Ontem, estudando a respeito de ludicidade e educação estética, li Vea Vecchi:
"Não é fácil nem simples falar de beleza e de estética em um mundo torturado por tantas injustiças, pobrezas, opressões, crueldades."
Lembrei imediatamente de um aluno que tive há alguns semestres. Ele faltou as primeiras aulas e, encontrando um clima de descontração na classe, estranhou:
"Uma aula não deve ser tão alegre assim."
Meu estranhamento só de desfez quando li o memorial dele, uma história marcada pela discriminação, pela falta de recursos financeiros e pela depressão. Para meu aluno, a aula deveria ser um espaço de luta, de resistência, e não de alegria.
Com o tempo, ele foi se integrando à turma, se sentindo mais à vontade e até sorrindo durante as atividades mais interativas. Mas não tenho certeza se ele aprendeu algo a respeito da alegria em sala de aula.
Também não sei se aprendi alguma coisa a respeito da luta. Só me imagino lutando para aproximar mais os meus alunos por meio do jogo, do diálogo e da arte. Eu, que já me dei tanta peia, ainda preciso falar e viver e ensinar beleza e alegria.
Belíssima reflexão, que possamos sempre segui lutando.
ResponderExcluirSigamos! :)
ExcluirA necessária promoção da ingenuidade a criticidade não pode ou não deve ser feita à distância de uma rigorosa formação ética ao lado sempre da estética. Decência e boniteza de mãos dadas. Cada vez me convenço mais de que, desperta com relação à possibilidade de enveredar-se no descaminho do puritanismo, a prática educativa tem de ser, em si, um testemunho rigoroso de decência e de pureza. Uma crítica permanente aos desvios fáceis com que somos tentados, as vezes ou quase sempre, a deixar dificuldades que os caminhos verdadeiros podem nos colocar.
ResponderExcluirLendo FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996, pp. 36-37.
Paulo Freire é sempre inspirador. :)
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