sexta-feira, 2 de maio de 2025

EXISTE MESMO INCLUSÃO? (Hanna Caroline)

Queridos colegas e professor Eduardo,



Bom, finalmente a primeira ida à escola deu certo! Mas irei começar do início. No dia 30/04/2025, acordei às 3 horas da manhã, pois nesse dia precisava sair muito cedo para ir trabalhar. De manhã eu sou muito lesada, e precisava resolver algumas coisas e estar pronta às 6h30 com a mochila cheia para poder sobreviver a um dia que terminaria somente às 22h. No trabalho, eu estava uma pilha de nervos: nervosa sobre como chegar à escola, com medo de ir sozinha e me perder, com dúvidas se eu conseguiria almoçar... Enfim, a mais pura e bela ansiedade do desconhecido.

Bom, às 11h da manhã daquele dia, chegou a hora de encarar essa ansiedade. Uma das preocupações era se eu conseguiria almoçar, e infelizmente não consegui. A fila do RU estava quilométrica (exagerada, né?) e eu não quis encarar, pois chegaria muito atrasada à escola. Isso fez com que meu almoço fosse uma garrafa de água e um biscoito recheado. Ao chegar à parada, já cega de tanta ansiedade, não vi o logo de cara, mas logo fui chamada a atenção pelo Sandrak, o que me trouxe um alívio imediato: eu não iria mais sozinha nem me perder e, se chegasse o caso de me perder, ainda assim não estaria só. O caminho foi rápido. Fiquei impressionada e agradecida pelo fato de a escola ser próxima à UFC.

À primeira vista, achei linda a praça onde a escola se encontra. Fiquei encantada pelas árvores. E, pelo lado de fora, a escola parecia tão pequenininha que fiquei me perguntando: "Como deve caber tanto aluno aí dentro?" Mas logo entramos e percebi que ela não é pequena como aparenta ser por fora. Já no pátio, fiquei impressionada com como os "meninos grandes" são comportados. Eles chegam e se sentam para esperar a hora de ir para as salas, em fila. Eu, que trabalho com educação infantil e vejo as crianças menores sempre por todo lado, fico admirada quando vejo essas crianças maiores sentadas, esperando pacientemente.

Eu e a Milena escolhemos ficar com a turma do 1º ano, por acharmos que seria uma boa turma de se pegar. E, pasmem, vencendo mais uma vez minhas expectativas: foi mesmo! A turminha é simplesmente maravilhosa, crianças super inteligentes, participativas, engraçadas, e a professora também é muito legal. Mas acho que, a essa altura do campeonato, vocês devem estar se perguntando (ou não, né?): por qual razão, no meu título, eu perguntei se existe inclusão?

Bom, logo de início, chegou uma menininha somente com um saco com lanche. A professora se aproximou de mim e da Milena e perguntou se poderíamos ajudar, pois essa menininha tinha dificuldade em escrever o que estava na lousa. Logo percebi que ela escrevia bem o que estava no quadro, demorava um pouco mais que as outras crianças e tinha dificuldades com algumas letras, o que me parece super normal, pois eu me recordo que na idade dela eu tinha bastante dificuldade com letras também, Inclusive como ela, em escrever a letra "S". Mas ela não falava. No máximo, apontava e balançava a cabeça. E percebi que, por esse motivo, ela era deixada de lado. E isso me incomodou. Ao abrir o livro de atividades dela, percebi que mal havia atividades feitas. Fiquei me perguntando: será que a cuidadora dela tem paciência para ajudá-la nas atividades? Ou será que, por ela demorar mais para responder, simplesmente deixam essa parte de lado? A professora busca, ao longo do dia, incluí-la nas atividades? Ou a deixa apenas de corpo presente na sala?

Enfim, muitas perguntas surgiram e também muita tristeza. Porque sei que isso não acontece só nessa turma, nem só nessa escola. Na escola onde trabalho, também existe essa exclusão: crianças que passam todo o tempo fora de sala, para que a professora possa "dar sua aula".

Em que parte da profissão nos permitimos olhar apenas um laudo e, com base nele, nos sentimos no direito de "jogar" a criança para uma cuidadora e esquecer da existência dela? Mas isso foi só um recorte que vi, de dias que ainda não vivi. Espero que não seja assim. Espero que essa menininha tão inteligente e tão "na dela" seja, de fato, incluída. Pois ela, assim como todas as crianças merece uma educação atenciosa e não ser só um corpo presente em uma sala de aula.



Beijos de coração, Hanna Caroline 


Nenhum comentário:

Postar um comentário