segunda-feira, 26 de maio de 2025

FIONA, A PEDAGOGRA (Eduardo)


Eu já havia tentado assistir a Shrek algumas vezes, mas desisti pela metade. Não cativou a minha atenção. Mas em seu relato da semana passada, a Lori trouxe uma citação do filme sobre os ogros serem como uma cebola e suas várias camadas, e resolvi tentar mais uma vez.

Não sei se foi a gripe prolongada, e sua sensação de corpo pesado, mas desta vez consegui ver até o final. E mais do que o Shrek, mesmo com suas camadas, quem me chamou a atenção foi a Fiona, a princesa encerrada na torre de um castelo, mantida presa por um dragão, esperando um príncipe encantado que a salvasse.

Não só Fiona é libertada não por um príncipe, mas por um ogro, mas descobrimos que, sob uma maldição, ela se torna uma ogra todas as noites. E, no final, em vez de ter o feitiço desfeito e voltar a ser humana, Fiona se transforma permanentemente em ogra pelo beijo de amor verdadeiro de Shrek.

Então fiquei pensando que se as camadas da cebola são uma boa analogia para a personalidade de um ogro, o conflito de Fiona também pode ser uma boa analogia para o estágio escolar supervisionado. No início a expectativa de um resgate romântico, idealizado, inspirado por príncipes teóricos encantados que hão de nos livrar da prisão da realidade sombria. Mas o príncipe só pensa em se tornar rei, não está nem aí pra Pedagogia, manda um ogro para salvá-la apenas para garantir sua promoção de posto.  E esse ogro que nos salva mas que, assim como uma cebola, fede e faz a gente chorar, é negado e desprezado. Até que descobrimos que a Pedagogia é meio ogra, embora tenha vergonha de admitir e deseje ser apenas uma linda princesa da Disney.

A história fica ainda mais surpreendente porque o mediador da resolução do conflito não é nenhum grande sábio, um estudioso renomado, mas um burro. É por meio dele que Fiona descobre o amor verdadeiro em vez do amor idealizado. Um burro que faz o convite para vivenciarmos o feio real em vez da bela ilusão. 

A escola não é castelo, é pântano. Não tem príncipes e princesas, tem ogros e ogras com suas camadas que nos parecem feias e fedorentas, mas que são reais, de carne e osso, vivendo, sofrendo, trabalhando.

Fiona Pedagogra já fez a sua escolha. E a nossa escolha, qual será?

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