terça-feira, 29 de abril de 2025

O GUARDIÃO DA TRILHA (Eduardo)

Então eu sou o Guardião da Trilha? Como será que eu posso lidar com isso?

Quando eu era criança, minha avó gostava de sentar no chão para jogar comigo. Mais que isso: ela confeccionava os jogos com papelão e tampas de pastas de dente. Isso mesmo, no interior do Ceará, na década de 1970, minha avó já fazia reciclagem criativa. Meu jogo preferido era firo, também chamado de moinho e de, adivinhem, trilha. Vocês já sabem onde quero chegar? Ainda bem, porque eu mesmo ainda não faço ideia do rumo que essa trilha vai tomar...

Durante uma partida, dois jogadores se alternando colocando peças de sua cor sobre o tabuleiro, que é composto por três quadrados concêntricos ligados por linhas, formando uma espécie de "trilha" ou caminho que as peças percorrem durante o jogo. Concluída a colocação das peças, essas trilhas indicam os movimentos permitidos das peças, que podem se deslocar ao longo das linhas para as interseções adjacentes. O objetivo do jogo consiste em alinhar três peças na mesma linha horizontal ou vertical. Essa linha de três peças lembra as pás de um moinho de vento ou de água, e ao formar esse moinho, o jogador ganha o direito de remover uma peça do adversário. Ganha o jogo quem remover todas as peças do adversário.

Quando eu tinha 30 anos, descobri que nem todo jogo era competitivo, mas que havia jogos cooperativos, em que todos ganhavam ou perdiam. Desde então, meu interesse nesse tipo de jogo vem crescendo e tenho feito muitas adaptações cooperativas de jogos já existentes para jogar com minha família e utilizar em sala de aula.

Então quando o Sadrak me chamou de Guardião da Trilha, eu lembrei do jogo e, por analogia, pensei que nossa aula de ontem, orquestrando sentimentos e compartilhando relatos, foi como um jogo de Trilha. Cada pessoa colocou em jogo seus sentimentos e relatos, fomos movimentando essas peças, só que cooperativamente, e saímos com a sensação de que ninguém perdeu, mas todos ganhamos a partida.

Isso me leva a pensar se já não está na hora de eu fazer uma versão cooperativa para o jogo da Trilha. Será que Vó Izolda, que Deus a tenha, gostaria da ideia e viria novamente à Terra para jogarmos uma partida?

sábado, 26 de abril de 2025

RELATO - FAIXA 1 (Kairon)

A primeira faixa de um álbum de rimas que estou compondo para cada dia de aula estágio. 

RAP - PRIMEIRO DIA DE ESTÁGIO!

primeiro dia de estágio e eu vou te contar tudo que aconteceu lá no centro do ceará.
presta atenção, nessa anedota, o estágio acontecia na escola alba frota
na primeira semana nada aconteceu, por conta de uma greve que se decorreu, lá na escola teve paralisação, paralisados, ficamos, prestando atenção.
o professor disse "nada de desespero" mantenham a calma que eu vou dar jeito!
e todos na mesma sintonia assistimos juntos a aula que acontecia.
eu não consegui prestar muito atenção, pois estava preso dentro do busão.
no final do dia me senti aliviado pois eu tinha um evento e o estágio foi cancelado, pude descansar e respirar fundo, calma pessoal que não foi o fim do mundo.


AQUELE COM A PARALISAÇÃO, O TAL DO LEMANN E AS CARTAS (Thalita D.)



Dia 23 de abril de 2025, quarta-feira, seria o início da parte prática do nosso estágio. Infelizmente, começamos com um imprevisto: nossa ida à escola não foi possível. Eu já havia me preparado psicologicamente para esse dia e estava super ansiosa, já que, na última vez que pisei numa escola de ensino fundamental, eu era a aluna, então cá entre nós, já faz um tempinho...

O motivo da nossa ausência foi uma paralisação nacional por melhores condições de trabalho. Essa mobilização seguia o tema "A escola que queremos" O professor optou por realizar a aula de forma online e durante a aula discutimos a paralisação, durante essa discussão o professor nos trouxe algo que chamou atenção, no cartaz de anúncio havia a frase "+ Freire - Lemann".

A partir disso, o seguinte questionamento passou pela minha cabeça e de alguns colegas: "Quem é Lemann?" Então fizemos algumas pesquisas e descobrimos quem é o bendito Jorge Paulo Lemann e as mazelas que ele representa para a educação pública do nosso país.

Na segunda parte da aula, também "participamos" da mobilização escrevendo cartas com o tema "A escola que queremos" para o excelentíssimo prefeito ler (ou não). Foi uma atividade interessante, e me emocionei diversas vezes ouvindo sobre as escolas que meus colegas idealizam...
Colocarei a minha carta logo abaixo!



Fortaleza, 23 de abril de 2025.

Prezado Prefeito, 

 Venho, por meio desta carta, destacar minha preocupação acerca do ensino público das escolas de Fortaleza. 
 Acredito que a educação seja o caminho para uma sociedade mais harmoniosa e justa, a educação tem o poder de transformar a realidade de milhares de crianças, mas para que isso aconteça é necessário que o ensino seja de qualidade.

 Nossa cidade apresenta diversos problemas educacionais, dito isso, venho solicitar mais atenção sobre alguns pontos das nossas escolas. Vemos que diversas escolas da cidade enfrentam problemas de infraestrutura, como falta de ventilação adequada nas salas de aula e até mesmo ausência de espaços para atividades recreativas que são muito importantes para as crianças. As escolas de Fortaleza também enfrentam o problema da superlotação, o que dificulta o aprendizado dos estudantes e sobrecarrega os profissionais da educação que precisam se desdobrar para que sejam ouvidos e compreendidos pela turma.

 Agora escrevendo sobre os professores é essencial garantir salários justos para a categoria, assim como condições dignas de trabalho para os mesmos, observamos muitos professores doentes e desmotivados. Creio que isso não é o que o senhor quer para profissionais tão importantes, por isso, é necessário que a Educação seja prioridade para garantir uma educação de qualidade para as crianças que são o futuro da nossa sociedade. 

 A escola que queremos é uma escola para as crianças, uma escola que acolha verdadeiramente seus alunos, uma escola bem estruturada e agradável para o aprendizado dessas crianças, crianças essas que serão o Futuro de Fortaleza. 


 Agradeço pela sua atenção!
 
Atenciosamente, 
Thalita.

sexta-feira, 25 de abril de 2025

PRIMEIRAS LINHAS DO PRIMEIRO DIA (Levi)

Hoje foi um dia muito agitado, muito trabalho e muita cobrança. Cobrança e expectativas sobre o meu futuro dentro da educação. Acordei pensando no primeiro dia de estágio, senti nervosismo, ansiedade e felicidade por finalmente ter a chance de desbravar o ensino fundamental 1. Coloquei até minha capan de chupa na mochila para não me molhar enquanto piloto minha moto, olhei o endereço da escola no google para saber a rota e ainda contei aos colegas sobre o estágio. 

Infelizmente não foi como planejado, assim como acontece no nosso trabalho docente. Me senti frustrado? talvez sim, sei que a paralisação foi por um motivo muito importante, então não teria sentido me chatear a esse ponto. Penso por quanto tempo a nossa classe vai lutar por uma educação de qualidade, pública e democrática. 

Mas agora fica a minja expectativa para o proximo encontro oficial na escola, que seja repleto de experiências novas. Esse foi um relato de um dia que poderia ter sido melhor.

DO DESENCONTRO À REFLEXÃO: ENTRE O SONHAR E O ESPERANÇAR (Ana Beatriz)

No dia 22 de abril, estava ansiosa e me preparando para o primeiro dia de estágio na escola, procurando qual ônibus iria subir, qual iria voltar, o almoço que iria comer no caminho e etc. No entanto, meus planos foram frustrados devido aos rumores de uma paralisação nacional dos professores e confesso, até fiquei um pouco aliviada porque essa semana estava sendo muito cansativa pra mim.


E no dia 23, o professor Eduardo nos confirmou realmente a suspensão das aulas, mas nos propôs uma atividade que dialogava diretamente com o contexto vivido pelos educadores naquele momento.


Iniciamos a aula discutindo um cartaz compartilhado pelo colega Levy no grupo da turma. Um dos trechos que mais chamou atenção foi a frase: "+ Freire, - Lemann". Frase essa que carrega uma crítica à influência do empresário Jorge Paulo Lemann sobre a educação pública, enxergando-o como mercadoria, em contraste com a visão pedagógica de Paulo Freire, que defende uma educação libertadora, crítica e voltada para a transformação social. Confesso que não sabia quem era Lemann nem compreendia totalmente o sentido da frase, mas me senti acolhida ao perceber que não estava sozinha nessa dúvida — e foi muito rico aprender sobre isso em grupo.


Também assistimos a um trecho do vídeo Projeto Âncora – Destino: Educação, Escolas Inovadoras, que apresenta uma proposta pedagógica baseada na autonomia dos alunos, na escuta ativa e em uma relação horizontal entre educadores e estudantes. A experiência do Projeto Âncora trouxe inspiração e abriu espaço para refletirmos sobre outras formas possíveis de se fazer educação. 


Ao final, fomos convidados a escrever uma carta ao prefeito Evandro Leitão com o tema: "A escola que sonhamos". Foi uma proposta que me fez refletir sobre a escola que eu sonhava quando era criança, a escola que sonho hoje como futura professora, e a escola que desejo para os meus futuros alunos. Talvez eu nunca tivesse parado para pensar tão profundamente sobre isso. Às vezes, sonhar parece algo utópico, especialmente quando depende de políticas públicas e da atuação do Estado. No entanto, acredito que quem escolhe estar na educação precisa cultivar a esperança e nunca deixar de acreditar na possibilidade de uma infância justa, feliz e transformadora.

PRIMEIRO DIA NA ESCOLA (Nalígia Holanda)


Primeiro dia na escola 
Municipal Alba Frota
 Pro estágio não deu 
Mas no final tudo valeu

Tudo estava preparado 
Todo mundo organizado 
Mas uma paralização
Mudou tudo então  

Primeiro dia na escola 
Municipal Alba Frota
Pro estágio não deu 
Mas no final tudo valeu

Uma aula online 
o professor organizou 
E tudo num segundo 
Logo se transformou 

E você quer saber 
O que vamos dizer 
Nessa aula online 
Vai dar muito o que render 

Pro prefeito Evandro leitão 
uma carta escrevemos 
Para no fundo do coração
ter escola que queremos 

Primeiro dia na escola 
Municipal Alba Frota
Pro estágio não deu 
Mas no final tudo valeu

Segue a carta que escrevi:

Fortaleza, 23 de Abril de 2025


Excelentíssimo Sr. Prefeito Evandro Leitão,


Espero que esta carta o encontre bem. 

Me chamo Nalígia, graduanda de Pedagogia e pensando na estudante de escola pública que fui e nas vivências de estágio enquanto formanda, venho por meio desta expressar o motivo pelo qual vos escrevo. 

Acredito que através destas linhas, vossa excelência possa se sensibilizar e voltar o vosso olhar para as escolas municipais de Fortaleza, no sentido de concretizar melhorias necessárias e urgentes. 

Nossas escolas precisam de uma estrutura melhor e mais ampla, por exemplo: salas climatizadas e sem goteiras ou infiltrações, problema recorrente nas quadras chuvosas. 

Nossas escolas precisam de mais área verde, que estimulem as crianças no contato com a natureza tornando o brincar livre mais interessante e com mais possibilidades de exploração e interação. 

Nossas escolas precisam também de mais capacitação para os professores, principalmente no que diz respeito à inclusão de crianças com algum tipo de deficiência ou transtorno.

Nossas escolas também precisam de materiais diversificados (projetores, cartolinas, pincéis, jogos, etc) para que os professores consigam ampliar as experiências em sala de aula.

Nossas escolas precisam de mais profissionais de apoio em sala de aula, para que a atenção individualizada da criança possa ser mais efetiva.

A valorização dos professores é outro ponto crucial para que estes tenham condições de concretizar suas missões de educar.

Acreditamos que nós enquanto cidadãos de direito merecemos a realização do que aqui solicitamos, assim poderíamos não só estar na escola, mas apreciá-la de forma mais participativa construindo um ambiente de aprendizado saudável, feliz e mais digno para todos. 

A escola que queremos inclui muito mais do que aqui vos deixo saber, mas estas são necessidades básicas que se atendidas, contribuirão significativamente para uma escola mais próxima da escola que temos direito como cidadãos. 

Com esperança,

Nalígia Holanda

DE DENTRO DA ESCOLA, FORA DA ESCOLA (Larisse Sousa)

Era o dia de pôr os pés no chão da escola e de pulsar pela vocação.
Mas logo a notícia chegou, assim como um trovão:
"Hoje não tem aula, está em paralisação."

Mas tudo bem, 
logo entendi que ausência também é presença quando há, por trás, uma causa imensa.
É a luta que pulsa em cada professor 
por mais respeito, por mais valor.

Refletimos sobre nós e sobre o coletivo,
sobre o que move esse corpo ativo
Que por mais que não estivessem na escola, e no seu chão,
entraram em outra realidade, a da compreensão.

Nesse "não dia", o que ficou de fato 
foi a escrita de uma carta para um Prefeito levantado,
e a deixa para um primeiro passo, o de um longo relato.

CARTA PARA O PREFEITO EVANDRO LEITÃO

Fortaleza, 23 de Abril de 2025


Caro Prefeito Evandro Leitão,


Me chamo Larisse Sousa, sou estudante de Pedagogia pela Universidade Federal do Ceará, e escrevo esta carta movida por um misto de inquietação e esperança. 


Ao observar a situação atual das nossas escolas públicas, sinto o peso do que é vivido por professores(as), estudantes e famílias, e, ao mesmo tempo, o desejo de um futuro - e um presente -  melhor. 


Muitas escolas públicas da nossa cidade apresentam estruturas precárias, sem bibliotecas, quadras cobertas ou espaços adequados para a infância florescer. Os professores(as) também, exaustos, enfrentam longas jornadas de trabalho, todavia, recebem baixos salários e carecem de falta de apoio emocional e pedagógico. As crianças, dentro de todo esse cenário, se tornam meras espectadoras de um sistema que não consegue acolhê-las e proporcioná-las uma educação de qualidade. 


A escola que desejo, Senhor Prefeito, é a Escola Bela - não só de nome, mas de essência. Uma escola viva, pulsante, que respeite as necessidades das crianças e escute as vozes que fazem parte de sua composição. Aquela que seja construída a partir da escuta, do afeto e da participação coletiva. 


Para que ela exista, é preciso mais do que palavras: é preciso estrutura adequada, investimento contínuo, valorização dos profissionais da educação e políticas públicas comprometidas com a infância. 


Esta carta nasce em um contexto de paralisação de hoje, 23 de abril, que se dá justamente por esses motivos: ausência de condições dignas para ensinar e aprender. É uma pausa que clama por escuta e ação, pois a escola que temos hoje, ainda não é a escola que sonhamos.


Por ainda acreditar na educação como caminho de transformação para todos os sujeitos, continuarei a sonhar com o ideal, viver o real e buscar o possível. Conto também, com o seu compromisso para uma educação plena. 


Com muita esperança, 

Larisse Sousa

Estudante de Pedagogia - UFC. 




O TESOURO ADIADO (Sadrak Alves)

O tesouro adiado

Na beira da trilha, eu já estava com a mochila apertada nas costas, o coração acelerado, cheio de ansiedade e com o mapa na mão. Eu era só um explorador aprendiz, ansioso para começar minha jornada na trilha dos tesouros, o tão formoso Mundo encantado da Escola, um lugar onde os sorrisos escondem segredos e os olhos das crianças, as falas e cada cem formas de linguagens delas brilham como uma pistas de ouro.  

Ao meu lado, outros exploradores se preparavam, cada um com suas ferramentas, dúvidas e seu próprio jeito de pisar nessa grande aventura. Os guardadores do caminho nos esperava mais adiante, eles são uns guias experientes que já percorreram essa trilha inúmeras vezes e conhecem os atalhos e os obstáculos, mas também pode ser que tenha aqueles que começaram essa trilha recentemente. Também tem os guardiões dos tesouros, aqueles seres pequenos de tamanho, mas cheio de potências, curiosidades, criatividades e cheios de enigmas.

Mas antes de dar início a essa caminhada… Uma brisa inquieta começou a soprar entre os exploradores aprendizes. Boatos sussurrados, mensagens trocadas como pergaminhos mágicos no grupo secreto começaram a circular: 

— Ouvi dizer que haverá paralisação em algumas escolas… o portão do Alba Frota estará mesmo aberto?

— Na escola da minha sobrinha e do meu sobrinho já anunciaram que não vai ter aula…

— Minha professora supervisora do Pibid avisou que a escola onde atuo também vai paralisar.

— Na escola que eu faço Pibid também…

— A paralisação é nacional, dizem.

A brisa cada vez mais crescia a cada mensagem, cobrindo lentamente o início da trilha, as certezas iam aos poucos desaparecendo.

Então, como uma tocha acesa na escuridão, chegou a mensagem do guardião da trilha:

— Bom dia, gente. A guardiã da Ordem confirmou agora que haverá paralisação na escola.

O silêncio tomou conta daquele lugar. Os portões do mundo encantado da escola não se abriram naquele dia. O primeiro passo… foi adiado. A empolgação virou um eco no vazio. A trilha ficou em silêncio.

E foi aí que entendi: até o silêncio ensina.

A frustração de não começar foi também o primeiro tesouro da jornada — um aviso de que, nesta trilha, nem tudo é controle, nem tudo é agora. Às vezes, o tempo da espera é o primeiro ensinamento.


O tesouro, naquele dia, foi invisível. Mas ele estava lá. 

Após esse momento de silêncio e reflexão, uma nova etapa da nossa jornada começou. Não demorou muito para que o Guardião da trilha nos enviasse um novo sinal, dessa vez em forma de um encontro on-line. Nesse encontro, discutimos, em profundidade, os motivos da paralisação. Conversamos sobre o movimento que buscava mais Paulo Freire e menos Lemann. A proposta era clara: reimaginar a escola, tornando-a mais humana, mais voltada para o ser, e menos influenciada por grandes interesses de empresaas. A importância de uma educação que privilegiasse a reflexão, a autonomia e o verdadeiro aprendizado foi o foco da nossa conversa.

O encontro foi iluminador. A troca de ideias, as reflexões sobre o papel da escola na formação das novas gerações, foram todas muito enriquecedoras. E foi após esse diálogo que o Guardião da Trilha nos fez um convite final: a missão de escrever sobre a escola dos nossos sonhos.

Logo, o professor pediu para que todos nós criássemos um texto, uma carta da escola que queremos. Com base nas reflexões do encontro, fomos desafiados a colocar em um pergaminho digital compartilhado nossas esperanças, nossos desejos para uma escola que fosse, de fato, um ambiente de aprendizado, respeito e crescimento das crianças.

A paralisação, que parecia um obstáculo, se tornou a chave para uma nova visão, para uma reflexão mais profunda sobre o tipo de escola que queremos e a importância de cada gesto de transformação.

E assim, com o coração cheio de novas perspectivas, nós, exploradores, seguimos em frente, conscientes de que o verdadeiro tesouro não está apenas no fim da trilha, mas em cada passo dado, em cada troca vivida e em cada ideia compartilhada.

Abaixo, apresento o texto que surgiu desse momento, um reflexo do que discutimos e do que acreditamos: 


Fortaleza, 23 de abril de 2025


Senhor prefeito, Evandro Leitão

Escrevo essa carta como estudante do último semestre do curso de pedagogia e como alguém apaixonado pela educação, pois reconheço sua importância na vida das pessoas, especialmente quando falamos da educação pública, que deve ser um direito garantido com qualidade. 


Gostaria de compartilhar meu desejo de uma escola que respeita verdadeiramente os direitos das crianças, uma escola que reconheça e valorize o tempo de cada uma, que escute seus interesses, suas curiosidades e necessidades e que compreenda as crianças como sujeitos ativos, competentes, potentes, capazes e curiosos. Capazes de compreender a infância como uma fase rica, potente e que necessita de afeto e cuidados.


A escola que queremos é mais do que uma estrutura, com salas, banheiros e o mínimo necessário, queremos exigir qualidade, uma ambiente planejado para acolher, materiais acessíveis e de qualidade, espaços que convidam as crianças a brincar, aprender, se  divertir, tudo ao mesmo tempo. A escola que queremos não se limita ao metro quadrado da sala de aula. Ela se expande, se abre para a quadra, para o pátio, ao jardim, a rua, se expande para o mundo. 


Essa escola também deve investir em professores qualificados, que buscam constantemente formação para oferecer o melhor aos alunos. Professores que têm tempo de planejar, refletir e se aprimorar e não ficam sobrecarregados com 40 horas semanais dentro da sala de aula. Precisamos de um modelo em que o professor possa trabalhar em um turno e ter tempo suficiente para preparar as atividades, planejar as práticas e cuidar de seu desenvolvimento profissional e também pessoal. Além disso, que haja mais de um profissional em cada sala de aula, garantindo uma atenção mais individualizada. E claro, que o professor receba o que é justo, um salário digno e condizente com o poder transformador de sua profissão. 


Queremos uma escola em que as crianças sejam vistas como protagonistas, em que o brincar seja essencial do aprender e que o currículo dialogue com a vida real, com cultura local e com sonhos. Uma escola que além de educar, inspire, que seja um lugar de construção de futuros e de transformação para todos. Uma escola que seja acima de tudo, um espaço para que as crianças se expressem, compartilhem suas ideias e sentimentos. Um lugar onde a diversidade seja respeitada e a educação além dos conteúdos formais, tornando uma ferramenta de transformação social, capaz de mudar realidades e abrir portas. 


Dessa maneira, finalizo dizendo que a escola que sonho acredita nas crianças, nos educadores e na potência da educação pública como caminho para um futuro mais justo, sensível e transformador. Que esse sonho possa se concretizar um dia. 


Com esperança,

Sadrak Alves.



GREVE, CARTAS, IMPREVISTOS E AULA REMOTA (Deusiane Milena de S. Martins)

Quarta seria nosso primeiro dia na escola, mas acabou não acontecendo por causa da greve. hoje é sexta feira, então minhas memórias de quarta foram se dissolvendo e eu fiquei com preguiça de escrever antes, então além de um relato, essa narrativa também é um exercício de memória.

Eu não estava ansiosa para ir à escola por vários motivos, mas o principal é que a escola é muito longe da minha casa. Mas eu moro quase chegando no Eusébio, então tudo é sempre muito longe. Outro incômodo pessoal é a aula ser à tarde; eu nunca tinha cursado nenhuma disciplina nesse horário e apesar de achar que a aula rende bastante, sempre me dá muita preguiça de sair no sol de meio dia torrando até a minha alma. 

No entanto, apesar de ter gostado dessa semana extra pra me preparar psicologicamente para a rota dos campeões, eu fiquei um pouco frustrada porque queria conhecer as crianças. Acho que nesses anos de formação, eu acabei tendo mais contato com crianças do que com adultos, então acabei nutrindo sentimentos muito bons e muitas expectativas por esses momentos com eles. Às vezes brinco com a minha irmã que nunca me senti tão amada como me sinto desde que comecei a trabalhar com crianças. 

A aula na escola acabou sendo substituída por uma aula online. Eu particularmente tenho muita dificuldade em focar em aula online, então sempre acaba virando só uma voz de fundo para alguma coisa que fico fazendo. Mas o professor acabou conseguindo o impossível: realizar uma aula remota que embora todo mundo tivesse com a câmera desligada teve muita participação, interação e sensibilidade. 

Nós participamos da greve mesmo sem ir de fato à greve. Em um dos momentos da nossa greve de Schrodinger nós escrevemos uma carta com o tema A Escola que Queremos, o que acabou desbloqueando memórias sobre a escola em que estudei. Apesar de sempre ter um ventilador quase caindo na cabeça de alguma criança e alguns professores terríveis, é uma parte da minha vida que eu guardo com muito carinho, então como um lugar significativo, acredito que as greves por melhorias são importantes, embora seja lamentável que haja tão pouco investimento na área da educação que é necessário frequentemente reafirmar a existência e as carências do ensino público.

Então de maneira geral, apesar do imprevisto ter me exposto a um formato de aula que eu não gosto, foi uma aula muito proveitosa. O professor gosta de perguntar como estamos nos sentindo, então, acredito que ao longo do dia experimentei muitas emoções, mas no fim da aula o que eu estava sentindo era esperança.

carta:

Fortaleza, 23 de Abril de 2025.

Prezado Evandro Leitão,
Venho, por meio desta, enfatizar sobre a escola que queremos. Fui estudante de Escola Pública ao longo de 12 anos e atualmente sou estudante de Universidade Pública; é triste saber que os mesmos problemas estruturais que enfrentei 10 anos atrás continuam reverberando no momento atual. 

Atualmente, estou em um programa de iniciação a docência que visa estabelecer o contato com as escolas públicas e o que tenho presenciado é uma estrutura precária, falta de material para as atividades pedagógicas, superlotação, salas quentes e professores desmotivados com a falta de valorização tanto pelo trabalho docente que realizam quanto pelo descaso com as crianças. 

Mas, assim como na época que cursei o ensino fundamental, também vejo a esperança e o vislumbre que as crianças e a comunidade escolar tem das coisas melhorarem. Portanto, a escola que queremos é uma escola onde você colocaria seus filhos para estudar; uma escola que tenha os meios para que uma criança possa se desenvolver integralmente, onde nossas crianças possam ter acesso a cultura, lazer e usufruir de uma educação digna que promova qualidade de ensino e espaço adequado para que daqui há 10 anos os problemas de hoje não continuem resistindo.

Atenciosamente,
Deusiane Milena de Sousa Martins.


O RETORNO DOS QUE NÃO FORAM (Loriene Ribeiro Silva)

Relato 1


     Vou logo lhes dizendo que o retorno a qual me refiro no título deste relato não diz respeito à "volta", como a que o carro ou alguém que saiu faz, mas sim à "resposta", "feedback",  "reação", até porque, como todos aqui sabem, nós não fomos. Não fomos para onde? Para a Escola Alba Frota. Quando? No dia 23 de abril de 2025. Para fazer o que? Dar início ao estágio no ensino fundamental. Enfim. Não fomos. Uma coisa que já tínhamos ouvido falar era que quase sempre surgem imprevistos, só não sabíamos que eles tinham tanta pressa em aparecer. 

     Pois bem, agora vou contar direito o que aconteceu e perdoem-me o início brusco deste relato. Bem, no dia anterior ao início do estágio, lá pelas 19 e tantas, deparo-me com um aviso de que no dia 23 não haveria aula devido a uma paralisação. Confesso aqui que li rapidamente, não prestei atenção no motivo, só me atentei ao fato de que não haveria aula e logo me preocupei com o início do estágio. Na manhã seguinte o professor confirmou: a Escola Alba Frota vai aderir à paralisação. Com essa informação eu pensei que nossa aula seria simplesmente cancelada ou que o professor passaria a leitura de algum texto, porém, ele veio com uma conversa de que teríamos aula online e que faríamos uma atividade relacionada a greve. "Atividade relacionada à greve? Isso existe?" - pensei. Na minha cabeça eu só poderia fazer algo do tipo se estivesse de em alguma manifestação, mas tudo bem. 

     A aula começou e logo fomos convidados a pensar em quais sentimentos aquela situação tinha gerado em nós, ou seja, damos nosso retorno em relação ao imprevisto e não só isso, mas também à greve, seus motivos, à luta por uma educação com "+ Freire, - Lemann" e etc. Sentimentos, retornos, reflexão. Tudo isso estava presente desde o começo da aula e culminou em cartas bem escritas e esperançosas sobre a escola que queremos. O processo foi melhor do que imaginei; me proporcionou reflexão e, mesmo que a realidade jogue areia em nossas expectativas, eu senti que preciso oferecer o melhor que tenho. Talvez eu não mude o sistema, mas se eu puder fazer a diferença na vida de alguma criança, vai valer a pena no final.


Segue a carta que escrevi:


Caro prefeito,



Venho por meio desta carta lhe dizer a escola que desejo para nossas crianças de Fortaleza. Já estou quase me formando em Pedagogia, mas para essa atividade não falo só como pedagoga, mas como uma estudante que sempre foi de escola pública. Primeiro, desejo que nossa escola seja bonita, que as paredes, as carteiras e os materiais sejam de qualidade, para que as crianças saibam que elas merecem bons materiais e que elas saibam que coisa bonita e bem cuidada não é só pra gente rica, mas para qualquer cidadão. Desejo que a merenda seja sempre de boa qualidade e suficiente para a fome de cada criança. Que seja um ambiente alegre, acolhedor e seguro. Desejo que as crianças sejam ouvidas, que elas desenvolvam sua autonomia e que tenham liberdade para se expressarem. Que a Educação faça sentido. Que as ciências, a matemática, as letras e o que mais tenha para ser aprendido não sejam coisas de outro mundo, mas que elas possam reconhecer a importância dos conhecimentos no seu próprio mundo e, assim, participar da construção do saber. Elas são capazes disso também. Desejo que os professores e demais funcionários sejam respeitados, que a carga horária não lhe tire o brilho nos olhos e que seus direitos sejam assegurados. Que as avaliações sejam para medir a aprendizagem e melhorar o que for preciso e não para rankear as escolas e pressionar estudantes e professores. No mais, desejo boas bibliotecas e salas de AEE bem equipadas. Que haja espaço para movimentos, brincadeiras e conforto. Que cada pessoa que chega à escola seja verdadeiramente acolhida e receba o respeito que todo ser humano é digno de receber. Pessoalmente aprendi que devo orar pelos governantes e, além de pedir aqui por uma melhora real, oro para que o senhor tenha sabedoria e faça o melhor pela nossa sociedade.


Com respeito e esperança,


Loriene Ribeiro. 

O PRIMEIRO DESENCONTRO NA ESCOLA (Gabriel Costa da Silva)

No dia marcado para o primeiro encontro na escola Alba Frota, confesso que acordei com um misto de (boa) ansiedade e expectativa. Estava preparado para conhecer o ambiente escolar, a equipe pedagógica, os alunos e começar a vivenciar mais uma vez a prática de tudo o que aprendemos na teoria.

No entanto, ao chegar mais perto da data, fomos informados de que haveria uma paralisação e, por isso, o encontro presencial na escola não ocorreria como previsto. Como um plano emergencial, tivemos um encontro on-line entre nossa turma mediado pelo nosso professor, a fim de discutirmos a respeito da paralisação e nossos sentimentos a respeito.

Neste mesmo encontro, foi realizada uma atividade individual, na qual escrevemos uma "carta" ao Prefeito de Fortaleza Evandro Leitão, expondo nossas visões sobre a "escola ideal". Através desta carta, pudemos refletir bastante sobre o que a gente valoriza na educação e como a enxergamos, e tivemos a oportunidade de exercer nossa voz como cidadãos, mostrando que temos sonhos, ideias e propostas.

Muitas das vezes, o que nós, estudantes e professores, sonhamos para a escola é completamente diferente do que se imagina vindo "superiores". Ao lermos em voz alta nossas próprias cartas, pude refletir se o modelo escolar que temos atualmente tem alguma salvação e imaginar o que poderia ser diferente e melhor. Apesar da frustração inicial, compreendi a importância dos movimentos coletivos e das lutas por melhores condições de trabalho e ensino, tanto para os professores quanto para os estudantes, principalmente através desta atividade que foi realizada.

Mesmo sem a presença física na escola, esse "primeiro dia" me fez refletir sobre a realidade do sistema educacional e os desafios enfrentados pelos profissionais da educação. Além disso, serviu como um momento para reorganizar minhas expectativas e me preparar ainda mais para os próximos encontros. Estou ansioso para, em breve, iniciar de fato o estágio e viver essa experiência transformadora.

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GABRIEL Costa Da Silva

Fortaleza, 23 de Abril de 2025.

Caro Senhor Prefeito Evandro Leitão,

Meu nome é Gabriel, estudante do curso de Pedagogia na Universidade Federal do Ceará, e escrevo esta carta com a "esperança freireana" de que chegará até você o sonho da escola que eu gostaria de ter estudado e da escola onde desejo ver meus futuros filhos frequentando.

Ao falarmos da escola que gostaríamos de frequentar ou ter frequentado, imagino uma escola viva, onde o processo de ensino e aprendizagem acontece com alegria, criando um ambiente no qual a criança goste e queira se fazer presente. Uma escola na qual a criatividade e individualidade de cada um seja tão valorizada quanto às áreas de conhecimento tradicionais como português e matemática. Idealizo, com bastante fervor, que o momento de brincar seja levado em forte consideração como parte do currículo, e não apenas uma "pausa" no processo.

Não existe a discussão de que escola imaginamos para nosso presente e futuro sem falarmos sobre a alimentação de nossas crianças. A escola que desejo para Fortaleza tem uma horta, na qual as crianças aprendem de onde vem os alimentos e como podemos fazer refeições mais saudáveis que nutrem o corpo e mente.

Imagino tal escola com salas que transbordam cores e afetos, com professores que participam do processo de coração aberto, pois sabem que poderão contar com o aparato e não estarão sozinhos ou desmotivados.

É com esperança que idealizo uma escola com espaços para arte, música, esporte e movimento fazerem parte do cotidiano escolar. Uma escola em que se ensina a ler o mundo antes mesmo de ler os livros.

Senhor Prefeito, entendo que os desafios são muitos, mas acredito no poder da educação para mudar realidades e formar cidadãos críticos e conscientes de sua situação social. Precisamos entender que a escola tem uma alma. Ela precisa respeitar a infância, valorizar as individualidades, escutar as nossas comunidades e plantar sementes de transformação, pois, assim, construímos um futuro mais justo, humanitário e mais belo.

Acredito, Senhor Prefeito, que esta não é apenas a minha escola dos sonhos, mas de muitas famílias que sonham com um amanhã melhor.

Com respeito e esperança,

Gabriel Costa.

O QUE ERA PRA SER O PRIMEIRO DIA (Renata Feitosa)

Eu acordei, nesse dia, com uma sensação de angústia. Tudo o que eu pensava era: "Eu não quero ir." Minha última experiência com a educação me deixou desmotivada, e por isso, toda essa ansiedade.
Quando eu estava saindo de casa, percebi uma ausência de movimentação estranha na escola ao lado e resolvi olhar o grupo para me certificar de que tudo estava certo. Foi então que vi a mensagem do professor informando que, por conta de uma paralisação, não haveria o primeiro dia na escola. A sensação foi de alívio.
Diante disso, o professor precisou contornar a situação, propondo uma aula on-line com a tarefa de escrevermos uma carta ao prefeito da cidade, apresentando a ideia da nossa escola ideal.
Escrever essa carta foi uma mistura de sentimentos. A princípio, parecia que eu estava apenas escrevendo um conto; em outro momento, me conectava com algo que, um dia, eu acreditei e me apaixonei, mas que, por ventura, me trouxe outra perspectiva por conta de uma experiência ruim.
Por fim, terminei a carta com uma pergunta na cabeça: Será que um dia eu verei a educação novamente com esses olhos? Encerro aqui esse relato bem intimista, mais escrito para mim do que para vocês, com a curiosidade e a esperança de que meu último relato traga visões diferentes.
Será que essa vivência será capaz de fazer vibrar algo que está parado em mim?

Carta: 

Fortaleza/CE, 23 de Abril de 2025.
Prezado Senhor Prefeito,
Escrevo esta carta com o intuito de compartilhar um desejo de escola pública ideal, alinhada com princípios que considero fundamentais para a formação de cidadãos conscientes, críticos e engajados com a realidade em que vivem. Com a finalidade de melhorar a qualidade de ensino da nossa cidade.
A escola ideal é aquela que valoriza a escuta, o diálogo e o respeito mútuo. Um espaço onde estudantes não são vistos como receptores passivos de conteúdo, mas como sujeitos ativos no processo de aprendizagem, com histórias, vivências e saberes que merecem ser reconhecidos e integrados ao cotidiano escolar. A escola é sinônimo de liberdade. 
A escola é sinônimo de liberdade, nesse ambiente o conhecimento não é imposto, mas construído coletivamente, com base em situações concretas da vida real. Os conteúdos escolares dialogam com a realidade local e com os desafios enfrentados pela comunidade, tornando a aprendizagem significativa e transformadora. Pois de que adianta transbordar conhecimento de realidade alheias a que eles vivem? O depósito de conhecimentos "aleatórios" é realmente uma boa educação?
A prática pedagógica é pautada pela troca, pelo questionamento e pela reflexão. O professor atua como mediador do saber, estimulando o pensamento crítico e incentivando a autonomia dos estudantes de forma que eles consigam se desenvolver integralmente.
Além disso, essa escola acolhe todas as diferenças. Promove a inclusão de forma efetiva, respeita as individualidades e se preocupa com o desenvolvimento integral dos alunos – intelectual, emocional, físico e social. E para isso é preciso ver nossas escolas de perto. Para além da formação de professores para termos profissionais melhores preparados para lidar com as individualidades, faz-se necessário que o ambiente seja adequado, ou seja, que disponha de toda acessibilidade e materiais necessários para proporcionar todas as experiências. 
Ademais, a participação das famílias e da comunidade deve ser valorizada e incentivada, pois é essencial a ligação entre família-escola. A escola deixa de ser um espaço isolado e se torna um centro de convivência, diálogo e construção coletiva. Um lugar de acolhimento e respeito, como dito anteriormente, escola é sinônimo de liberdade, tornar o lugar onde nossas crianças e adolescentes passam a maior parte do tempo em lugar prazeroso e seguro é fundamental para a efetivação de todos os ideais já postos.
Essa visão de educação pública não requer apenas reformas estruturais, mas uma mudança de postura e investimento contínuo em formação de profissionais, na escuta ativa das necessidades locais e na construção de políticas educacionais verdadeiramente democráticas. Por isso venho por meio desta carta destacar meu desejo como cidadã. Ouvir o que o povo tem a dizer é necessário para evoluir. Para além disso, ouvir o principal agente dessa "missão dada", os professores. Aqueles que respiram todo esse movimento transformador, aqueles que dão tudo de si para transformar o mundo e não são vistos, são silenciados e desvalorizados. É preciso abrir os olhos para aqueles que estão lá definindo junto a vocês o futuro de uma nação. 
Tenho plena convicção de que investir em uma educação humanizada e participativa é plantar as bases para um futuro mais justo, consciente e solidário. Conto com seu compromisso em tornar essa escola possível.
Agradeço pela atenção e coloco-me à disposição para dialogar e contribuir com ideias para fortalecer a educação em nosso município.
Com respeito e esperança,
Renata Feitosa Barbosa

quinta-feira, 24 de abril de 2025

UMA NÃO IDA À ESCOLA (Ana Letícya Santana)

Terça-feira, 22 de abril de 2025. 

No dia anterior ao nosso encontro de estágio, começaram os burburinhos no grupo sobre uma paralisação. E adivinhem o dia? SIMMMM, no dia do estágio! O que seria de nós?

Quarta-feira, 23 de abril de 2025

Para alguns, um dia comum. Para mim, um grande dia. Como de costume, acordei às 6 da manhã e já fui logo organizando uma grande mochila, pois tínhamos combinado nosso primeiro dia de estágio na escola. Então, preparei um look caprichado, minha marmita de guerra e um perfuminho básico pra disfarçar o fato de que não daria tempo de tomar banho. Eu estava tão ansiosa! No dia anterior, tinha encontrado o professor Eduardo nos corredores Facedianos e expressei essa ansiedade pelo início do estágio.

Às 7h25 da manhã, o professor confirmou: não teríamos como ir à escola naquele dia e nosso encontro seria online. Fiquei agoniada com a notícia. Já começou aquela quebra de expectativa… e ainda teria encontro virtual? Mas mantive o pouco equilíbrio que me restava depois de uma manhã de trabalho. Peguei meu ônibus, mas não com o destino que eu desejava, e sim com o destino possível. Cheguei na minha casinha, consegui descansar um pouco o corpo, depois de fazer o trajeto Cambeba/Bairro de Fátima com o sol rachando meu juízo (e a sola do sapato também).

Às 14h, iniciamos nosso encontro. E como sempre, o professor abriu perguntando o que estávamos sentindo. Eu: frustrada, porém aliviada por estar em casa e poder relaxar um pouco. Foi então que ele compartilhou que queria que participássemos da paralisação — e logo me veio à cabeça: "vou ter que me locomover de novo, com o sol na cabeça?". Mas não. O professor Eduardo, com toda a criatividade que carrega, nos fez participar de maneira acolhedora, com uma proposta que só alguém com um olhar bem atento conseguiria pensar.

Uma das ações da paralisação era que profissionais da educação, pais e alunos escrevessem cartas ao prefeito, dizendo qual escola cada um deseja ter. E aí veio o nosso desafio: escrever também a nossa carta. De início, achei desafiador. Mas bastou começar a escrever para que eu desabrochasse em palavras os desejos do meu mais profundo "eu": eu, criança de escola pública; eu, estudante de pedagogia; eu, professora. E nessa carta, todos os meus "eus" se expressaram com tanto sentimento que cheguei a ficar emocionada.

Foi uma escrita carregada de memórias, de lutas silenciosas, de sonhos guardados no peito há muito tempo. Enquanto escrevia, percebi o quanto desejo uma educação justa, viva e acolhedora. Uma escola onde ninguém seja invisível. Onde as crianças possam ser inteiras, os professores possam ser respeitados e os sonhos não precisem ser adiados.

Depois da atividade, li, reli, sonhei, imaginei, desejei — com toda a minha alma. Como uma criança que escreve para o Papai Noel esperando o presente de Natal, eu lia esperando que meus desejos se realizassem. Mas a vida adulta nem sempre é tão mágica assim…

Ainda assim, foi uma experiência de reflexão poderosa. Foi o tipo de aprendizado que não se escreve no quadro, mas que se sente no peito. Uma aula sem sala de aula, mas com conteúdo de sobra.

E assim foi um dia de não-estágio na escola… mas que me ensinou muito mais do que eu imaginava.


Carta:


Fortaleza, 23 de abril de 2025

Caro Prefeito Evandro,

Me chamo Ana Letícya e escrevo essa carta com o coração atravessado por muitas vivências, como aluna universitária em formação, como professora comprometida com a educação, e como aquela criança que fui por treze anos entre os muros de escolas públicas, sonhando com uma escola que fosse verdadeiramente sua. Hoje, venho, por meio desta carta, falar sobre a escola que queremos.

A escola que queremos não é apenas um espaço de permanência, mas de pertencimento. Um lugar onde as crianças não estejam apenas porque precisam, mas porque desejam estar. Desejamos escolas cujos muros abracem, não contenham. Que ofereçam estrutura segura, alimentação digna, espaços pensados para a infância e com a infância. Que as crianças encontrem ali não uma rotina rígida, mas liberdade para criar, experimentar, errar, crescer.

Queremos uma escola em que as paredes falem das crianças e com as crianças, não com quadros comprados em lojas, mas com obras produzidas por elas, com suas mãos, suas ideias, seus sentimentos. Que haja bibliotecas que não sejam fictícias, mas lugar real de encontros e leituras que formem sujeitos críticos e sonhadores. Desejamos uma escola em que nenhuma criança se sinta excluída, invisível ou silenciada. Em que a diversidade seja respeitada e celebrada. Em que as avaliações não sejam muros, mas pontes. Que os saberes sejam construídos em diálogo, e que nenhuma prova defina o que uma criança pode ou não ser.

E desejamos, com igual força, uma escola onde os professores e professoras sejam verdadeiramente valorizados. Que tenham condições reais de trabalho, tempo para o planejamento, acesso a materiais, formações continuadas, reconhecimento social e salarial. Que não carreguem a exaustão da rotina, mas a alegria da reinvenção diária do ensinar. Que possam reacender, em cada prática, o sentido da educação como ato de amor, coragem e esperança — como nos ensinou Paulo Freire.

Sonho  e sigo lutando por uma escola em que a utopia não seja uma palavra distante, mas um horizonte possível. Sonho por outras Letícyas meninas e meninos de escolas públicas que encontrem, nos espaços escolares, não a repetição de silenciamentos, mas o florescer das suas potências. Que sejam vistas, ouvidas, respeitadas, provocadas a pensar, a criar, a transformar.

Escrevo esta carta porque acredito. Porque aprendi com a educação que é possível semear esperança onde tantos veem abandono. Porque, como educadora, sei que transformar a escola é transformar a sociedade.

Com esperança e compromisso,

Ana Letícya Santana.


ENTRE PLANOS CANCELADOS E SURPRESAS AÉREAS: O DIA SEM ESTÁGIO QUE NINGUÉM ESPERAVA ( Emily Karoline Freire Gomes)

Na terça-feira, eu estava com minha dupla de estágio na FACED, tentando descobrir todos os caminhos possíveis para chegar até a Escola Alba Frota. No final da noite, recebemos uma mensagem falando sobre uma possível greve nacional dos professores. Fiquei apreensiva, mas continuei me preparando normalmente para o estágio.


Levei tudo o que precisava na mochila, que costumo chamar de "casa", já que carrego praticamente a vida inteira ali dentro. Já estava pronta para mais um dia de trabalho quando recebi a confirmação de que realmente não haveria estágio. Bateu uma frustração imediata.A verdade é que eu já vinha de um dia bem cansativo, cheio de atividades escolares que me deixaram sobrecarregada. E agora, com o cancelamento de última hora, parecia que o peso da semana só aumentava. Era mais uma coisa para somar à exaustão que eu já estava sentindo.


Como o estágio presencial na escola havia sido suspenso, foi marcada uma reunião online para discutirmos os motivos da greve. Como seria remota, precisei voltar para casa, meu refúgio mais estável quando o assunto é foco. Confesso que tenho dificuldade em me concentrar fora de um ambiente preparado para isso, então sabia que precisava de silêncio e estrutura.


Estava saindo do meu trabalho, a caminho de casa, quando, ainda antes de cruzar o portão da escola, fui surpreendida por uma reunião de emergência que caiu de paraquedas na minha agenda já toda remendada. Como se o trajeto cansativo não fosse o bastante, ali estava mais um peso para a mochila,que já andava simbólica demais, carregando não só meus materiais, mas também o acúmulo de dias intensos e imprevisíveis.


No caminho de volta, me peguei pensando: será que estou sendo testada? Às vezes, parecia mesmo que o dia queria medir meus limites. Tive alguns contratempos no trajeto, os ônibus atrasaram consideravelmente e, quando finalmente avistei o meu se aproximando, senti um breve alívio, achando que as coisas, enfim, começariam a se resolver.Foi nesse momento que fui surpreendida por um episódio inusitado: um pássaro, em pleno voo, deixou seus dejetos exatamente sobre mim. Diante da situação, só consegui rir de nervoso. Me perguntei se aquele dia ainda poderia piorar, mas preferi não dizer isso em voz alta… vai que o universo resolve aceitar o desafio.


Consegui me conectar à reunião, mas já estava com dificuldade de concentração, imagine tentar acompanhar tudo dentro de um ônibus em movimento? Ainda assim, fiz o possível para me manter atenta ao que estava sendo discutido: desde os relatos dos colegas até os motivos gerais da greve. Achei muito interessante a proposta do professor de escrevermos cartas ao prefeito, reivindicando a escola que queremos. Foi uma forma de nos expressarmos diretamente ao poder público, colocando no papel as necessidades reais do nosso ambiente de ensino.


Confesso que, no início, me senti um pouco perdida na escrita. Mas, já em casa e com um pouco mais de foco, consegui me organizar e deixar as ideias fluírem. Escrever sobre a "escola que eu queria" se tornou, aos poucos, uma forma de transformar frustração em reflexão. Mesmo não sendo fã do ensino online, essa aula acabou sendo uma experiência diferente e, apesar de todos os imprevistos do dia, conseguiu deixar algo positivo.


Após nossa discussão sobre a greve, ficou mais evidente para mim que muitos problemas do ensino público que vivenciei continuam a perpetuar até hoje. As dificuldades que os professores enfrentam, as deficiências estruturais nas escolas e a falta de valorização da educação são desafios que se arrastam ao longo do tempo, afetando não só a qualidade do ensino, mas também a vida dos estudantes e dos profissionais da educação.


O mais interessante dessa reflexão, no entanto, é perceber que a luta dos professores não é algo isolado ou pontual; ela é, na verdade, uma batalha contínua, que precisa ser travada não só por aqueles que já estão em sala de aula, mas também por nós, os futuros educadores. Como futura professora, percebo que essa luta será o que me sustentará ao longo da minha trajetória educacional. Afinal, a defesa pelos direitos das crianças e dos educadores vai além de questões políticas; trata-se de garantir uma educação mais justa e igualitária para todos.


O professor tem o papel de criar um ambiente de aprendizado que favoreça o desenvolvimento integral dos alunos. O professor deve ser um facilitador do processo educacional, estimulando o pensamento crítico e incentivando a participação ativa dos estudantes, por meio de metodologias que conectem o aprendizado à realidade de cada um.


Além disso, é fundamental valorizar a voz dos alunos, tornando-os participantes ativos no processo educacional e respeitando suas experiências e realidades. A escola, por sua vez, deve ser um espaço inclusivo e acolhedor, que favoreça o desenvolvimento dos estudantes como um todo. Para que isso aconteça, é necessário apoio institucional, infraestrutura adequada e políticas educacionais eficazes. Essa experiência reforça que a transformação na educação começa no cotidiano da sala de aula e na construção de uma escola que promova a inclusão, a cidadania e a equidade.

 

Segue a Minha carta logo abaixo!


Fortaleza, 23 de abril de 2025.

Caro Senhor Prefeito,

Sou aluna do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Ceará e venho, por meio desta carta, destacar a importância de valorizarmos uma educação pública de qualidade, voltada à formação de cidadãos críticos, conscientes e socialmente engajados. A "escola que queremos" vai muito além das promessas apresentadas em grandes propagandas. Ela precisa ser construída com diálogo, escuta e participação efetiva da comunidade escolar.

Se hoje eu pudesse imaginar a escola que eu gostaria de ter frequentado e que desejo para as futuras gerações seria uma escola viva, acolhedora, onde não apenas os alunos, mas também suas famílias e a comunidade em geral pudessem se sentir pertencentes e ouvidos.

Seria uma escola com recursos adequados para promover aulas criativas e interativas, com espaços seguros e confortáveis, onde as crianças tivessem liberdade para aprender com o corpo, com a mente e com o coração. Uma escola que fosse além do conteúdo curricular, e se mostrasse como uma verdadeira porta de entrada para múltiplas possibilidades de ser, pensar e transformar.

Hoje, como uma estudante em fase de conclusão do curso de Pedagogia, me coloco também no lugar de tantos professores e professoras que, diariamente, enfrentam desafios e seguem lutando por melhorias na educação pública. E nunca podemos esquecer que, no centro de tudo isso, está o principal sujeito da escola: o estudante. Toda decisão educacional precisa partir do compromisso com ele e com seu direito de aprender, de ser ouvido e de se desenvolver por inteiro.

No entanto, o que temos visto em muitas das nossas escolas é uma realidade que distancia esse ideal. Métodos repetitivos, a pressão por resultados em avaliações externas e uma cultura de competição entre escolas acabam esvaziando o verdadeiro sentido da educação. Obras que ficam pela metade, espaços escolares deteriorados e promessas não cumpridas comprometem não apenas o aprendizado das crianças, mas também o bem-estar de toda a comunidade escolar. Quando uma escola deixa de funcionar plenamente, todo o seu entorno sente o impacto. A escola precisa ser um espaço vivo, pulsante, e não apenas mais um número em um relatório.

Venho, portanto, por meio desta carta, pedir que Vossa Excelência volte seu olhar com atenção e compromisso para os pontos aqui levantados. Não adianta maquiar a realidade com propagandas que mostram apenas algumas escolas como vitrines de excelência, enquanto tantas outras seguem em situação de precariedade, com estruturas comprometidas e sem o devido retorno dos órgãos responsáveis. É preciso agir com justiça e transparência, garantindo que todas as escolas, sem exceção, recebam o cuidado e os investimentos necessários para que cumpram seu papel de formar cidadãos plenos. A educação de qualidade que tanto se divulga precisa, de fato, chegar a todos os cantos da nossa cidade, da propaganda à prática.

Conto com seu compromisso com a educação pública, democrática, inclusiva e transformadora que nossa Fortaleza merece.

Atenciosamente,

Emily Gomes.

A QUASE-IDA À ESCOLA (Hanna Caroline)

Queridos colegas e professor Eduardo,

Escolhi começar meu primeiro relato em formato de carta porque, sendo bem sincera com vocês, entre todos os modelos que o professor sugeriu, esse foi o que me deixou mais à vontade. É, honestamente, o formato com o qual me sinto menos insegura. Para quem ainda não me conhece (basicamente todos), preciso dizer que, quando se trata de me desafiar e experimentar coisas novas, sou bastante tímida e insegura. Mas prometo me esforçar, até porque esse será meu último estágio no curso de Pedagogia, e eu realmente espero encerrá-lo em grande estilo. Feita essa explicação, agora vou relatar a minha quase-ida à escola. Passei a semana inteira me preparando mentalmente para conhecer a nova escola, as crianças, e conseguir me apresentar a todos sem gaguejar. Assim como muitos de vocês, acredito, eu estava bastante ansiosa e nervosa com esse primeiro dia. No entanto, ele acabou sendo adiado por conta de uma luta extremamente válida dos professores. Num primeiro momento, confesso que me senti aliviada, pois ainda estava muito nervosa com o início das atividades. Ter mais uma semana para respirar e me preparar melhor pareceu um presente. Mas, agora, escrevendo esta carta, fico um pouco triste por não estar relatando como foi, de fato, meu primeiro dia na escola. Apesar disso, o dia em que não pudemos ir à escola foi, para mim, bastante proveitoso. Infelizmente, não consegui acompanhar a aula inteira por problemas com a internet, mas o pouco que consegui participar me encantou. Fiquei especialmente tocada ao ouvir as cartas que meus colegas escreveram para o prefeito Evandro. Com o professor Eduardo, eu me sinto bastante à vontade para ser sincera — e, sendo bem honesta, quando soube que a aula seria online, logo me veio à cabeça todas aquelas aulas remotas que participei durante a pandemia, que pareciam um tédio sem fim e nas quais eu mal conseguia me concentrar. Mas essa aula foi diferente. Apesar dos imprevistos que me impediram de estar presente o tempo todo, o momento em que consegui participar foi especial. Ouvir meus colegas lendo suas cartas foi simplesmente lindo. Eu amei.

Um beijo,
Hanna Caroline

Prefeito Evandro,

Me chamo Hanna Caroline, sou estudante de Pedagogia e estou atualmente iniciando meu último estágio no curso. Escrevo esta carta com o coração cheio de sonhos, expectativas e, principalmente, com um profundo desejo de transformação. Ao longo de toda a minha vida, estudei em escolas públicas. Foram nesses espaços que vivi grande parte da minha formação — como aluna, como pessoa e, agora, como futura professora.Sempre acreditei na educação como um caminho real de mudança, e é por isso que, ao me formar, quero continuar nas escolas públicas, contribuindo com o que puder para que elas sejam cada vez mais humanas, acolhedoras e de qualidade. Quero estar ao lado de crianças e adolescentes, ajudando-os a sonhar, assim como um dia sonharam comigo.No entanto, é impossível falar de sonhos sem falar de realidade. E a realidade das escolas públicas, como o senhor bem sabe, ainda exige muito da gestão pública. É por isso que escrevo: para pedir, com todo o respeito e esperança, por escolas mais dignas — tanto para os alunos quanto para os profissionais da educação. Escolas com estrutura adequada, com materiais pedagógicos, com espaços seguros e inspiradores. Escolas em que professores possam exercer seu trabalho com reconhecimento e condições reais de ensino. E escolas em que os estudantes possam se ver como sujeitos potentes, capazes de conquistar o mundo.Como futura professora da rede pública, meu desejo é que cada criança que eu venha a acolher em sala de aula possa sentir orgulho da escola em que está. Sei que isso depende de muitos fatores, mas também sei que depende de decisões políticas, de prioridades, de investimento e de escuta.Acredito no poder do diálogo e da educação como base de uma sociedade mais justa. Por isso, agradeço desde já por dedicar um tempo à leitura desta carta e por considerar o olhar de quem vive, aprende e quer seguir contribuindo com a escola pública.

Com respeito e esperança,
Hanna Caroline