Não gosto de viajar fisicamente, prefiro ficar em casa. Mas adoro viajar na imaginação.
Livros, filmes, discos e jogos sempre foram para mim meios de transporte, me fazendo viajar no espaço e no tempo. Sinto como se já tivesse visitado a Londres de Sherlock Holmes, cruzado o futuro galático na Enterprise, vivido no Tempo dos Quintais e colonizado a ilha de Catan.
A educação sempre serviu muito bem às minhas viagens. Embora eu só domine razoavelmente o inglês, já estudei espanhol, francês, italiano e até alemão. Minha Europa é o quarteirão das Casas de Cultura da UFC.
Quando me tornei professor, as viagens continuaram, mas com uma pequena inversão. Eu era o estrangeiro que trazia novidades de terras distantes para os meus alunos. Muitas de minhas aulas causavam estranhamento nos estudantes. E posso até dizer que sofri xenofobia algumas vezes, antes das pessoas amolecerem as resistências e nos tornarmos amigos.
Quando comecei a dar aulas de Didática, em 2014, foi como se eu tivesse descoberto um novo país e uma nova linguagem. A Terra tinha a Antártica, eu tinha a Didática. A língua tinha a gramática, eu tinha a Didática.
Viajo na Didática como se percorresse o anel de Möbius: cada movimento para baixo é também um movimento para cima, cada deslocamento para fora é igualmente um deslocamento para dentro.
Com a Didática me sinto ao mesmo tempo em casa e viajando. E sou, simultaneamente, estrangeiro e anfitrião para os meus alunos.
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