quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Plano A

Ter um Plano B é quase uma obrigação para um professor que entra em sala de aula.

Nessa pandemia, descobrimos que milhões de brasileiros não têm sequer um Plano A, que dirá um Plano B. Pessoas que não podem ficar em casa porque não têm casa e que não fazem isolamento social porque precisam pegar ônibus lotado para trabalhar.

Muito professor, já antes da pandemia, não tinha Plano B. Precisava se submeter a duplas e triplas jornadas para ganhar um pouco mais do que o pequeno salário. Não tinha tempo para se dedicar a atividades que nos fazem humanos: parar, ouvir música, ler, ver um filme, fazer um curso por vontade própria, viajar...

Tempo, espaço e sustento são necessidades básicas de qualquer ser humano. O professor, sujeito da educação, que é um processo humanizador, precisa se sentir humano para ser realmente um professor.

Como essas condições não serão mudadas pelo sistema que as produziu, é preciso que nós, professores, lutemos não apenas pelo nosso sustento, mas também por nosso espaço e nosso tempo. Somos muito preocupados com nossos alunos, sacrificamos muito por eles. Precisamos fazer algo também por nós mesmos, não apenas individualmente, mas como profissão ou, simplesmente, como raça humana.

6 comentários:

  1. Eu acredito, professor Eduardo, que é preciso mostrar para a sociedade como ela seria se não existisse quem ensinasse, e ensinar é, além e acima de tudo, oferecer uma oportunidade sob a forma de um caminho, longo é certo, a ser trilhado por todos que buscam uma bússola a apontar sempre para o N, mas a oferecer possibilidades em diversas direções. Adelante!

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    1. Boa, Wagner! A questão é: como mostrar isso?

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    2. Você sabe a resposta pois já faz isso. Nos dá possibilidades e mostra caminhos a seguir. Nos mostra um norte. És um professor visionário à frente do seu tempo! Então já sabes a resposta. Continue nessa trilha do descobrimento pedagógico.

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  2. Talvez, como você quando evoca Luiza, não atrapalhando. Talvez oferecendo um espelho que mostre a cada qual o que se é. Talvez apontando pro céu com seus norte, sul, leste, oeste e alento.
    Como diz a música:
    "(...) Quem me dera simplesmente estar e olhar as estrelas
    Sem pensar nas cruzes ou nas bandeiras
    Quem dera as luzes da Via Láctea iluminassem as cabeças
    E acendesse um sol em cada pessoa
    Que aquecesse o sonho e secasse a mágoa
    Esta terra é boa, esse povo agita
    Não é à toa que a gente voa, que a gente canta e acredita..."

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