Quarta-feira era pra ser só mais uma quarta-feira.
Na minha rotina de mãe solo, vivo no modo hard core: pega toalha, acorda criança, manda pro banho, faz lanche, coloca lancheira. A manhã parece uma maratona com tempo curto e tarefas infinitas. Mas no meio da correria, algo me parou.
Meu filho, cabisbaixo na hora do lanche. Um silêncio diferente. Um olhar que pedia ajuda. Às vezes, a pressa do dia a dia nos cega e só percebemos tarde demais.
Sentei, acolhi, respirei com ele. Perguntei o que havia, e ele respondeu com lágrimas. Depois de um tempo, conseguiu dizer entre soluços:
"Mãe, você precisa ir na escola, tão me zoando, me chamando de coisas. E hoje quebraram a janela com a bola e colocaram a culpa em mim."
Foi como um soco. Peguei o celular e vi a mensagem da coordenadora:
"Boa tarde, mãezinha. Estou mandando essa mensagem para que você venha até a escola, pois o seu filho quebrou a janela da secretaria."
Na hora, o sangue ferveu. Mas ninguém conhece um filho melhor do que a própria mãe. E ali, diante do choro dele, eu sabia: ele não mentia.
Fui até a escola com o coração apertado, mas com o olhar firme.
Cheguei na escola Alba Frota, conversei com a coordenação, ouvi o que tinham a dizer, e com calma contei o que meu filho havia me relatado. Aos poucos, os fatos foram se clareando, outras crianças confirmaram o ocorrido e a verdade encontrou o caminho certo. Fiquei pensando o motivo de não terem feito isso antes do meu filho ser acusado injustamente.
A escola ouviu. Dialogou. Se comprometeu a acompanhar mais de perto e isso não só esclareceu os fatos, como fortaleceu ainda mais o elo entre família e instituição. Porque educar uma criança é, antes de tudo, caminhar juntos. E naquele dia, caminhamos na mesma direção.
Voltei pra casa com meu filho, sabendo que naquele dia ele aprendeu algo importante:
Nem todo mundo vai te enxergar de primeira,
mas quando você tem alguém que acredita em você e está disposto a escutar de verdade, a justiça se constrói com diálogo, presença e coragem.
E eu também aprendi:
No meio do caos das manhãs corridas, vale sempre a pena parar… olhar… e escutar. Porque às vezes, a forma mais poderosa de proteger é simplesmente estar ali, inteira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário