segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Fala, escrita, fala

Você já começou a procurar por uma coisa e acabou encontrando outra que estava ainda mais escondida?

Em 2020.1, criei o podcast Vozes da Didática, em que eu falava, cantava e recebia algunis convidadis. Após os primeiros episódios, percebi que meu grande barato não era produzir os áudios, e sim escrever os textos. Mas esperei até o final do semestre para encerrar o projeto.

Em 2020.2, decidi ficar só com o que era mais prazeroso: escrever. E iniciei este diário didático. Acordo e já começo. De manhã cedinho, com a cidade ainda espreguiçando e meus pensamentos envoltos em sonhos, me sinto mais livre para escrever. 

A primeira parte da escrita, transformar as ideias em frases, é mais fluida. As palavras são todas bem-vindas, e eu não fico na porta perguntando identidade e CPF de cada uma. Deixo todo mundo entrar na festa.

Na segunda parte, mais crítica, preciso mandar pra fora quem está atrapalhando, por mais bonitinha que seja a palavra. Uma forma de identificar quem está perturbando é ler o texto em voz alta. Várias vezes. Palavras ou frases que obstruem a leitura precisam sem mudadas de lugar ou, na maioria das vezes, simplesmente expulsas.

Leitura após leitura, e são muitas, o que era difícil de falar vai ganhando ritmo, musicalidade. As últimas leituras são menos para corrigir alguma coisa e mais para usufruir da sonoridade das palavras.

Mas aí me deu vontade, vejam só, de gravar a leitura do texto final. Não mais como episódios de um podcast, mas simplesmente como um registro do som que essa festa de palavras toca em mim.

Buscando a fala, achei a escrita. E, dentro da escrita, a fala.

 

Vocês pode ouvir este diário aqui. E pode ouvir alguns dos diários anteriores, bem como os diários seguintes, aqui. Coloquei um link permanente do lado direito desta página.

5 comentários:

  1. Querido didaticário,
    ouvirei seus ditos quando estiver no trabalho, aí "mato dois coelhos com uma caixa d'água só"
    Continue pedindo ID e CPF de todas as palavras.
    As certinhas ficam contigo, as penetras expulsas e ilegais vêm pra minha festa

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  2. MARIA DO SOCORRO OLIVEIRA DA SILVAquarta-feira, 16 dezembro, 2020

    Que legal, Eduardo! Aplaudo as pessoas que se mantém firmes e determinadas suas decisões. Não precisava, mas obrigada por nós justificar o motivo da sua decisão.

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  3. Umas das grandes verdades,
    Parando para refletir, e perceber que as vezes estão sempre buscando palavras , falas bonitas e não nós permitimos desfrutar de todas as falas e palavras. Acredito que podemos usar todas para nós mesmo , assim podemos escolher e ver qual delas irá se encaixar melhor dentro do contexto que estamos tentando criar ...
    O ato de usar e experimentar é livre !
    É processo único, no qual você estará lapidando sua criação.
    Sem privar o novo ou o desconhecido.

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  4. Que possamos ser livres em nossas criações, John Carlos. :)

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