sexta-feira, 30 de maio de 2025

FAZ O "L" (Milena)

Na quarta eu estava muito desanimada para ir à escola porque minha terça tinha sido muito cansativa, mas acabei resolvendo ir. O ônibus acabou atrasando e comecei a sentir o desânimo dando espaço pra culpa por chegar atrasada, mas parece que, naquele dia, várias pessoas chegaram atrasadas também, então a culpa acabou se diluindo. 

Entrei, dei boa tarde às crianças e comecei a conversar com algumas sobre os cartazes e alguns desenhos que estavam na sala. Uma das crianças me falou que era um polvo, mas a auxiliar me explicou que, na verdade, era uma água-viva e que esse era o tema da feira de ciências deles. Achei o máximo e busquei, na memória, todo o meu repertório sobre águas-vivas para dialogar com a criança que achou que era um polvo. Então, comecei a explicar para ele usando o desenho do Bob Esponja como exemplo porque no desenho ele e o Patrick caçam águas-vivas.

Aí você me pergunta: funcionou? Na verdade, não! Ele me disse que era desenho antigo, coisa de velho e que ele não assistia. Algumas crianças até arriscaram o nome de alguns personagens, mas só conheciam o Bob Esponja e o Patrick.

Parece que na aula anterior as crianças tinham ficado responsáveis por fazer pesquisas para a feira de ciências. Então naquela aula alguns trouxeram cartazes, outros trouxeram águas-vivas produzidas por eles, outros trouxeram imagens e uma criança trouxe 10 curiosidades sobre as águas-vivas. Eu meio que saí de lá especialista em águas-vivas, então aí vão duas coisas que ainda lembro: elas são imortais e brilham no escuro.

Em seguida, começaram a estudar a letra do dia, que era o L. A professora escreveu na lousa, fez o sinal da letra com a mão e pediu para eles fazerem o L. Ao ouvirem "Faz o L", algumas crianças começaram a gritar: "Lula, Lula, Lula, Lula!". Fiquei pensando no autocontrole da Larissa porque em nenhum momento ela riu; apenas acalmou os ânimos das crianças e seguiu a aula. Essa disciplina de não rir das coisas que as crianças falam eu ainda não tive porque nunca consigo evitar. Naquela tarde, eles aprenderam não só o LA - LE - LI - LO - LU - LÃO, mas também que o L pode ter som de U.

Enquanto a Larissa fazia outra atividade com as crianças, ela pediu que eu e a Hanna trabalhássemos as vogais com duas crianças que ainda não identificam as letras. Recebemos um alfabeto móvel para realizar a atividade com as meninas, e o que eu peguei tinha letras bem grandes. Iniciei mostrando todas as letras para identificar quais ela conhecia. Ela conhecia as vogais, mas, das consoantes, não conhecia nem a inicial do próprio nome, embora tenha decorado como escreve. Das consoantes, ela só conhecia o S, X, V, B, H e M. Ela também não reconheceu a letra L que foi a letra estudada momentos antes. Além disso, tentei montar palavras fáceis com ela, como BOLA, mas ela não associava a letra ao som, então quando eu mostrava a letra B para ela era como se aquilo não significasse nada.

Ao terminar, a Larissa perguntou minhas percepções sobre a atividade que realizei e conversamos um pouco sobre possíveis abordagens. Ela também me ensinou como iniciar a leitura de palavras quando a criança já reconhece as letras.

Após a conversa, a Larissa pediu ajuda para anotar na agenda das crianças que, no dia seguinte, haveria aula. Fui colocando o recadinho e, quando cheguei no Mateus (nome fictício), ele perguntou o que eu estava escrevendo. Respondi que era um recado para a mãe dele, informando que amanhã haveria aula, e ele prontamente respondeu que não ia vir porque não ia ter aula pro irmão dele, e só ele ir pra aula era muito injusto. Achei bem curiosa a percepção dele de justiça, mas, internamente concordei com ele.

O recreio chegou e eu e a Hanna saímos, mas decidimos voltar pra sala. Fiquei deitada lá e confesso que foi uma ótima escolha, porque era bem menos barulhento. O recreio acabou e as crianças voltaram para a sala. A Larissa tinha comentado mais cedo, uma atividade que ela queria realizar com as crianças naquela tarde: um ditado mudo, que consistia em mostrarmos plaquinhas com palavras para que as crianças, em duplas, lêssem baixinho e fizessem o desenho correspondente no caderno. Eu e a Hanna fizemos 12 plaquinhas com palavras fáceis, médias e difíceis, enquanto a Larissa ia desenhando os 12 espaços pros desenhos no caderno.

Pensei que ela ia fazer a atividade, mas ela deixou eu e a Hanna conduzirmos e foi um sucesso! As crianças adoraram. Ao longo da atividade, também fomos adaptando, chegando mais perto das crianças que não estavam conseguindo ler direito, ajudando a juntar as sílabas e escolhendo palavras mais fáceis quando alguma criança não estava conseguindo acompanhar. Acredito que o único problema foi que não nos atentamos ao fato de que as duplas continuaram as mesmas desde o início da aula e em algumas, acabaram ficando duas crianças que tinham dificuldades semelhantes. Mas ficou de aprendizado para melhorarmos nesse quesito na próxima atividade. Enfim, foi uma tarde proveitosa, bastante agradável e fiquei bem contente por não ter faltado. Nada como um dia bom para dissipar um dia ruim!

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