sexta-feira, 11 de julho de 2025

COISAS QUE NÃO PODEMOS CONTROLAR (Gabriel)

Hoje foi um dia especialmente marcante no turno da manhã na Escola Alba Frota. Cheguei por volta das 7h20 e fui recebido com o barulho animado dos alunos no pátio. As turmas estavam cheias de energia, como de costume, mas uma em especial, a do 5º ano B, me chamou a atenção logo de início. Era dia de atividade sobre alimentação saudável, e preparei uma dinâmica com figuras de alimentos e perguntas simples sobre hábitos diários.

Por volta das 8h, chegaram os dois estagiários que nos acompanham semanalmente. Eles sempre trazem uma energia boa para a sala e os alunos já os esperam com expectativa. Hoje, sugeri que eles conduzirem uma parte da dinâmica, dividindo a turma em pequenos grupos para conversar sobre o que costumam comer no café da manhã. Uma das estagiárias, de forma muito sensível, perguntou aos alunos como se sentiam quando não conseguiam comer direito antes de vir para a escola. As respostas foram sinceras, e uma delas me marcou profundamente: "Professor, aqui em casa a gente só compra o que dá pra dividir com todo mundo e dura mais."

Essa frase ficou martelando na minha cabeça o resto do dia. Foi uma manhã que me impactou emocionalmente. Fiquei pensando no quanto fatores externos à escola — como renda familiar e acesso a alimentos — interferem diretamente no aprendizado e na formação de hábitos. Não é só uma questão de conhecimento, mas de realidade concreta.

Do ponto de vista pedagógico, esse episódio reforça a importância de trabalhar temas transversais de maneira sensível e acessível, respeitando o contexto dos alunos. A presença dos estagiários, além de colaborar na condução das atividades, contribuiu para criar um ambiente mais acolhedor e aberto ao diálogo. A escola tem papel fundamental na formação cidadã, mas não pode agir isoladamente. É necessário construir pontes entre o que ensinamos e o que os alunos vivem. Atividades práticas, rodas de conversa e a escuta atenta são caminhos importantes.

Hoje, mais do que ensinar, aprendi — e aprendi junto.

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