quinta-feira, 1 de maio de 2025

DAS FRUSTRAÇÕES AOS ABRAÇOS ( Emily Karoline Freire Gomes)

O estágio começou bem antes de eu chegar na escola. O primeiro passo do meu dia foi respirar e tentar deixar para trás todas as frustrações que o cotidiano me trouxe. Lembrei de um lema que sempre sigo: "Deixe seus problemas fora da sala de aula". Com essa ideia em mente, fui almoçar (ou melhor, engolir um prato rápido) para conseguir pegar o Uber a tempo. O sol estava imenso, derretendo tudo, e a marquinha da blusa em meu corpo já começava a aparecer. Cheguei na escola e logo fiquei em dúvida: onde é a entrada mesmo? Quando vi algumas crianças com o uniforme amarelo, percebi que a direção estava ali.

Como cheguei bem mais cedo do que o esperado, a ansiedade tomou conta. Estava à espera de uma nova experiência, mas ninguém da minha turma havia chegado ainda. A ansiedade estava tão forte que até parecia que eu estava começando um primeiro dia de aula, mas no meu caso, eu é que seria a "nova aluna"!

Quando o horário de abertura dos portões finalmente se aproximou, o resto da turma chegou e pudemos entrar. A expectativa era grande porque, antes de mais nada, tínhamos que saber qual turma íamos trabalhar. Fiquei ali, observando os rostos das crianças e pensando: "Será que essa turma é a minha?" No fim, fomos alocadas para a turma do 4º ano.

Entramos na sala e conhecemos a professora de Ciências, que nos revelou a novidade de que estava prestes a se aposentar. Olhei para minha dupla e pensei: "Chegamos com tudo!" (Tudo desmoronando, brincadeira!). A professora nos deu as boas-vindas e seguimos para as cadeiras no fundo da sala, até que um aluno, K, nos interrompeu e disse: "Agora vocês têm que se apresentar para a gente!" Todos começamos a rir, e ali, o gelo foi quebrado de vez.

Fizemos nossa apresentação e falamos sobre o que faríamos ali e como iríamos trabalhar com eles. As crianças ficaram super animadas, e não faltaram ideias. Principalmente, sugeriram atividades que envolvessem educação física e que saíssemos da sala de aula – isso me fez pensar sobre como a educação não pode e não deve ser limitada apenas ao ambiente escolar. A primeira aula foi de Ciências, onde estavam estudando combustíveis. Lembrei de todo o caminho que percorri até ali e me impressionei com a forma como os alunos estavam trocando conhecimentos de maneira espontânea e descontraída. Quando a professora perguntou como eles sabiam sobre o tema, um aluno respondeu, com toda a naturalidade: "Não tia, porque a gente sabe!"

Essa resposta simples me fez refletir sobre como é importante valorizar o conhecimento prévio dos alunos. Essa troca entre eles foi um dos momentos mais ricos do dia, e me senti realmente parte dessa jornada de aprendizagem.

Na segunda aula, de Matemática, percebi como os alunos estavam ansiosos para aprender e dispostos a tirar dúvidas. Havia uma competição saudável entre eles e uma verdadeira vontade de participar. Eles estavam atentos, perguntando e se ajudando mutuamente. Isso me fez pensar sobre como a troca entre os alunos pode ser tão rica, e como a sala de aula pode ser um espaço de colaboração genuína.

Antes de ir embora, dois alunos correram até mim e minha dupla, nos abraçaram e disseram: "Tchau, até a próxima semana!" Esse gesto, simples, mas sincero, me fez perceber o quanto cada momento ali foi importante. Cada troca, cada sorriso, trouxe um aprendizado significativo.


Para finalizar:

E ao final do dia, o que mais ficou,
Foi o abraço que a alma tocou.
Entre dúvidas e sorrisos sinceros,
Aprendi que o ensino é feito de gestos eternos.

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