Eu nem lembro mais em que quarta estamos, só sei que o tempo tem voado e falta apenas mais duas quartas na escola. Essa quarta começou muito corrida porque peguei o ônibus bem tarde, mas no fim só me atrasei uns 20 minutos; geralmente eu chego na sala junto com as crianças e vou dando boa tarde, mas devido ao atraso, as crianças ja estavam em sala e fiquei muito feliz que fui recebida com gritos de "TIAAA VOCÊ VEIO" e alguns abraços. Eu ia em direção a última mesa para deixar a bolsa e eles iam passando a mão no meu braço me cumprimentando e sorrindo. Me senti uma diva pop em turnê.
A Hanna também acabou se atrasando, e foi meio engraçado quando ela chegou porque a gente tava gêmea de roupa: calça preta e camisa vermelha. Mais tarde percebi que essa combinação era bem comum, porque encontramos outras pessoas no shopping vestidas do mesmo jeito. Uma vibe bem vendedora da Claro!
Quando cheguei na sala, a Larissa me situou sobre as avaliações que estavam sendo realizadas com as crianças desde sexta-feira. Ela contou que, sempre que tem estagiária, pede para aplicarem com umas duas crianças, pra que se familiarizem com o processo. Acredito que ela gostou da forma como a gente estava conduzindo, porque eu devo ter feito com umas quatro crianças e meio que fugi da quinta, jogando o trabalho pra Hanna porque, àquela altura do dia, meu cérebro já estava carcomido.
A avaliação (ADR) consistia em acompanhar a criança na escrita de quatro palavras: bandeirinhas, fogueira, milho e pão. Além disso, elas escreviam o seu nome e formavam uma frase com a palavra "milho". A escrita era espontânea, mas podíamos silabar a palavra para ajudá-los.
As crianças curtiram bastante. Acredito que viam mais como um desafio do que como avaliação. Algumas chegavam perto de mim e só faltavam implorar para serem as próximas. Além da ADR, também trabalhei com elas o reconhecimento do alfabeto, leitura de palavras e de frases.
Uma das crianças que pediu por favor para ser chamada deu um grito de "YESSS" quando chamei o seu nome e pedi que viesse ate a mesinha realizar a atividade comigo. Ele já reconhecia o alfabeto e lia bem algumas palavras, mas não sabia usar o "GUE" nem o "H". Uma outra criança chegou perto e ficou observando.
Em alguns momentos, ele esquecia como pronunciar uma sílaba e repetia toda a família. Por exemplo, na palavra BALÃO, ele lia: "BA", olhava o "LÃO" e começava a falar: "LA - LE - LI - LO - LU - LÃO", para só então dizer "BALÃO". O menino que observava falou: "Tu vai demorar o dia todo assim! Não precisa falar tudo pra ler a palavra."
Pedi para ele deixar o amigo se concentrar e seguir no tempo dele. Mas ele continuou sendo o coach da desmotivação: "Cara, assim tu vai ficar o dia todo... tem que agilizar as coisas. O "LÃO" é "LÃO", não "LA - LE - LI - LO - LU - LÃO"!
Observei a interação pedindo intervenção divina pra não rir, porque em partes concordava que ia demorar muito, mas também acredito que seja importante respeitar o tempo do outro e deixar que se aventure em formas de experienciar a leitura.
E assim seguimos para a próxima palavra: BODE. Que ele leu assim:
ba - be - bi - BO
da - DE
BODE.
Após o recreio, as crianças retomaram as atividades do livro. Naquela tarde tinha uma cantiga de ciranda, então fomos ao pátio fazer uma grande roda com a turma que ia num ritmo meio desordenado. Por fim, voltamos pra sala e concluímos as atividades do livro.
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