sexta-feira, 23 de maio de 2025

A AVENTURA DE MARIANA (Milena)

Na quarta-feira, as crianças estudaram a família do V. É uma turma muito participativa, então, em alguns momentos, a sala fica bem barulhenta porque todos querem responder, ficam ansiosos para ter sua resposta ouvida e escolhida, e alguns até levantam e chegam perto da professora para responder. A maior dificuldade das crianças com a letra V é que elas confundiam com o som da letra F. Então, quando a Larissa pedia uma palavra com VA, eles respondiam com FAca.

O primeiro tempo seguiu com as atividades de Língua Portuguesa e, como sempre, agenda, copia e cola, recados na agenda para pedir que, na aula seguinte, a criança trouxesse o livro que esqueceu, e eu, a Larissa e a Hanna reclamando do calor. O de sempre.
Enquanto eu auxiliava as outras crianças, a Hanna estava ajudando uma delas, a Lua, que tem mutismo seletivo e nunca reage a nada. Até para ir ao recreio precisamos pegar na mão dela, senão ela não anda. Mas naquela tarde, a Hanna conseguiu fazer ela rir. E foi tão inesperado que eu e a Larissa nos entreolhamos e começamos a rir também.

Faltando alguns minutos para o recreio, sentei perto de uma pilha de livros infantis e comecei a folhear um. As crianças chegavam devagarinho e começaram a pegar livros também. Uma delas pediu que eu lêsse uma história. Era um conto de fadas. Perguntei se ela conhecia os personagens da capa, e ela foi nomeando. Foi um momento bem interessante porque a menina é venezuelana e falava os nomes dos personagens em espanhol.

Após o recreio, tivemos um ensaio geral para a apresentação do Dia das Mães. A Lua não participou porque ficava parada, imóvel. Então, comecei a conversar com ela e, embora não obtivesse nenhuma resposta, pedi que ela balançasse a cabeça se era sim ou não. Ela permaneceu quieta, mas me olhando com curiosidade, e eu continuei falando. Acho que, em algum momento, ela percebeu que eu não ia ficar calada e começou a balançar a cabeça respondendo às minhas perguntas.

Na volta para a sala, ela esperou que eu pegasse sua mão. Falei para ela que sabia que ela conseguia ir sozinha e dei dois passos à frente, chamando ela. Acredito que ela achou a situação engraçada, porque ficou sorrindo (algo que não é muito comum, pois nunca esboça reação nenhuma) e andando bem devagar. Continuei chamando e esperando. No tempo dela. Ela ia em passos lentos, mas ia. Em alguns momentos, eu virava de costas e ela parava; então, eu virava novamente, e ela ficava rindo. Uma das auxiliares viu a cena e me falou que, se eu pegasse a mão dela, ela andava mais rápido. Mas eu não tinha pressa, deixei ela vir sozinha no tempo dela.

Quando voltamos para a sala, uma das crianças me entregou um livro pedindo que eu lesse. A professora achou a ideia interessante e pediu que eu lesse para toda a turma. Era um livro bem legal, em rimas, que contava a história do passeio da Mariana. No livro, o avô ia com ela para uma aventura especial: a biblioteca. Gostei de ler para eles, e alguns até abaixaram a cabeça para ouvir a história. O problema é que, no meio do livro, eu já estava cansada de ler.

Acontece que eu só peguei o livro que uma criança tinha sugerido e esqueci de folhear antes de começar a leitura. Então, era uma história ENORME, e o arrependimento foi tomando conta de mim aos poucos. Mas eles acabaram ouvindo a história inteira. Coitados. Depois da leitura perguntei se eles tinham gostado, a maioria respondeu que sim, mas alguns disseram que não. Eles estavam com livros em mão e uma criança pediu que eu lesse outro, mas eles tinham mais atividades para fazer. Por fim, treinaram letra cursiva e a tarde se encerrou.


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