sexta-feira, 6 de junho de 2025

NÃO FOI TÃO RUIM ASSIM! (Gabriel Costa da Silva)

No dia 04/06 aconteceu mais um de nossos encontros na escola Alba Frota e, desta vez, seria especial: neste dia aconteceria a nossa primeira regência com a turma do 5° ano B. Na data da minha regência com a turma do estágio, vivi uma experiência marcante e cheia de altos e baixos.

No primeiro tempo da aula, as crianças estavam envolvidas nos preparativos para a Feira de Ciências. Elas ensaiaram suas falas com entusiasmo e dedicação, demonstrando bastante envolvimento com o projeto. A professora havia levado uma caixa de som e um microfone para que cada um conseguisse falar e projetar sua voz com clareza. Logo de cara, o questionamento que havia feito comigo mesmo no relato passado (a respeito da criação de um projeto que envolvesse todos da turma) foi respondido. Contudo, não conseguimos aproveitar muito do momento como "plateia" dos pequenos. Enquanto isso, eu e minha dupla aproveitamos o momento para revisar e ensaiar a nossa regência, que ocorreria no segundo tempo da aula.

Quando chegou o momento da nossa intervenção, a professora titular nos deu a palavra e deixou a aula sob nossa responsabilidade. A disciplina era Geografia e, para este momento, escolhemos trabalhar o tema "Nossas raízes africanas". Queríamos propor uma reflexão sobre a presença da cultura africana no nosso cotidiano, destacando sua importância e suas contribuições. Iniciamos a atividade com uma conversa introdutória sobre o tema e, em seguida, propusemos que as crianças fizessem desenhos representando elementos do nosso dia a dia que remetem à África — seja na culinária, na música, nos penteados, nas roupas, ou em outras manifestações culturais.

No início da atividade, as crianças demonstraram interesse e curiosidade. Participaram da conversa e começaram a desenhar com empolgação. No entanto, ao longo do tempo, percebi que algumas foram se dispersando e o nível de engajamento diminuiu. Outras nem chegaram a tentar desenhar algo vindo de sua imaginação e disseram que não iriam participar da atividade. Ao tentar entender e conversar um pouco com essas crianças, percebi um certo "bloqueio" em relação à proposta de desenhar. Mesmo após as explicações e os exemplos dados na lousa, alguns demonstraram insegurança ou dificuldade para começar, como se não se sentissem confiantes em suas habilidades artísticas ou em suas ideias sobre o tema. Não as julgo, é normal se sentir assim, mas me pergunto se o pouco tempo inseridos no sistema escolar tradicional já foi suficiente para engessarem suas formas de expressão. Essa observação me fez refletir sobre a importância de criar um ambiente de acolhimento e incentivo, onde as crianças se sintam à vontade para se expressar sem medo de errar ou de serem julgadas. Apesar disso, conseguimos retomar a atenção de parte da turma, e algumas crianças se dedicaram até o final e entregaram seus trabalhos com criatividade. Alguns desenharam um pé-de-moleque, cocada, pandeiro, samba, capoeira, cada um ao seu jeito.

Surpreendentemente, terminamos a atividade antes do horário previsto, o que nos deixou um pouco "perdidos" no que viria depois. Ao virarmos para a professora, a mesma nos deu a sugestão de realizarmos a atividade do livro, e como estávamos ficando sem opções, acatamos a ideia e ajudamos os pequenos a realizarem a atividade sobre a temática. Novamente, as atenções se dispersaram muito rápido, mas muitas concluíram a atividade com êxito.

Ao final, ficamos alguns minutos após o fim da aula para organizar o mural das obras de arte produzidas pelas crianças e, modéstia parte, mas eles mandaram muito bem (e isso porque os "verdadeiros artistas" não participaram da atividade, estavam envolvidos na finalização do painel apresentável para a feira de ciências)! Foi muito divertido ver a criatividade tomar forma daqueles que se dedicaram. Refletindo sobre esse momento, percebo que manter o interesse da turma é um desafio constante e que exige estratégias de mediação mais dinâmicas. Entretanto, não foi tão ruim assim! Foi uma experiência valiosa, pois me permitiu vivenciar a prática docente, novamente, de forma mais autônoma e aprender com os desafios do dia a dia escolar.

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