazer uma prova para que o professor avalie meu aprendizado. (Se você escolher esta opção, terá que responder a algumas questões a respeito do conteúdo conceitual da disciplina. Baseado em suas respostas, o professor atribuirá uma nota para você, entre 0 e 10.)

3) Meu desempenho na disciplina de Didática foi insatisfatório e penso que devo ser reprovada(o). (Se você escolher esta opção, terá que definir, na página seguinte, se prefere ser reprovada(o) por nota ou por falta.)

Caso a pessoa tenha escolhido a opção 1, ela escolherá uma nota de 7,0 a 10,0 com variações de 0,5 em 0,5 ponto.

Caso a pessoa tenha escolhido a opção 2, ela responderá perguntas de uma AF como descrevi acima.

Caso a pessoa tenha escolhido a opção 3, ela indicará se prefere ser reprovada por falta ou por nota. Isso faz diferença para algumas pessoas devido a recebimento de bolsas ou outras questões acadêmicas.

Para concluir, uma pergunta opcional:

Se quiser, faça algum comentário final a respeito da disciplina, do professor ou deste formulário.

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É assim que venho avaliando, esperançando na direção de que as avaliações em nossas instituições possam cumprir realmente seu papel de valorar os processos de ensino e de aprendizagem e não simplesmente de classificar, aprovar e reprovar estudantes.

E você? Como sente, pensa e faz avaliações?

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

MAIS JOGOS ADAPTADOS PARA A SALA DE AULA (Didaticx 14)

Neste texto, uso a letra "i" como recurso de linguagem neutra.

Os jogos que quero compartilhar com vocês hoje geralmente exigem poucos recursos e, principalmente, pouco tempo de preparação prévia. Também costumo realizá-los em aproximadamente 90 minutos. Como eu aplico esses jogos sempre com pequenas variações, vou fazer uma descrição mais genérica. Mas tenha em mente, caso queira usar em sua sala de aula, que você precisará fazer algumas modificações.

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APENAS UMA VEZ. Adaptação de “Só uma”, jogo cooperativo de adivinhação de palavras para 3 a 7 jogadoris. Em sala de aula, jogo com a turma inteira de uma vez (umas quarenta pessoas). O jogo tem no máximo sete rodadas, cada uma com uma palavra a ser adivinhada, e a turma precisa adivinhar quatro palavras corretamente para ganhar o jogo. Se errar quatro palavras, a turma perde o jogo. 

A cada rodada, uma dupla de estudantes se candidata para tentar adivinhar a palavra da vez. Essa dupla deva sair da sala de aula ou então ficar sem ver e/ou ouvir a escolha da palavra a ser adivinhada. A palavra pode ser escolhida de várias maneiras. Eu gosto de usar o livro "Oculto nas palavras - dicionário etimológico para ensinar e aprender", que traz verbetes relacionados à educação. Mas pode ser usado um livro qualquer de conteúdo da disciplina. Ou posso eu mesmo pensar numa palavra ou pedir que algumi aluni indique uma palavra relacionada à matéria. Essa palavra deve ser comunicada a todas as pessoas menos à dupla.

Cada pessoa então escreverá uma pista, uma dica, para que a dupla adivinhe a palavra. Eu uso folhas A4 de plástico (tipos aquelas capas transparentes para encadernação) e pincéis de quadro branco para escrever nelas. Cada pessoa deve ter um plástico e um pincel. A dica, uma palavra de no máximo nove letras, não pode ter o mesmo radical da palavra a ser adivinhada. Por exemplo, se a palavra for "estudante", não é permitido dar a dica "estudo" ou "estudar", que tem o mesmo radical. Também não é permitido "universidade", que tem mais de nove letras. Só a pessoa que escreveu a dica pode vê-la por enquanto. Após um certo tempo, geralmente um minuto, quem conseguiu escrever alguma coisa revela sua dica, levantando sua folha. Para facilitar a visualização, cada pessoa tem também uma folha A4 normal para cobrir o fundo da folha transparente. 

Dicas idênticas ou de mesmo radical são todas eliminadas. Por exemplo, se para a palavra "estudante" uma pessoa escreveu "aluno" e outra pessoa escreveu "aluna", essas duas palavras são apagadas das folhas de plástico. A folha comum de A4 pode ser usada como "borracha" para apagar. Quando só houver dicas únicas, ou seja, apenas as dicas que apareceram uma única vez, então essas dicas são mostradas para a dupla que terá um certo tempo (geralmente três minutos) para conversar a respeito das dicas e dizer qual a palavra. A dupla tem uma única chance de acertar. Enquanto a dupla está conversando, o restante da turma deve permanecer em silêncio e evitar reagir para não dar pistas extras.

Caso a dupla erre, joga-se uma nova rodada da mesma forma que a rodada anterior, escolhendo-se uma nova dupla e uma nova palavra.

Caso a dupla acerte, além de uma nova dupla e de uma nova rodada, as dicas devem ter no máximo duas letras a menos que na rodada anterior. Dessa forma, quando a primeira palavra for acertada, a dica das próximas rodadas deve ter no máximo sete letras. Quando a segunda palavra for acertada, as dicas seguintes devem ter no máximo cinco letras. E, quando a terceira palavra for acertada, para que a turma acerte a quarta palavra e ganhe o jogo, as dicas seguintes devem ter no máximo três letras. 

Esse jogo adaptado sempre rende bons momentos em sala de aula. E é de fácil adaptação para qualquer conteúdo, bastando usar palavras relacionadas à matéria estudada pela turma.

Só por curiosidade... dia desses, readaptei esse jogo para uma confraternização de Natal, usando palavras relacionadas à data festiva e escrevendo as pistas em copos de vidro. Apesar dos poucos copos e pinceis, foi bem divertido.

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CASOS DE ESCOLA. Adaptação de “Histórias sinistras”, jogo cooperativo de resolução de mistério para 2 a 15 jogadoris. Em sala de aula, jogo uma primeira partida com a turma inteira de uma vez (umas quarenta pessoas). Leio um texto enigmático para a turma, relacionado a alguma aula ou algo curioso que aconteceu em uma escola.  Por exemplo...

Durante a aula de História, os alunos do 9º ano querem chamar um médico para atender o professor, mas o professor proíbe.

E digo: 

— Adivinhem por quê.

Is alunis então começam a me fazer perguntas, que eu posso responder apenas com "sim", "não", "irrelevante", "não sei", "talvez". Caso algumi aluni faça alguma pergunta que não pode ser respondida assim, peço que refaça a pergunta. Quando achar que descobriu a resposta, qualquer estudante pode dizê-la, sem penalidade caso erre. O jogo segue assim até que a turma consiga decifrar o mistério ou desista de adivinhar. Eu então leio outro pequeno texto que explica a situação enigmática. Caso a turma esteja com muita dificuldade, posso dar uma dica para colocá-los no rumo.

Após essa partida de exemplo, peço que cada aluni individualmente crie seu próprio caso a partir de algo que vivenciou em alguma escola como estudante, estagiari ou professori. Devem ser criados dois pequenos parágrafos: um que apresente o mistério; outro que explique a solução.

Em seguida, divido a turma em pequenos grupos de quatro a seis pessoas. Cada pessoa lê o seu caso para as demais, que tiram dúvidas e sugerem mudanças na redação, procurando tornar o primeiro parágrafo mais atraente e misterioso, e o segundo parágrafo mais claro e explicativo. Quando a redação de todos os casos foi revisada, peço que cada grupo escolha o caso mais interessante. A pessoa que criou esse caso muda então de grupo e vai realizar o jogo, baseado em seu caso, para outras pessoas.

Esse jogo adaptado revela histórias incríveis e também é garantia de diversão. Pode ser facilmente readaptado, já que em qualquer área de estudo ou trabalho sempre há histórias curiosas para contar.

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INTRUSI. Adaptação de "Spyfall", jogo de dedução cooperativo e competitivo para 3 a 8 jogadores. 

Numa folha de papel A4 cortada em 8 partes iguais, cada pessoa desenha em 7 dessas 8 partes o mesmo desenho de um lugar da universidade (sala de aula, laboratório, pátio, restaurante universitário, reitoria etc.). Antes de cada pessoa começar a desenhar, certifique-se de que não há duas pessoas desenhando o mesmo espaço. Na parte restante da folha, a 8ª parte, cada pessoa deve desenhar apenas pontos de interrogação. Pronto, estão feitas as cartas do jogo.

Em seguida, a turma se divide em grupos de 5 a 7 pessoas. As pessoas de cada grupo passam suas cartas para o grupo à esquerda, sem misturar, ou seja, em conjuntos de 8 cartas, com a carta de interrogações no topo. 

Cada grupo joga da seguinte forma. Uma das pessoas pega um dos conjuntos sem olhar os desenhos e separa tantas cartas quanto o número de jogadores, incluindo a carta de interrogações (num jogo de 6 participantes, seriam uma carta de interrogações e cinco cartas de desenhos). Essas cartas são embaralhadas e distribuídas secretamente a cada pessoa. Todas as pessoas menos uma (aquela que pegou a carta de interrogações) saberá o espaço em questão. A pessoa com a carta de interrogações será a intrusa. O objetivo desta pessoa no jogo é adivinhar qual o local. O objetivo das demais pessoas é descobrir quem é a pessoa intrusa. 

O jogador que distribuiu as cartas faz uma pergunta, relacionada ao local desenhado, para um outro jogador à sua escolha, que a responde. Por exemplo, "Você esteve nesse espaço nos últimos dias?" ou "Você acha que esse espaço estará aberto na hora do intervalo?". Esse jogador faz uma nova pergunta a um outro jogador qualquer, e assim por diante, até que i intrusi se revele e decida adivinhar o espaço desenhado (caso acerte, i intrusi ganha a partida; caso erre, o restante do grupo ganha) ou até que o grupo decida adivinhar, em consenso, quem é i intrusi (caso acerte quem é, o grupo ganha a partida; caso erre, i intrusi ganha a partida). Se em até 8 minutos, ninguém decidir adivinhar , então o grupo precisa acusar alguém de ser i intrusi e definir quem ganhou ou perdeu o jogo.

Da primeira vez que usei esse jogo, eu já trouxe os conjuntos de cartas com os lugares, mas ter esse primeiro momento de desenho se mostrou bastante frutífero. Para a maior parte das pessoas, foi estimulante e relaxante desenhar. Sem contar que tive menos trabalho prévio. Muitas vezes, nós professoris trabalhamos mais do que deveríamos, tirando dis alunis a oportunidade de se envolver mais na realização das aulas.

Como todo lugar (escola, empresa, bairro etc.) é cheio de espaços significativos, esse também é um jogo que pode ser readaptado para os mais variados contextos. A identificação dos espaços, o seu desenho e as perguntas relacionadas a eles são bem reveladores da relação que as pessoas têm com os espaços escolhidos.    

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ESCOLHA. Adaptação de "Choose one", jogo competitivo para 3 a 10 jogadores. Ainda não fiz uma adaptação cooperativa para esse jogo, mas mesmo competitivo ele traz algo que para mim é muito importante: o conhecimento mútuo entre as pessoas. 

Numa folha de A4 cortada em 8 partes iguais, cada pessoa escreve em cada parte uma pergunta diferente sobre algum tipo de preferência relacionada ao conteúdo da disciplina (Aula expositiva ou debate? Livro didático ou materiais diversos? Aluno questionador ou aluno obediente? Etc.). Pronto, estão feitas as cartas do jogo.

Em seguida, a turma se divide em grupos de 4 a 6 pessoas. Cada grupo junta e embaralha as cartas com as perguntas, formando uma pilha. Uma pessoa fica responsável por anotar a pontuação em uma folha com os nomes de todos os participantes. I primeiri jogadori (escolhidi aleatoriamente) pega uma das cartas da pilha e lê para os demais jogadores. Cada pessoa, em silêncio, escolhe sua preferência baseada no que acha que i jogadori da vez responderá. I jogadori da vez (aquele que leu o papel) conta até três e todas as pessoas (incluindo i jogadori da vez) estendem um dos braços revelando um ou dois dedos (à semelhança do par-ou-ímpar ou do zerinho-ou-um). Um dedo indica preferência pelo primeiro item da pergunta (aula expositiva, por exemplo). Dois dedos indicam preferência pelo segundo item da pergunta (debate, por exemplo). Ganham um ponto i jogadori da vez e cada outra pessoa que escolheu a mesma preferência deli. Caso ninguém acerte a preferência di jogadori da vez, ou caso todos acertem a preferência deli, ninguém marca pontos. O processo se repete com uma nova pergunta, feita pela pessoa à esquerda da pessoa anterior, até que uma das pessoas atinja 10 pontos. Se ela atingir 10 pontos sozinha, vence a partida. Se mais de uma pessoa atingir 10 pontos ao mesmo tempo, vence quem tiver mais pontos sem ser em situação de empate com outra pessoa. Por exemplo, se ao final de uma rodada duas pessoas terminarem empatadas com 10 pontos, outras duas pessoas terminarem empatadas com 8 pontos, e uma quinta pessoa tiver 5 pontos, essa última pessoa será a vencedora.

Esse jogo também é bem animado e permite às pessoas se conhecerem e se reconhecerem mais em assuntos relacionados ao tema da disciplina.

Curiosidade: depois dessas duas adaptações, quando eu dizia que iríamos jogar algo novo, algumas pessoas brincavam dizendo "lá vamos nós cortar uma folha em 8 pedacinhos". :)

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MÉDIUM. Adaptação de "Medium", jogo competitivo de adivinhação de palavra para 2 a 8 jogadores. Diferente das demais adaptações, essa eu realizo em menos tempo, de 20 a 30 minutos.

Formam-se pares. Em cada par, as pessoas pensam em uma palavra ou pegam num saco um papelzinho que tem uma palavra associada ao conteúdo da disciplina, contam até 3 e dizem simultaneamente a sua palavra. Essas duas palavras servem como base. Cada pessoa pensa então em uma nova palavra que se relaciona com as duas palavras de base, contam até 3 e falam simultaneamente as novas palavras. Se as palavras não coincidirem, essas novas palavras servem como base para que a dupla faça mais uma tentativa de pensar numa palavra que junte as duas palavras anteriores. Não vale repetir palavras que já foram ditas. E assim segue até que as duas pessoas digam simultaneamente a mesma palavra e vençam o jogo. Cada pessoa da dupla procura então uma nova dupla para iniciar uma nova partida.

Por exemplo, duas pessoas escolhem e falam "escola" e "livro", depois adivinham "didático" e "apostila". Como não disseram a mesma palavra, precisam adivinhar de novo com uma palavra que ligue "didático" e "apostila". As duas pessoas falam "manual" e "manual" e vencem a partida.

Essa adaptação é incrivelmente simples e muito, mas muito divertida. Tem duplas que precisam de várias adivinhações até falarem a mesma palavra e, quando conseguem, é uma explosão de alegria.

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AFLUENTES. Esse jogo é uma criação minha, inspirada no Jogo da Forca, que comecei a elaborar junto com algumis estudantes de uma turma presencial de 2019, mas só se tornou realidade nas turmas remotas.

A atividade, realizada via WhatsApp, tem duas fases. Uma de jogo, propriamente dito, e outra de escrita criativa. Os participantes receberão uma primeira palavra (relacionada ao conteúdo da disciplina) com uma letra revelada e várias letras ocultas. Ao lado, em parênteses, a palavra pensada. E, em seguida, o nome de quem pensou na palavra e acrescentou a letra.

_ _ _ O _ _ (E S C O L A) Eduardo

O objetivo do jogo é adivinhar mais e mais palavras, uma por jogada, sempre acrescentando uma letra e uma nova palavra pensada, até que não reste mais nenhuma letra oculta. Todos jogam simultaneamente, não é preciso esperar pela jogada de outra pessoa. A partir da palavra original, várias sequências de palavras vão sendo montadas simultaneamente. A jogada é feita respondendo com citação a uma sequência anterior. Mas você só pode fazer uma jogada por cada sequência de palavras. Se alguém fizer mais de uma jogada na mesma sequência, aquela sequência é desclassificada. 

Exemplo de sequência 1

_ _ _ O _ _ (E S C O L A) Eduardo

_ _ _ O V _ (E S C O V A) Fulana

_ _ _ O V A (R E N O V A) Beltrano

Faltam ainda três jogadas para que esta sequência se complete.

...

Exemplo de sequência 2

_ _ _ O _ _ (E S C O L A) Eduardo

C _ _ O _ _ (C A R O Ç O) Sicrana

C _ R O _ _ (C O R O A R) Fulana

C _ R O _ A (C A R O N A) Beltrano

Faltam ainda duas jogadas para que esta sequência se complete.

...

Estabelece-se um tempo, por volta de 15 minutos. Se os participantes conseguirem completar uma sequência naquele tempo, ganham o jogo. Caso contrário, perdem. 

Na segunda fase da atividade, pegam-se as palavras da sequência completa, ou da que tiver mais palavras, e cada participante precisa escrever um texto, em 5 minutos, com o tema da primeira palavra (relacionada ao conteúdo da disciplina) e que contenha todas as palavras da sequência. Os textos são compartilhados e lidos. 

Link para um vídeo explicativo das regras: https://drive.google.com/file/d/13SKHcIpyeuV9o57KiPMwT8VPKvPid-95/view?usp=sharing.

Quando eu for realizar presencialmente este jogo, posso utilizar papel comum ou então as folhas plásticas do APENAS UMA VEZ. E cada pessoa pode iniciar sua própria sequência, ou seja, teríamos várias palavras iniciais potencialmente diferentes. Penso que funciona melhor com palavras de 6 letras, mas pode-se tentar com menos ou mais letras para tornar o jogo, respectivamente, mais fácil ou mais difícil.

Esse é um jogo aparentemente simples, mas bastante desafiador. E muitos textos criados pelis alunis são bem criativos. Vejam esse exemplo de sequência completa e de texto feito por um estudante em 2020:

_ _ _ _ _ O  (E N S I N O)
_ A _ _ _ O  (C A B E L O)
_ A _ _ D O  (S A I N D O)
C A _ _ D O  (C A L A D O)
C A _ A D O  (C A V A D O)
C A P A D O  (C A P A D O)

"A vivência na prática do ENSINO promove a seus participantes inúmeras oportunidades de aprender na prática o que se quer ensinar e como se pode ensinar. Muitas vezes há práticas, como essa, que deixam o participante de CABELO em pé, devido à dificuldade de generalizar para o grupo, SAINDO da sua zona de conforto para um ação mais imediatista. Se o professor não se programa para uma possibilidade não imaginada, o mesmo pode ficar CALADO, dando a seus ouvintes a falsa impressão de que se perdeu na continuidade do seu planejamento. Optar por atividades mais fáceis não significa que o professor está CAPADO de conhecimento e sim que tenha CAVADO mais fundo para dar maior leveza às aulas." (Anderson)

Esse texto demonstra como jogos adaptados, relacionados ao conteúdo da disciplina, podem ser fonte de ludicidade e de profunda reflexão a respeito dos assuntos que is estudantes precisam aprender.

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Todos os jogos que já adaptei e os que ainda quero adaptar estão nesta planilha: https://docs.google.com/spreadsheets/d/1P9Jbj1lHianGCw0eBb5OwfGF0Ke4AJKobGVGY-AWlH4/edit?usp=sharinghttps://docs.google.com/spreadsheets/d/1P9Jbj1lHianGCw0eBb5OwfGF0Ke4AJKobGVGY-AWlH4/edit?usp=sharing. Fique à vontade para conhecer e readaptar. Tem um jogo de competição entre times que de vez em quando uso e que talvez você tenha interesse em conhecer. Chama-se "Código secreto". Dá uma olhada lá.

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E aí? Se animou para readaptar algum jogo? Você já joga algum jogo diferente desses em sua sala de aula? Qual? Como você aplica?

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

ADAPTANDO JOGOS PARA A SALA DE AULA (Didaticx 13)

Neste texto, uso a letra "i" como recurso de linguagem neutra.

Feliz 2022!

"Enquanto o tempo acelera e pede pressa, eu me recuso, faço hora, vou na valsa." (Lenine)

Na reta final do semestre, quando as demais disciplinas geralmente se intensificam com trabalhos, seminários e provas, procuro jogar mais com as minhas turmas. Funciona como um descanso do estresse para elas e como uma oportunidade de ainda mais experimentações com adaptações de jogos para mim. Geralmente jogamos no momento principal intermediário da aula com duração aproximada de 90 minutos.

Ao usar jogos em sala de aula, prefiro adaptar jogos já existentes. Evito criar jogos novos (embora faça isso de vez em quando) porque criar um jogo precisa de muitos testes para que se chegue a uma mecânica que flua bem. Evito também usar jogos existentes exatamente do jeito que eles geralmente são jogados para acentuar a importância de considerar sempre a realidade dis nossis alunis quando fazemos qualquer atividade em sala de aula.

Ao adaptar jogos, algumas ideias básicas me norteiam.

1) Caso o jogo não seja originalmente cooperativo, procuro criar uma versão em que todis possam colaborar para vencer (ou perder) juntos. Como já escrevi em um didaticx anterior, a criação de um espírito de turma é muito importante para mim.

2) Mudo o conteúdo do jogo original para o conteúdo da disciplina, mas não com o objetivo de que as pessoas decorem esse conteúdo. É apenas para que, ao jogar, is alunis estejam, de maneira implícita, lidando com assuntos que já estudaram ou que poderiam vir a estudar. Essa sutileza e liberdade do conteúdo no jogo é favorecida pelo uso da ficha de observação, a respeito da qual também já escrevi num didaticx anterior, que garante a reflexão mais sistemática a respeito dos itens da ementa.

Hoje vou compartilhar com vocês alguns jogos que exigiram mais trabalho em sua adaptação. Caso vocês se sintam inspirados a readaptar alguns desses jogos para usar em suas aulas ou treinamentos, possivelmente vocês também terão mais trabalho. Semana que vem, falarei de jogos que me exigiram menos trabalho de adaptação e que vocês podem fácil e rapidamente usar na realidade de vocês.

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No início de 2019, eu dava aulas na UECE em uma turma de Metodologia do Trabalho Científico e em três turmas de Didática. Um ano antes, no início de 2018, eu havia conhecido e me encantado por um jogo chamado "The Mind" ("A Mente", https://www.ludopedia.com.br/jogo/the-mind), que viria a ser lançado no Brasil apenas no final de 2019.

Neste jogo cooperativo para duas a quatro pessoas, is jogadoris precisam avançar em uma série de níveis (8 a 12, dependendo do número de pessoas), jogando cartas numeradas de 1 a 100. A cada nível, as cartas são embaralhadas e cada jogador recebe uma quantidade de cartas correspondente ao número do nível: uma carta no nível 1, duas cartas no nível 2 e assim por diante. Sem mostrar suas cartas e sem se comunicar, as pessoas devem jogar essas cartas na mesa, uma por uma, em ordem ascendente mas não necessariamente sequencial. Por exemplo, uma pessoa pode começar jogando um 7, outra pessoa, ou a mesma pessoa, pode jogar um 10, depois um 34, depois um 99, até que todas as pessoas fiquem sem cartas na mão. Quando se consegue isso, passa-se de nível. Quando uma pessoa joga uma carta, se pelo menos uma outra pessoa tiver uma carta menor do que aquela, is jogadoris perdem uma de suas vidas (começam com duas a quatro, dependendo do número de pessoas jogando). Por exemplo, se uma pessoa joga um 25 e outras duas pessoas tinham o 20 e o 23 não mão, essas cartas são descartadas e is jogadores perdem uma vida. Quando precisarem perder mais uma vida e não tiverem, is jogadores perdem a partida. É um jogo que dá uma sensação telepática (daí o título "A mente") devido a essa sintonia temporal que as pessoas devem estabelecer entre si para ganhar o jogo. 

Além das cartas de número e das cartas de vida, existem também cartas de estrela, que podem ser usadas para que cada pessoa mostre sua carta mais baixa para is demais jogadoris. As pessoas têm direito a uma estrela no início do jogo. Novas cartas de estrela, assim como vidas, podem ser ganhas quando se passa de determinados níveis de jogo.

Fiz duas adaptações desse jogo, uma para as turmas de Metodologia de Trabalho Científico e outra para as turmas de Didática. Que mudanças eu fiz na adaptação?

1) Além dos números, incluí em cada carta um título e uma pequena descrição a respeito de um conteúdo sequencial da disciplina. 

No caso de Metodologia do Trabalho Científico, o jogo adaptado se chama "TCC 100%" e cada carta tem um elemento de monografias de conclusão de curso. Por exemplo, a carta 3 é "Folha de rosto" e a carta 96 é "Referências". As cartas de vida foram renomeadas para "Prazo" (se acabar o prazo para concluir o TCC, is jogadores perdem a partida) e as cartas de estrela foram renomeadas para "Revisão". 


No caso de Didática, o jogo adaptado se chama "Didática Top 100" e cada carta traz um fator que melhora a aprendizagem, segundo o ranking de John Hattie. Por exemplo, a carta 3 é "Expectativas dos professores" e a carta 95 é "Habilidades de estudo". As cartas de vida foram renomeadas para "Dia de Planejamento" (se acabarem os dias de planejamento, is jogadores perdem a partida) e as cartas de estrela foram renomeadas para "Consultoria".


2) Acrescentei também uma regra ao jogo: a qualquer momento, qualquer jogador, caso queira, pode ler para os demais o texto de sua carta de número mais baixo, mas sem mostrar a carta nem dizer o número dela. Assim, o conhecimento do conteúdo favorece a vitória no jogo.

Para usar esse jogo em sala de aula, tenho várias cópias impressas. Como são em média 40 estudantes por turma, preciso de umas 10 cópias do jogo. Imprimo em impressora comum, corto e coloco cada carta em um sleeve (saquinho de plástico). Caso não saiba onde encontrar esses saquinhos onde você mora, pergunte a sis alunis que com certeza alguém saberá lhe informar.

Caso queira imprimir o jogo, ou apenas conhecer todas as cartas, esses são os links para os PDFs dos jogos:

TCC 100%: https://drive.google.com/file/d/1wNKnVW9WQcL4nYEAgfz5HnAL7X7pDBUG/view?usp=sharing

DIDÁTICA TOP 100: https://drive.google.com/file/d/1i5lSgtCHBnMMCtEzza0iGQTA001GOKhw/view?usp=sharing

E aí? Se animou para readaptar "The Mind"? Serve para qualquer conteúdo sequencial: elementos da tabela periódica, seres de uma cadeia alimentar, anos de um século etc. Qualquer área de conhecimento tem algum tipo de conteúdo sequencial.

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Em um dos semestres remotos da pandemia, desenvolvi minhas disciplinas por meio de atividades principalmente assíncronas, não simultâneas. Uma dessas atividades era o LAJE (Laboratório de Adaptação de Jogos para a Educação). Is alunis e eu adaptamos quatro jogos, que também estão disponíveis para baixar e imprimir. Para que esse didaticx não fique ainda mais extenso, apenas falarei brevemente de cada um desses jogos, já que você já entendeu como funciona o processo geral de adaptação.

XÔ, RACISMO! Adaptação cooperativa de “Abandon All Artichokes” ("Abandone todas as alcachofras"), jogo competitivo de construção de baralho para 2 a 5 jogadores. O jogo é composto de 40 cartas de racismo e 60 cartas de ações antirracistas, sendo 6 de cada um dos 10 tipos de ação. Cada jogador começa com um baralho de 10 cartas de racismo, sendo 5 na sua mão. Os jogadores, em turnos, pegam uma nova carta antirracista da mesa e jogam tantas cartas de ação quanto puderem/quiserem para se livrar das cartas de racismo. Os jogadores ganham a partida se se livrarem de todas as cartas de racismo de sua mão. Baixe o arquivo para impressão do jogo aqui: https://drive.google.com/file/d/1zJdVne2xCuh4SfeGwAJnysRJ8V_XqB4x/view?usp=sharing. Esse jogo pode ser readaptado para qualquer conteúdo que aborde um problema a ser resolvido: emergência climática, evasão escolar, desemprego etc.

 

DIDATIQUANDO. Adaptação cooperativa de “Timeline”, jogo competitivo de teste de conhecimentos para 2 a 4 jogadores. O jogo é composto de 55 cartas de eventos da história da Didática ou da Educação. Cada carta apresenta um evento em ambos os lados, e o ano de seu acontecimento em apenas um deles. Os jogadores, em turnos, jogam cartas de evento, sem ver a data, objetivando posicioná-las corretamente em ordem cronológica ascendente. Na primeira fase, os jogadores precisam ganhar 12 cartas antes que as cartas se acabem. Os jogadores ganham uma carta sempre que posicionam outra carta corretamente. Caso passem para a segunda fase, os jogadores ainda precisam reposicionar corretamente as 12 cartas que ganharam na primeira fase para ganhar o jogo. Baixe o arquivo para impressão do jogo aqui: https://drive.google.com/file/d/14_WX67BYFj56lhFTZxHpPku-stUmj_M6/view?usp=sharing. Esse jogo pode ser readaptado para qualquer conteúdo que apresente datas de eventos, e até mesmo para qualquer conteúdo sequencial.



PLANAMBI! Adaptação de “Hanabi”, jogo cooperativo de dedução e memória para 2 a 5 jogadores. O jogo tem 3 cartas de prazo (Ampulheta), 8 cartas de SOS Didática e 90 cartas de planejamento, sendo 12 de cada uma das 7 tendências pedagógicas e 6 coringas. Para cada tendência pedagógica, is jogadores tentam formar uma sequência na ordem correta dos elementos (objetivo > conteúdo > relação professor-aluno > metodologia > recurso didático > avaliação). Durante o jogo, você segura suas cartas de modo que elas sejam visíveis apenas para is outris jogadores. Para ajudar outris jogadores a jogar uma carta, você deve dar-lhes dicas (SOS Didática) sobre as tendências pedagógicas ou os elementos do planejamento de suas cartas. Is jogadores devem atuar em equipe para evitar perder prazos (Ampulhetas) e terminar o planejamento antes que as cartas acabem. Baixe o arquivo para impressão do jogo aqui: https://drive.google.com/file/d/17m5BrTCYLezvozMjd-89odHza_CUNuPg/view?usp=sharing. Esse jogo pode ser readaptado para qualquer conteúdo que tenha pequenos conjuntos sequenciais: receitas, orientações passo-a-passo etc.



DIDATA. Adaptação de “Similo”, jogo cooperativo de dedução para 2 a 8 jogadores. O jogo é composto de 32 cartas de personalidades ligadas à Didática ou à Educação. Cada carta tem um desenho do rosto da personalidade e uma imagem de fundo e palavras-chave associadas a características da atuação dessas personalidades como educadores. Umi dis jogadoris deve fazer com que is demais adivinhem uma das personalidades (entre doze que ficarão na mesa de jogo) usando outras cartas de personalidade como dicas. A cada jogada, i informante indica se a carta-dica é similar ou diferente da personalidade a ser adivinhada. Após cada dica, is outris jogadores devem remover uma ou mais personalidades da mesa. O jogo segue até restar apenas a personalidade secreta (todos ganham) ou até a personalidade secreta ser removida (todos perdem). Baixe o arquivo para impressão do jogo aqui: https://drive.google.com/file/d/1PHeNRT5ZQiKoRMFum_bFRHuRDM_PWeSL/view?usp=sharing. Esse jogo pode ser readaptado para qualquer conteúdo que trate de personalidades, personagens ou seres.


 

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E aí? Sentiu inspiração para (re)adaptar alguns jogos? Você já usa jogos em sala de aula? Quais? Como?

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Semana que vem, falarei de jogos que exigem menos produção e que podem ser readaptados imediatamente com o uso de alguns poucos recursos que você talvez até já tenha aí por perto.