Você tem fixação por palavras? Não é preferência, é fixação mesmo. Você tem?
Sempre me assusto quando vejo alguém brigando por palavras.
— Olha, isso aí que você disse, não é assim que a gente diz por aqui.
— Não posso dizer "caçarolinha de assar leitão"?
— De jeito nenhum! Melhor falar "Carolina de Sá Leitão". Não lhe parece mais preciso, mais nobre, mais científico?
Em ciências e até na educação, as palavras cada vez mais são reduzidas a conceitos, obrigadas a sempre dizer alguma coisa muito específica. Até a palavra conceito foi reduzida. Ou alguém aí, além do Houaiss, lembra que conceito também quer dizer espírito, compreensão, ponto de vista, ditado, moral, reputação?
Pobre palavra conceito, reduzida a significar uma formulação abstrata da realidade. Pobres palavras fixadas em conceitos e usadas como instrumento de redução da diversidade, da criatividade, da invenção.
Precisamos recuperar, feito Manoel de Barros, os deslimites das palavras. Aproximar as palavras do ouvido, feito conchas, e escutar o que elas querem dizer. Ouvir alguém falar o errado, o duvidoso, o inadequado, e se maravilhar com a dança de sentidos das palavras.
Nas salas de aula, nos artigos acadêmicos, nas bancas de TCC. Que cada palavra se livre das correntes que lhes fixamos aos pés, e rodopie lindamente.
Verdade viu? É por isso que quando não sei a palavra certa, eu digo: "você sabe neh o que eu estou querendo dizer". As vezes quero dizer algo e acabo dizendo outra coisa e a culpa é apenas de uma palavrinha condicionada a um significado, nomeclatura, origem da palavra e por aí vai. Vi muito isso em um programa:Soletrando que passava numa rede de TV: origem da palavra, epistemologia ... Gente é muito complicado mergulhar nesse universo das palavras.
ResponderExcluirMergulhar nas palavras é entrar em águas profundas, Sol. :)
ExcluirQuerido didaticário, Fato!
ResponderExcluirPovo doido por palavras e conceitos. Melhor deixar livre p viver
Tenho até uma parada sobre três palavras: Acaso, coincidência e destino. depois te mando.
Livre para viver. Gostei do lema, Katia. :)
ResponderExcluirAcho que nem tanto ao mar e nem ao continente. Palavras possuem sentidos que transformam-se ao longo da história porque a língua é viva em uma perspectiva orgânica mesmo. Ora, pedras não discutem etimologia gramatical. Contudo, o movimento de resinificação subjetiva tem que ter o mínimo de convenção social, do contrário a língua torna-se para si e não em si uma língua de comunicação social. Não me refiro aqui a estupidez de quem usa do preconceito linguístico como desculpa para ser um(a) babaca, mas de uma introspeção subjetiva que faz das palavras o mesmo que Humpty Dumpty, em Alice Através do Espelho, um solipsismo linguístico.
ResponderExcluirÉ isso mesmo, Beto. Equilíbrio sempre!
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