Menos uma quarta de estágio, e dessa vez eu estava muito pensativa em relação à avaliação que as crianças iriam fazer no dia. Ficava me perguntando se realmente seria a mesma que vazou na semana passada, como seria aplicada, enfim, muitos questionamentos.
Quando cheguei na sala, a Milena já estava no cantinho com uma criança realizando a prova. Logo em seguida, a Larissa pediu para que eu aplicasse a avaliação com a Lua (nome fictício). Enquanto a Lua terminava de preencher a agenda, me ofereci para fazer a prova com a Lia (nome fictício). Como já havia mencionado antes, a Lia me passa muita insegurança em relação às atividades. No momento da prova, na hora de escrever as palavras, ela olhava para o teto e ficava repetindo o som da sílaba "mi, mi, mi". Quando estava quase escrevendo a letra M, olhou novamente para o teto e mais uma vez repetiu "mi, mi, mi". Porém, em vez de escrever o M, escreveu a letra B.
Ela já reconhece os sons das vogais, então acertou o I, mas o que era para ser "milho" acabou ficando "bio". Conversei com a professora e, mais uma vez, ressaltei que percebo nela uma grande insegurança — um medo de errar, que a impede de tentar. No final da avaliação, ela já não queria mais pensar ou fazer as atividades. Estava com os olhinhos vermelhos, como se quisesse chorar. Quando finalizou, abaixou a cabeça e ficou com um semblante triste.
Logo depois, fui realizar a prova com a Carla (nome fictício), outra criança com dificuldades com letras e sons. Porém, diferente da Lia, a Carla não demonstra tristeza por não saber. Durante a prova, ela ficava olhando para a parede onde está o alfabeto e escrevia qualquer letra no papel. Pedi que ela se concentrasse e disse que estava percebendo o que ela estava fazendo. Foi então que ela me disse: "Eu não quero fazer essa prova, não ligo de tirar nota baixa", como se já tivesse aceitado que não consegue aprender. Mais uma vez, conversei com a professora, e falamos sobre como ela, na verdade, se importa sim, mas finge que não liga para não ficar triste. E sim, foi a mesma prova que vazou.
Após isso, foi o intervalo. Quando voltamos, fiz a avaliação com a Lua. Assim como a Lia, ela só reconhece os sons das vogais e ainda não assimilou as consoantes.
A Lua, como já mencionei em outros relatos, tem mutismo seletivo e escolheu a escola como o lugar onde prefere ficar em silêncio. Aproveitei o momento da prova para tentar incentivá-la a falar algo comigo. Fingi que não sabia a cor do milho, e ela chegou a abrir e fechar a boca, como se quisesse dizer que era amarelo, mas infelizmente ainda não foi dessa vez. Mesmo assim, sigo conseguindo fazê-la rir — o que surpreende Larissa.
No final da tarde, as crianças me ensinaram a brincar de "Pikachu", e foi um momento bastante divertido que eu e a Milena compartilhamos com elas. (Para aprender a brincadeira, perguntar a Milena pois ela sabe mais que eu)
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