quinta-feira, 29 de maio de 2025

DITADO MUDO? (Hanna Caroline)

Essa quarta, como basicamente todos os meus dias, começou comigo atrasada! Que de acordo com meu irmão não é nenhuma novidade. Eu sempre tento fazer tudo o mais cedo possível que chegou a um ponto que eu mal durmo pra tentar não me atrasar, acredito que eu tenha o dom do atraso, o que me deixa completamente irritada e esquecendo muitas coisas durante o dia. E nessa quarta eu também cheguei atrasada e morta de fome no ru, que como sempre também estava lotado, com uma fila enorme onde fiquei uns 10 minutos nela impacientemente. Mas dessa vez decidida a comer com calma, pois não aguentava mais engolir a comida e sair às pressas. 

Entretanto, nessa quarta eu tive companheiros de atraso, o que na minha cabeça ficou uma situação mais leve, não estava só. Felizmente não foi um atraso absurdo, então tudo deu certo para um começo de tarde. 

Acredito que de todas as quartas essa foi a que a sala estava mais lotada, acho que só faltou 1 aluno, fiquei me perguntando se era por conta da paralisação dos professores que ia ocorrer na quinta e os pais decidiram mandar todas as crianças na quarta. Mas apesar da lotação do primeiro ano, foi uma tarde bem produtiva. Onde por mim já pode ser considerado o nosso primeiro dia de regência. Demos um suporte maior a professora, a pedido dela realizamos atividades com alunas que tinham mais dificuldades e comparadas com a turma estavam para trás. Era preciso trabalhar vogais com elas, eu me disponibilizei a reforçar as letras com a Lia (nome fictício), e percebi que a maior dificuldade dela é a insegurança. Ela parecia bem receosa em responder minhas perguntas, respondia qualquer letra sem nem olhar para aquela que eu estava mostrando. Mas eu insistia, brincava e ela ia raramente tentando e quando ela acertava ficava super feliz e com um ar de surpresa como se não acreditasse que ela tinha acertado algo. Conversando com a professora, ela também citou que notou a insegurança da Lia e ela acredita que seja pela dificuldade que a mesma tem em falar, o que a deixa retraída e preferindo ficar em silêncio. Perguntei se ela já havia conversado com a mãe da Lia sobre a levá-la ao fono, ela disse que a mãe inventa que está em uma fila esperando ser chamada, mas já faz tanto tempo que ela diz isso que a professora disse que é mentira dela. Isso me entristeceu, pois em uma sala de 20 alunos, não têm como dar atenção individualizada para cada um e existem tantos ali que necessitam dela.

Dessa vez, na hora do intervalo eu e Milena decidimos ficar em sala, o que foi uma paz para mim. Essa nossa ideia de ficar na sala foi um alívio mental. Após o intervalo a professora deu mais uma tarefa pra nós, produzir plaquinhas com palavras fáceis, médias e difíceis. Nessa produção, além de ter certeza que minha letra é feia, eu descobri que não sei escrever letras tão grandes assim. Mas no fim deu certo, eles entenderam minha letra, e assim realizamos o primeiro ditado mudo da minha vida. Como as crianças são bem competitivas e participativas, foi bastante divertido. Nessa dinâmica eles ficavam em dupla, leriam a placa o mais baixo possível e só diria para sua dupla qual palavra foi lida e assim eles desenhariam no caderno. Apesar de ter sido ótimo, teve um momento que o Nate (nome fictício) que apesar de já também está conseguindo ler, não era tão rápido como os outros e ele teve dificuldade para ler o nome "livro" o que fez ele chorar e pensando nas outras crianças com dificuldade também, se eu pudesse voltar no tempo, eu teria conversado com a Milena e a professora para fazer duplas com os que já estavam conseguindo formar palavras com os que tinham mais dificuldades.  Assim todos se divertiam e se ajudariam.


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