Certos acontecimentos são tão definidores do nosso destino que me pergunto o que seria da vida se não tivessem acontecido. Eu seria uma pessoa completamente diferente? Ou o destino daria um jeito de acontecer de outra forma?
Quando eu tinha 15 anos, minha mãe me convenceu a fazer um encontro de jovens. Eu havia feito a primeira comunhão há alguns anos, e não frequentava a igreja. Era um adolescente estudioso e tímido, cujo contato social se restringia aos meus primos.
Em um único final de semana, tudo mudou.
Na manhã do dia 24 de agosto de 1986, eu senti o amor de Deus. E em poucos meses, eu estaria conduzindo encontros bíblicos em visitas semanais a uma favela. Eu cantaria num grupo vocal e daria aulas de violão. Eu teria minhas primeiras namoradas. E começaria a dar aulas particulares de Matemática. O encontro que fiz se chamava Nova Vida e, seis meses depois, num encontro chamado Recomeçar, eu já seria um dirigente, responsável por iniciar um pequeno grupo de jovens.
Meu engajamento na igreja católica durou três anos. O gosto por grupos permanece até hoje. Sempre percebo meus alunos como uma comunidade e procuro desenvolver neles o espírito de colaboração e de bem querer. Os momentos que mais me dão alegria como professor são aqueles de interação entre os estudantes.
Quando um pergunta o nome de outro, sinto um arrepio de felicidade. Porque ali pode começar um novo relacionamento. Quando todos riem durante um jogo cooperativo, fico encantado. Porque ali está uma amostra do que pode ser a paz na Terra. A minha medida de sucesso, ao final de um semestre, é o sentimento de amor que percebo entre as pessoas.
Em sala de aula, são muito concretos os quatro amores de que fala Jesus Cristo: o amor a Deus, o amor a si mesmo, o amor ao próximo desconhecido e o amor ao aparente inimigo. No fundo e no fim, é tudo o mesmo amor. Aquele-este amor de que tenho lampejos desde 1986.
"Eu atinjo Deus naqueles que eu amo, à medida que eles e eu nos espiritualizamos cada vez mais." (Teilhard de Chardin, "O meio divino")
É Eduardo! Às vezes esquecemos desses amores ágape. Tive uma trajetória espiritual bem parecida com a sua e pude experimentar desse amor apesar de achar que ele ainda reside em mim, mas só que de forma mais racionalizada. É preciso sempre fazer uma volta às nossas raízes espirituais.
ResponderExcluirVoltando e seguindo, Sol, como numa espiral. :)
ExcluirE a cada história, a cada dia, meu amor por você (que é o mesmo amor) cresce...
ResponderExcluir<3
Excluir}{