quarta-feira, 16 de julho de 2025

ERA PARA SER UM DIA CALMO (Thalita D. )

Acordei cedinho, às 5h. O clima estava agradável, mas parecia cinco vezes melhor na minha cama. Felizmente, consegui vencer a batalha e levantei.

6h45 – Cheguei à escola e aquele silêncio ainda reinava, mas logo os primeiros alunos chegaram. Como diretora, respirei fundo e me preparei para o dia, torcendo para que fosse tranquilo.

7h20 –Já chegou o primeiro B.O.: uma aluna estava passando mal. A professora do 4º ano veio apressada:
"Diretora, a Alana tá muito pálida e reclamando de tontura."
Fui até a sala. A menina estava encolhida na carteira, de cabeça baixa. Conversei um pouco com ela para entender o que estava acontecendo. Levei-a para a direção enquanto pensava nos possíveis motivos, será se comeu algo que fez mal? ou talvez não tivesse se alimentado bem, mas podia ser o calor da sala... por fim, não cheguei a conclusão nenhuma. Liguei para a família, informando a situação e pedindo que fossem buscá-la.

7h50 – Uma mãe chegou pedindo para conversar comigo. Relatou que seu filho Enzo, do 3º ano, estava sofrendo bullying na escola. Conversamos, e expliquei que ficaríamos mais atentos àquela situação e que a escola já estava desenvolvendo projetos para prevenir esse tipo de ocorrência no ambiente escolar.

8h15 - Mal deu tempo de respirar da situação anterior e, do nada, um menino chegou na sala dizendo que tinha caído e quebrado o braço. Tinha corrido atrás de uma bola, ralado o joelho, mas estava convicto de que o braço estava quebrado.
Fiquei preocupada mas mantive a postura. Sentamos juntos, limpei o machucado do joelho e, enquanto isso tentava distraí-lo conversando sobre nossos times de futebol. Depois de uns 20 minutos e um copo d'água, ele já estava rindo com um colega.
Achei engraçado todo o drama que havia feito, por sorte, já conheço esse truque. Ele ficou bem e voltou para a sala com seu curativo e um sorriso no rosto.

8h50 A coordenadora me chamou:
"Diretora, a professora do 4º ano precisou sair por um problema pessoal. Poderia cobrir rapidinho?"
Entrei na sala, respirei, peguei o livro e improvisamos uma roda de conversa sobre o tema que estavam estudando.

Finalmente, era hora do recreio e eu poderia respirar e tomar meu bom cafézinho.

No fim da manhã, voltei à sala da direção. Havia recados na mesa e mais e-mails não lidos do que eu gostaria de admitir.
Mas dirigir uma escola é isso mesmo, estar onde precisam de você e sempre preparada para os imprevistos que acontecem no dia a dia e, sim, eles acontecem bastante. Ser diretora não é ter o controle de tudo. É exatamente o oposto, é viver entre os imprevistos, sempre fingindo saber o que fazer.

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