Quarta foi nosso primeiro dia na escola. Eu cheguei bem cedo, fui de uber moto e mesmo colocando o endereço certinho, nós ficamos meio perdidos porque a entrada é meio escondida entre as árvores. Mas vi algumas crianças fardadas na pracinha e olhando de longe consegui enxergar o letreiro na parede que dizia "Escola Alba Frota".
Quando entrei, foi meio intrigante observar que as crianças chegavam e automaticamente sentavam no chão se organizando em filas. Bom, pelo menos no meu tempo e nas outras escolas que já frequentei, isso não é muito comum. Comentei com a minha dupla, a Hanna, e ela falou que devia ser a rotina deles, que eles nem questionavam mais porque já estavam acostumados. Nós conversamos um pouco e decidimos escolher o primeiro ano porque seria mais "fácil", pelo menos pra gente.
As crianças foram bem receptivas, nos desejaram boa tarde e acenaram antes mesmo da professora nos apresentar. Ela conversou com a gente e questionou se era só observação ou se nós podíamos ajudar, e, então explicou que na sala tinha uma criança autista e uma criança que tinha dificuldades para escrever. Ela queria que ajudassemos a criança (vou chamá-la de Lua) que tinha dificuldades com a escrita. Eu e a Hanna nos disponibilizamos a ajudar, sentamos perto dela e tentamos conversar com ela, que não respondeu nenhuma das nossas tentativas de interação. Encarei como timidez, mas depois descobri que a Lua não falava, mas esqueceram de avisar pra gente.
Outra coisa que percebemos é que ela conhecia as letras e às vezes esquecia algumas, mas quando incentivada, ela acabava lembrando.
Mais tarde, conversando com a professora sobre o sobrenome da Lua, descobri que o pai dela é árabe e que a mãe dela falou para a professora que em casa ela conversava bastante, que só não falava na escola. Mas, a professora comentou que nunca viu ela falando.
A Lua, acredito que pela barreira da fala, acaba ficando excluída. Ela não interage com as outras crianças, não leva nenhum material escolar ou atividades para casa e a única coisa que traz de casa é o lanche. Os livros dela ficam divididos numa parte da estante, mas a maior parte das atividades estavam em branco. Na hora do recreio, ela ficou o tempo inteiro sentada sozinha observando as outras crianças brincarem e quando voltamos do recreio para a sala, tinham esquecido ela do lado de fora na mesma cadeira que deixaram ela sentada pro recreio.
Depois do recreio auxiliamos numa atividade bem dinâmica, era uma dança das cadeiras com leitura de palavras. A hanna tentou incentivar a Lua a participar, mas mesmo segurando na mão dela, ela não demonstrou muito interesse e acabou não participando.
Por fim, deixo aqui os pontos altos do primeiro dia:
Teve uma atividade para as crianças desenharem o que queriam ser quando crescessem e uma colocou que queria ser uber; Na primeira aula as crianças estavam estudando o gênero convite e uma criança me pediu para ensinar a ele como escrevia Bolsonaro; e, assim que cheguei na sala, reparei que tinha um emocionômetro na parede e fiquei pensando como o professor ia amar. Por hoje é só!
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