quinta-feira, 18 de abril de 2024

NOITES ENSOLARADAS (Eduardo)

Tem gente que acha que o professor deve apagar o quadro ao final da aula em respeito ao professor da aula seguinte. Pois eu prefiro apagar o que o outro professor escreveu para ter uma ideia do que aconteceu na aula anterior. Sejam fórmulas matemáticas, conceitos filosóficos ou meros rabiscos, minha curiosidade se alegra em imaginar o que aconteceu naquela aula.

Na sala em que temos aula de estágio, com acesso restrito apenas aos professores que têm chave, os "restos" da aula anterior são mais perceptíveis. Sexta-feira passada, sobre as mesas, havia alguns desenhos...


Uma de vocês, que já havia feito a disciplina de artes, explicou a técnica: uma pintura colorida a lápis na folha, coberta por uma pintura com tinta preta, e o desenho final feito com palitos rompendo a camada de tinta. Técnica que bem poderia receber o nome de "noite ensolarada", feito o título que uma das alunas deu ao seu desenho.

Também poderíamos chamar de noite ensolarada tanto a nossa experiência na escola quanto os próprios relatos. 

Algumas vezes, vamos para a escola como se o desenho de nossos sentimentos estivesse coberto por uma camada escura. No contato amoroso com as crianças, que funcionam como palitos, vamos abrindo clarões em nosso sentimento.

Podemos considerar também como palitos os relatos de vocês, que vão traçando esperança na escura realidade da educação pública.

E esta greve pela qual estamos passando? Seria uma camada de tinta escura? Ou seria um palito para atravessar a situação crítica da educação brasileira nos últimos anos?

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