sábado, 30 de janeiro de 2021

As regras e o jogo

Não gosto de falar em sala de aula. Em quase nenhum outro lugar, para falar a verdade. 

Até nem me importo de explicar as regras de um jogo por cinco, dez ou até quinze minutos. Mas depois disso, gosto de falar tanto quanto qualquer um dos demais jogadores. Melhor ainda se o jogo for cooperativo, porque aí podemos combinar nossa estratégia e táticas.

Meu coração concorda quando lê Loris Malaguzzi: 

"Precisamos produzir situações nas quais as crianças aprendam por si mesmas, nas quais as crianças possam aproveitar seus próprios conhecimentos e recursos de forma autônoma e nas quais garantamos a intervenção do adulto o mínimo possível. Não queremos ensinar às crianças algo que elas possam aprender por si mesmas. Não queremos dar a elas pensamentos que elas próprias possam criar. O que queremos fazer é ativar nas crianças o desejo, a vontade e o grande prazer de serem as autoras de seu próprio aprendizado."

Ao ensinar estudantes de licenciatura, futuros professores, tenho o objetivo mais que geral de que eles, conhecedores da história da Didática e dos dilemas de sua contemporaneidade, possam desenvolver uma didática própria. Os desafios são muitos. Quase nada colabora para a autonomia: vidas atribuladas, tradicionalismo introjetado, imaginação atrofiada...

Aos pouquinhos, um estudante aqui, outro acolá, começam a aparecer autores de seu próprio aprendizado, que serão também, quando professores, autores de situações propiciadoras de aprendizado para outras pessoas.

E eu começo a me animar, sentindo que está chegando aquele momento em que não é mais necessário esclarecer as regras, e estaremos todos descontraidamente jogando.

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