O dia começou como de costume, atividade de português, exercitando a interpretação textual. A escola estava mais barulhenta que os outros dias e para ser sincera eu já estava dispersa por estar doente e com a sensação de ouvidos tampados e o barulho me deixou mais alheia ainda. Coincidentemente a professora também estava mal, até brincou dizendo que tinha pensando em ir embora e deixar a turma por nossa conta, mas que tinha passado por isso na própria graduação e não foi legal e por isso não faria — falou em tom de brincadeira, claro. Apenas respondi " que os oprimidos não virem os opressões" rindo da situação.
Diante disso algumas frases sobre estar cansada e exausta foram soltas. Ela está nessa escola apenas há 6 meses e relata que já está se arrependendo de ter mudado. Entendi naquele momento que realmente tudo ali era complicado, o espaço interno e o barulho externo, a acústica da sala e uma professora que dava conta de alfabetizar de repente no 5° ano. Aos meus olhos as crianças se comportam como aquelas de 5° ano mesmo. As brincadeiras e os desleixos de indivíduos que estão começando a ter que lidar com responsabilidades visto que muitos deles tomam conta do próprio material escolar e que pelo o que notei se esquecem com uma certa frequência. Nada fora do normal, mas que para uma professora que estava acostumada com os menores que certamente tinham mais intervenções dos responsável está sendo desafiador.
Mudando a perspectiva, os alunos estavam mais tranquilos, mais desfocados, mas sem muitos alardes. Muitos não concluíram a tarefa, parece que não há motivos para fazer, nem que seja copiar as respostas do quadro. A professora logo em seguida começou um breve assunto de geografia pois teria ensaio após o recreio então ela aproveitou para adiantar. Observei que eles se engajam mais em geografia e logo deu a hora do intervalo.
No intervalo o de sempre, almoço. Até que fomos "benzidos" como disse a Letícia. Foi benzido? Ou abençoados ? Não me lembro, mas foi algo assim. Uma criança, a mesma da grande pauta da última sexta. Ela passou por nós, a princípio dando nossa presença (ela estava contando quantos éramos), depois um beijo do lado direito do rosto, mais uma rodada de beijo no lado esquerdo, exceto que eu recebi no mesmo lugar,direito. E de novo com uma bagunçada no cabelo e mais uma rodada de beijo no braço… Será que a ordem foi assim? Não sei, sei que fomos acalentados por ela naquela tarde, foi divertido e caloroso. Eu só fui saber que essa era a tal criança do relato depois. O recreio havia terminado e fomos olhar o ensaio.
Formaram-se as filas e começam a coreografia. Mas tudo que vinha na minha cabeça era " se eu fosse supor como aquela criança era mediante o que aquela profissional estava pensando, eu chutaria que ela era uma criança agressiva.." cheguei até compartilhar com meus colegas sobre essa reflexão, sobre jamais pensar que aquela criança de alguma forma desencadearia tal reação. Confesso que fiquei um pouco triste de relembrar essa situação e mais ainda de colocar rosto e personalidade à aquela que estava apenas na minha imaginação.
Logo acabou o ensaio e voltamos para sala, aula de geografia. O assunto era sobre miscigenação. A professora foi explicar o que era e porque nós éramos um país miscigenado. Desenhou o mapa do Brasil na lousa e foi falar sobre colonização, até que o Luís que estava ao meu lado pergunta: " Tia, em que lugar todo mundo pode ser um carro? " Pensei e respondi que não sabia, e ele respondeu "Sergipe" eu soltei uma mini gargalhada sincera. Foi o bastante pra deixar me deixar leve, até cheguei em casa e fiz a mesma piada para o meu namorado e ri de novo da mesma piada.
Por fim, a aula acabou rápido. Me despedi da professora, desejei melhoras e tomei um rumo a minha casa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário