Ao final do meu segundo ano como professor, decidi pedir demissão do colégio.
A principal justificativa que dei para tal decisão for me dedicar só ao mestrado. Não lembro ao certo o real motivo, mas talvez tivesse a ver com meu cansaço e com um sonho que crescia cada vez mais em mim: me tornar um escritor.
O ano seguinte foi quase perfeito. Recém-casado, com as disciplinas do mestrado quase todas concluídas, passei a maior parte de 1995 num despreocupado ócio criativo. Foi o tempo dos prontuários d'Os internos do pátiO, um fanzine de poesia e prosa poética, e de uma troca diária de cartas com meu caro amigo Fabiano, que fazia mestrado em São Paulo, e outros amigos antigos e novos que estavam em Tocantins, no Pará e no Ceará mesmo. Essa correspondência se tornaria um livro materialmente feinho, mas literariamente muito lindo, chamado Cartas do Pátio.
Naquela época, eu achava que não voltaria a ser professor. Abriríamos um espaço cultural, O Pátio, num galpão da Praia de Iracema e viveríamos de arte.
As coisas não aconteceram conforme nossa linda imaginação e, um tanto depois, eu retomaria minhas atividades como professor, primeiro como formador de instrutores do Instituto Dragão do Mar de Arte e Cultura, depois como professor substituto de História na UFC.
Mas essas histórias ficarão para depois numa possível, mas não certa, continuidade do Didaticário e da série Como Me Tornei Professor.
Gratidão a vocês que me acompanharam nesses 3 meses e 77 postagens. Como canta Luiz Ayrão, qualquer dia, qualquer hora, a gente se encontra, seja como for, pra falar de amor, porque como diz Paulo Freire, a educação — e por extensão a Didática — é um ato de amor.