Quando me proponho a escrever com regularidade, as ideias ficam alvoraçadas, se agitam na minha mente:
— Me escreve logo!
— Você me pensou primeiro!
— Se não me escrever agora, depois o tema vai esfriar, hein!
É um caos. Um caos de que eu gosto, diga-se a verdade. Eu sou da paz e da tranquilidade, mas adoro essa agitação das ideias. Geralmente termina eu fazendo uma lista, como se distribuísse senhas. Ontem, depois de ter organizado a fila de ideias, já estava decidido o que eu escreveria hoje. Mas no final da noite apareceu uma ideia grávida de prioridade e passou na frente.
Dia desses, conversando com um amigo querido de Brasília, ele comentou que suas facilitadoras de Biodança continuavam trabalhando por meio de videoconferências. Fiquei curioso. Porque nas minhas aulas presenciais, eu costumo fazer vivências biocêntricas, envolvendo música e dança, mas não dei continuidade com a pandemia e as aulas remotas. As pesquisas indicavam que is estudantis usavam majoritariamente o WhatsApp, e não consegui traduzir as vivências biocêntricas para esse contexto.
Meu amigo me convidou para participar de um encontro. Fui no de ontem à noite. Começou de maneira fria, com uma apresentação de slides que, felizmente, foi curta. Depois começou a esquentar com uma conversa em pequenos grupos a respeito do arquétipo do Guerreiro-Amante. Comecei a sentir a aproximação afetiva típica das vivências biocêntricas.
Em seguida, o momento que eu estava esperando: consignas e músicas para se dançar de acordo com a consigna. Evitei comparar com os encontros presenciais e entrei no clima. Havia beleza em dançar e ver as outras pessoas flutuando em janelinhas.
O momento de que mais gostei foi o da troca de olhares. Presencialmente, isso acontece em roda, com todos abraçados pela cintura. Ou então dançando livremente pela sala e parando de vez em quando para um olho no olho. Ontem, as facilitadoras fixaram as pessoas na tela, uma por uma, por alguns segundos, e todos olhávamos para aquela pessoa enquanto dançávamos. Perfeito! A tecnologia usada para traduzir, transcriar uma experiência de profundo contato humano.
Quando fechei o computador, com o coração pleno de gratidão, demorei a dormir. O corpo incendiado de energia. A mente seduzida pela voz de uma ideia:
— Eu sei que você já distribuiu senhas, fez uma lista, organizou a fila, mas pensa em mim com carinho para o diário de amanhã.
No planejamento para este semestre, diminuí bastante as atividades síncronas e organizei um trabalho com projetos. Mas a noite de ontem me engravidou com o desejo de fazer pelo menos uma vivência biocêntrica nos próximos meses. Eu e mis alunis merecemos.
Que maravilha! Eu quero participar dessa vivência biocêntrica!
ResponderExcluirCom certeza! :)
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirRenovi pq faltou uma coisa:
ResponderExcluirQuerido didaticário,
Marrapaiz... aí eu já não me vejo, mas posso "jogar as mãozinhas pra cima e bater na palma da mão: tchá,tchá,tchá.."
Palmas pra que te quero! :)
ExcluirQue lindo! Já quero uma dessas vivências :)
ResponderExcluirEntão vamos providenciar, Letícia. :)
ExcluirAo ler esse texto pude visualizar a beleza que foi essa vivência biocêntrica. Caro didaticário, comecei a acompanhar esse diário blog agora a pouco e estou encantada com esses textos tão expressivos.
ResponderExcluirGrato, Bárbara. Espero que em breve também tenhamos textos da expressividade de vocês.
ExcluirAi que maravilha! Ansiosa por algo que me motive a entrar no meet, whtsapp ou na internet. Saturada de tanta frieza e falta de humanidade nos nossos contatos virtuais. è só um monte de bolinhas indiferentes onde até parece que do outro lado tem uma máquina e não um ser humano que se importa. Desculpa não saber tradudiz meus sentimentos com relação ao ensino remoto. Se tornou pior que o tradicional presencial.
ResponderExcluirÉ, tem sido difícil para todos nós. Mas aos pouquinhos vamos humanizando a máquina. :)
Excluir