Uns dias atrás recebi uma ligação da minha cunhada me pedindo carinhosamente para acompanhar uma reunião do meu sobrinho, visto que ela estaria dando curso e não teria como faltar. — Acho que ela confia em mim pelo olhar pedagógico. Fiquei lisonjeada, mas *muito* nervosa.
O dia da reunião chegou e eu estava suando frio, embora entenda como tudo irá ser conduzido, era a primeira vez que eu sairia responsável por alguém. Já que iria para escola fui buscar meu sobrinho em casa para levá-lo a escola.
Chegando na escola notei olhares de " eu não faço ideia de quem seja essa mulher". Claro que a escola foi previamente avisada sobre quem iria participar da reunião, mas eu nunca havia pisado naquela escola então era de se prever.
Chegando na sala onde seria a reunião individual com a professora regente. Ela começou se apresentando e logo seguiu com a " anamnese" do meu sobrinho e relatou comportamentos distintos do que eu acompanho em casa, e um deles que me chamou atenção foi o mais simples, que na escola no almoço ele come tomate. Sim, tomate! O Saulo detesta tomate.
É incrível como o ambiente muda tudo. Notei a delicadeza em me informar os comportamentos diversos dele, acredito que isso venha do fato que poucos responsáveis compreendem que não conhecem e nunca irão conhecer suas crianças em todas as instâncias. O que é loucura se for parar para pensar, como que a pessoa que convive "24/7" com outra ser humano não o conhece seus comportamentos por inteiro. Mas como professora consigo compreender que o Saulo terá comportamentos diversos em ambientes distintos e com pessoas diferentes.
Depois de um grande devaneio, acenei com a cabeça e disse que a mãe dele iria amar saber disso, e que tentaremos incluir o tomate que ela disse que ele tanto gosta. Ela pareceu aliviada de não precisar me convencer de que ela falava a verdade.
Por fim, sai de lá com uma sensação de importância. E que o olhar pedagogico auxilia muito essa relação escola-responsável. Nem tudo é uma grande confusão. Entender que a nossa criança só é especial pra gente, muita cobrança seria amenizada.
Se defender de responsáveis que estão apenas olhando para suas crianças sem pensar no coletivo e nos educadores ali presente é uma luta diária dos professores. Tentar se desdobrar em discursos pisando em ovos pois os responsáveis não estão abertos a ouvir e ver outras versões de suas próprias crianças tendo em mente que o seus serão perfeitos e impecáveis.
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