terça-feira, 16 de março de 2021

Da sala dos professores ao recreio dos alunos (CMTP 24)

Uma vez por semana, eu tinha o recreio entre uma aula e outra. Tentei ficar na sala dos professores, mas não consegui.

Talvez por ser muito barulhento. Talvez por eu não ter aguentado o seguinte comentário depreciativo de uma professora de redação:

— O menino escreveu que o sertanejo levava uma vida sertaneja.

Todos riram do pleonasmo. Menos eu. Fiquei pensando que se Ary Barroso tivesse sido aluno dessa professora, não haveria ah, esse coqueiro que dá coco. Talvez nem houvesse Aquarela do Brasil.

Eu preferia ficar no recreio dos alunos, num pátio meio escondido que ficava por trás da sala dos professores. No início, eu ficava sozinho, em silêncio. Com o tempo, alguns alunos começaram a se aproximar.

Foi ali que tive minhas primeiras conversas com Ilitch e Lidiane, estudantes que se tornaram queridos amigos.

Hoje é mais tranquila a convivência com professores. Para mim não faz diferença se passo o tempo entre uma aula e outra com colegas ou com estudantes. Embora muitas vezes eu ainda prefira ficar sozinho, juntando energias para a próxima interação em massa com a turma.

4 comentários:

  1. Eu também 💕 preciso desse tempo sozinha.
    Por várias vezes ouvi comentários depreciativos sobre colegas meus e, sempre que possível, tentava intervir por eles.
    As pessoas consideradas estranhas por alguns tem grandes histórias de superação.

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    1. Todos somos de alguma forma estranhos e temos histórias de superação, não é mesmo, Áurea? :)

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  2. É um defeito recorrente de professores do ensino fundamental: achar que os alunos já tem todo o conhecimento e que erros assim são imperdoáveis. Gostei da referência à Aquarela do Brasil.

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    1. Quando visto poeticamente, um erro quase nunca é um erro. :)

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