sexta-feira, 16 de maio de 2025

REALIDADES INFANTIS E ESCOLARES (Ana Beatriz Silva dos Santos)

No dia 14 de maio, as crianças estavam aprendendo algumas palavras com "gu" e "qu", com base na correção de atividades do livro didático. A proposta do dia também envolvia o trabalho com histórias em quadrinhos (HQs), no entanto, observei uma limitação importante: a biblioteca da escola não possui HQs em seu acervo, o que impede que os alunos tenham uma experiência mais concreta e prática com o gênero textual.

Outro ponto que chamou atenção nesse dia foi o estado de saúde de algumas crianças. Muitas apresentavam sintomas como vômito, tosse e dor de barriga. Ao observar seus lanches, percebi que boa parte consumia alimentos pouco nutritivos, como refrigerantes, salgadinhos industrializados e frituras. Conversei brevemente com uma aluna que estava passando mal e, ao perguntar sobre sua alimentação, ela respondeu que não havia outra opção em casa e que só gostava de "açaí com leite em pó, Nutella, marshmallow e M&M's". Essa situação me fez refletir sobre a influência da alimentação no bem-estar das crianças e sobre a importância da escola como espaço de educação alimentar e nutricional.

Durante uma das atividades, presenciei uma fala da professora que me causou desconforto: ao separar dois alunos, ela disse "Você é um menino tão aplicado, esse aqui não faz nada, melhor ficar longe mesmo". Considero esse tipo de distinção bastante prejudicial, principalmente para a autoestima e inclusão da criança que enfrenta dificuldades. Tais comentários, mesmo que ditos sem intenção de ofensa, podem reforçar estigmas e contribuir para a exclusão social dentro da própria sala de aula.

Ao final do dia, conversei com a professora sobre as realidades de algumas crianças da turma. Ela relatou que muitos alunos apresentam dificuldades de aprendizagem e distração com facilidade, e que, mesmo com contato frequente com as famílias, certas situações continuam sem resolução. A docente também mencionou casos de vulnerabilidade social e financeira, como o de um aluno que, mesmo vomitando três vezes durante o período da tarde, precisou permanecer na escola por não haver meio de comunicação com os responsáveis, já que os pais não possuem celular.

Essa experiência foi marcante e trouxe reflexões importantes sobre a realidade enfrentada pelas crianças no ambiente escolar, bem como sobre o papel da escola em acolher, apoiar e buscar soluções, mesmo diante de contextos tão desafiadores.

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