Nesta quinta-feira os ventos da trilha surravam algo diferente, não seria só mais uma simples trajetória ao lado dos guardiões dos tesouros escondidos, dessa vez, iríamos mediar uma parte da trilha. Durante toda a semana, eu e a guardiã dos passos sábios planejavamos cada caminho, cada enigma e passo dessa jornada. O coração batia forte, não por medo, mas pela responsabilidade de conduzir os guardiões em direção aos mistérios do conhecimento.
Peguei a nave da trilha bem cedo para que nenhum imprevisto cruzasse meu caminho. A guardiã dos passos sábios me enviou um sinal que iria chegar com um pequeno atraso, fiquei com coração apertado, porém não acabou aí, a guardiã do compasso iria se atrasar também. Caberia, então, a mim reunir os guardiões e conduzi-los à sala. Senti o peso do momento sem minha companheira de jornada, contei com o auxílio do guardião da trilha, que me acompanhou nessa travessia inicial. Por sorte tinha poucos guardiões, logo chegou a auxiliar e pouco depois a guardiã do compasso, a guardiã dos passos sábios e também outros guardiões.
O local da travessia precisou ser escolhido com sabedoria. O primeiro plano seria no pátio, infelizmente, logo tivemos que modificar, pois o espaço já estava reservado para uma outra missão. Foi então que escolhemos um abrigo embaixo de uma grande árvore, em frente à sala. Ali, sob sua copa protetora, preparamos os objetos encantados e o desafio do dia. A jornada começou dentro da própria sala, com um canto mágico, com objetivo de libertar sorrisos e despertar os laços entre os guardiões e os exploradores aprendizes. Logo depois, iniciou-se uma conversa sobre aniversários: -Quem já participou de um aniversário? O que costuma ter nessa festa?.. Essas pistas eram apenas a porta de entrada para o verdadeiro desafio: O aniversário do senhor Alfabeto. Logo, um enigma foi lançado: -Será que alguma letra já completou aniversário?.
As ideias começaram a florescer. Foi então que foi revelado o segredo: -O senhor alfabeto precisa de ajuda para organizar sua festa. Mas antes de começar ele deixou um presente.
Todos saíram em busca do presente, encontrando as letras pelo caminho, A, B, C…. até o Z, que servia de guia até o ponto de encontro. Lá, uma caixa misteriosa aguardava. Um guardião se aproximou, colocou a mão e retirou um envelope repleto de cartas e entregou aos seus companheiros. Um guardião leu a mensagem e desvendou o mistério. Era a hora da contação de história: O aniversário do seu alfabeto. Sentaram-se no chão e os aprendizes assumiram a narração. Nem tudo foi fácil, alguns guardiões deixavam-se distrair fácil, mas perguntas e olhares atentos os traziam de volta. Estava fluindo, até que…o céu mudou.
Uma fumaça, uma luz, um sinal. Teria sido uma estrela cadente? Um disco voador? Uma nave? as versões divergiam, mas todas interromperam a narrativa. Por sorte, a história estava quase no fim. Ainda assim, com muita dificuldade concluímos a última página e realizamos alguns questionamentos sobre o livro.
Retornamos à sala, e em clima de celebração, foi proposto que cada um desenhasse e escrevesse o nome de um presente que gostaria de oferecer o seu alfabeto, mas tinha que ser algo que iniciasse com a primeira letra do seu nome. Surgiram diversos desenhos incríveis, que logo ficaram expostos em um varal na sala.
Embora após o intervalo tenha ocorrido outros trajetos, resolvi guardar para outro momento os relatos dessas passagens e deixar registrado aqui apenas o brilho desse primeiro ato da jornada realizado por nós exploradores aprendizes.
Foi um momento em que nós se via à frente da trilha, pela primeira vez conduzimos sozinho os passos iniciais dos guardiões, senti ansiedade bater no peito, lidamos com imprevistos e improvisos. Senti o peso da responsabilidade, mas também a leveza de ver os guardiões engajados, criando hipóteses, sorrindo e participando. Nem tudo saiu como o mapa prévia, mas a jornada aconteceu e isso, por si só, já é um tesouro raro.
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