segunda-feira, 1 de abril de 2024

NAUFRÁGIO (Liriane)

Dia 27 de março de 2024, mais uma quarta-feira de estágio. Nesse dia eu estava bem desanimada, por mim nem sairia de casa, mas me obriguei a sair. Amanda (minha dupla e amiga) e eu descobrimos que podemos pegar a mesma topic para chegar até a Escola do Bosque. Encontrei a querida na topic e fomos conversando, me animei um pouco mais com a companhia, pois sempre vou sozinha.
Chegamos na escola às 13h e logo vimos o prof Daniel chegando de bicicleta, muito atleta, adorei! Fomos para a sala de aula com ele e as crianças, notamos de cara que as mesas e carteiras estavam organizadas de uma forma diferente, muito melhor, foram 15 crianças no dia, elas sentaram para se organizarem, o prof fez a agenda do dia, teríamos artes e português. Tinha até conversado com a Amanda que ainda não tínhamos presenciado aulas mais lúdicas quando estamos lá, ficamos empolgadas. A moça que estava na semana passada é aluna da Biblioteconomia e está fazendo estágio na rede pública com foco na alfabetização, neste dia ela estava em outra turma que precisava de auxílio. Durante a agenda fui ajudar Maria com a cópia da agenda, ela tem TEA, ela reconhece todas as letras, sabe escrever e compreende os comandos rápido, mas tem muita dificuldade de concentração. Quando as crianças terminaram a agenda o prof Daniel ensinou-as a fazer barquinho de papel, inclusive foi nesse dia que aprendi a fazer também, todos fizeram, Maria não quis continuar a agenda e quis fazer o barquinho. Merida nos chamou atenção ao colar seu barquinho de papel em uma folha e desenhar o mar abaixo dele, o prof pediu para cada aluno apresentar seu barquinho e o nome dele. O prof Daniel nos mostrou o livro didático que seria usado na aula de artes, ele nos explicou que aproveita os dias que vão poucas crianças e que o conteúdo de português está mais adiantado para trabalhar com este livro, porque, no dia da aula de artes há muitas atividades de português e isso acaba atrapalhando o conteúdo da outra matéria. Com o livro de artes ele busca trabalhar as palavras e suas sílabas, pois um dos objetivos do ano é fazer com que as crianças que leem sílabas passem a ler palavras. Ele acabou passando o resto da tarde só trabalhando separação silábica.
Apesar de estarem "apenas" 15 crianças presentes, a tarde foi bem caótica. Elas estavam dispersas, desorganizadas, o prof tinha que parar a aula para chamar atenção dos pequenos. Em um momento, sentei em um lado da sala para fazer algumas anotações e Maria veio até mim, o prof estava dando aula então tentou levá-la de volta para sua cadeira, mesmo ela resistindo. Maria sentou no chão da sala ao lado da lousa, o professor chamou-a, mas ela não levantou, ele continuou dando aula. Decidi ir até ela para tentar convencê-la a sentar na cadeira, mas ela não quis e disse que estava com ódio de outra criança. O professor Daniel veio até nós, entendeu o que tinha acontecido e deu a ideia de ela ir sentar em outro lugar, ela foi. Confesso que me senti mal ao não conseguir resolver a situação, não sei ao certo como explicar, mas fiquei chateada comigo mesma, senti que meu barquinho naufragou... Terminei a tarde meio blé das ideias, mas com a esperança de um dia melhor… Sobrevivi ao naufrágio.

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