sexta-feira, 11 de julho de 2025

MAIS UM DIA (Renata Feitosa)


Hoje eu acordei no mood " só os loucos sabem". Trabalhar na escola não é fácil, principalmente na rede pública. Era mais uma segunda feira, que eu iria com um pouco mais de bateria que todos os outros dias pelo semi descanso que tive no final de semana, digo semi descanso, porque sempre levamos trabalho pra casa. 


Bom, cheguei na escola com a mente forte de que seria um bom dia. Dei bom dia a todos por quem passei no colégio. 


Peguei minhas crianças que já estavam em fila no pátio aguardando para ir para sala. Chegando lá, arrumei minhas coisas na mesa a medida em que os alunos iam se acomodando e outros chegando. 


No primeiro momento perguntei a todos como foram seus finais de semana como de costume. Sem mais delongas, adentramos no conteúdo de matemática que seria formas geométricas, que foi interessante ver a associação quase que imediata de objetos do cotidiano. Mas o barulho estava enorme, como se já não fosse o bastante o próprio ambiente escolar, estavam fazendo algum tipo de obra na praça em frente. 


Deu o intervalo, e eu fiquei em sala, a sala dos professores é muito pequena, além de ficar obviamente lotada nesse período. Como meu lanche como se fosse a última coisa do dia, para ver se eu recupero as energias que eu já gastei. 


Pisquei dois segundo e lá vem o temido toque. — mas, já?. Pensei. É, não temos tempo de tomar uma água direito. Pois bem, fui buscar as crianças no pátio, e aí começa a corrida contra o tempo. 1h30min para sentarmos, acalmarmos os ânimos e passar um conteúdo. E para piorar, era português, algo que requer concentração e uma boa interpretação. O que é quase impossível visto que eles estão agitados e poucos mesmo são alfabetizados. É uma grande luta de tampar um lugar e desfalcar em outro, pois no momento que ajudo de forma mais individual a sala vira uma feira.. mas assim seguimos dando o meu melhor, embora saiba que o meu melhor muda pouquíssima coisa. 


Hoje foi um dia como todos os outros, ainda bem, mas saí com aquela dor de cabeça, dores na lombar e uma penca de pensamentos sobre como eu ajudaria aqueles que sequer reconhecem as letras e já fazem avaliações que eu mais dou as respostas do que eles de fato fazem, mas eles são obrigados a fazer, todas as questões por mais que não saibam, e isso vai passar e passar e o desfalque vai ficar cada vez maior como uma grande bola de neve. Mas não há nada que eu possa fazer, isso é frustrante, mas sigo com garra de tentar mudar pelo menos um deles. 


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