Como toda paixão, a relação com a licenciatura foi de amor e decepções.
A primeira disciplina pedagógica que fiz foi Psicologia da Educação I. O professor criticava o estímulo-resposta-reforço do behaviorismo e defendia o construtivismo. Só por curiosidade, falei:
— Professor, e se eu fizer um trabalho excelente defendendo o behaviorismo, o senhor me dá um 10?
— Não!
No dia da prova escrita, para eu não ficar curioso a respeito das respostas de algum colega, ou vice-versa, o professor mandou eu me sentar numa carteira quase encostada no quadro verde. Bem construtivista!
Aprendi rapidinho a primeira lição da Psicologia da Pedagogia: uma coisa é o falatório, outra é a prática.
Para não jogar fora as belas teorias junto com a água suja do ensino, assumi como missão pedagógica de minha vida como professor transformar o blá-blá-blá em didática.
"No momento em que descubro a incoerência entre o que digo e o que faço – discurso progressista, prática autoritária – [...] apreendo a ambiguidade em que me acho, sinto não poder continuar assim e busco uma saída. Desta forma, uma nova opção se impõe a mim. Ou mudo o discurso progressista por um discurso coerente com a minha prática reacionária ou mudo minha prática por uma democrática, adequando-a ao discurso progressista."
Assim como Paulo Freire, sigo pelejando por essa trabalhosa coerência.
Num próximo didaticário, contarei como foi a decepção em Psicologia da Educação II.
"uma psicologia sem mundo, sem homens" disse Paulo Freire.
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