Dia 30/04/2025 – Quarta-feira
Agora sim, nosso primeiro dia de verdade na escola. Acordei às seis da manhã com o coração pulando feito pipoca na panela, ansiedade e expectativa dançando juntas. Fui arrumar minha mala e já começar o dia no ritmo do trabalho e nesse dia o trabalho foi pesado, com tintas e cola quente, eu fiquei só a capa do Batman.
Consegui almoçar, o almoço? Mais rápido do que ligeiro. Tive até que comer peixe no escuro (E olha… deu tudo certo, viu?).
Lá pras 12h30 comecei a chamar o Uber — já me preparando psicologicamente pra demora, mas, por um milagre que só pode ter vindo direto do céu, ele aceitou rápido! Subi na garupa duvidosa e fui. O Uber rodou tanto, mas tanto, que deu tempo de fazer marquinha da manga da blusa de tanto sol batendo no braço. Quando finalmente descemos, eu estava mais perdida que agulha em palheiro, só consegui me localizar porque vi uns alunos de farda e fui atrás. (Já pensou se eles não estivessem indo pro mesmo local que eu? Eu ia parar onde?).
Cheguei. Aquela entrada minúscula, tímida, quase escondida… me levou direto pra uma experiência gigante, daquelas que você guarda na memória com brilho. Os alunos estavam no pátio pra acolhida, e eu e minha dupla ficamos ali, observando tudo com olhos curiosos e coração aberto. Sem julgamentos — até porque eram eles que nos olhavam com aquela cara de "quem são essas aí?" — tipo assim: 🤨
Depois de um bom tempo batendo cabeça (no bom sentido), escolhemos a turma do 4º ano. O professor nos levou pra conhecer a professora S. Logo de cara, ela contou que já estava perto de se aposentar. E lá fui eu, do nada, pensando no futuro: "E quem vai ficar com a turma depois dela?". Mas respirei fundo e pensei: Não vamos sofrer pelo futuro, ainda nem começamos o presente.
Entramos na sala com cuidado, tentando não atrapalhar a dinâmica que já estava rolando. Foi quando a aluna Q disparou: "Ôhhh que bonita!". Eu? Fiquei toda sem jeito, claro. Mas nem deu tempo de me esconder, porque o aluno K já interrompeu geral com um grito: "NÃOOOO, agora vocês têm que se apresentar pra gente!". E ali, naquele exato momento, eu soube: estávamos acolhidas.
Nos apresentamos e, conforme a tarde foi passando, pude sentir o quanto aquelas crianças queriam estar ali (a maioria, né? Porque criança também tem dia difícil!). Elas pediam pra ler, levantar a mão, participar. Aos poucos, começaram a pedir nossa ajuda, contar suas histórias, dividir o universo particular de cada uma.
Eles estavam em duplas, e a maioria era composta por um leitor e outro em processo um ajudando o outro.
Na segunda aula foi matemática. A professora AM se mostrou bem acolhedora, mesmo com o tempo sendo menor do que as obrigações que ela tinha. Ela tentou nos acolher da melhor forma possível e dava pra ver o quanto era querida. As crianças estavam nos solicitando ainda mais nas atividades, buscando apoio, querendo compartilhar seus avanços ou dúvidas.
A aluna Q estava na fase de reconhecimento das letras. Fui ajudá-la com uma atividade e era nítido o quanto ela ficava feliz. Ela não aceitava fazer diferente dos colegas, queria fazer igual, pertencer. E cada acerto era uma festa nos olhos dela. O mais bonito? As outras crianças vibravam junto com ela. Era como se o progresso de uma fosse vitória de todos.
Que dia…
E quando a gente acha que já viveu tudo, vem o final. Quando estávamos indo embora, eu e minha dupla ganhamos um abraço — daqueles que apertam a alma — de dois alunos cheios de amor, carinho, gratidão.
E é isso, sabe? No fim do dia, é esse abraço que te dá força pra levantar no dia seguinte.
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